Ganho na ancoragem de expectativas foi surpresa boa, diz BC
O Banco Central saudou a progressiva ancoragem das expectativas de inflação pelo mercado, mas ressaltou que ela ainda é incipiente
Da Redação
Publicado em 20 de julho de 2015 às 20h32.
São Paulo - O Banco Central saudou nesta segunda-feira a progressiva ancoragem das expectativas de inflação pelo mercado, mas ressaltou que ela ainda é incipiente, sendo que um alívio para a política monetária só deve ser considerado quando houver a perspectiva da inflação seguir na meta a despeito de um corte nos juros.
Ao participar de evento da CM Capital Markets em São Paulo, o diretor de Assuntos Internacionais do BC, Tony Volpon, afirmou que atingir a meta de inflação de 4,5 por cento ao final de 2016 é factível e desejável e que o sucesso dessa abordagem já encontra reflexo na redução de expectativas para o comportamento dos preços.
Respondendo a perguntas de investidores ele destacou, por outro lado, que "ninguém está cantando vitória" e que "o jogo não está ganho".
Nesta segunda, economistas de instituições financeiras consultados no Boletim Focus reduziram pela terceira semana seguida suas expectativas para a inflação do ano que vem, a 5,40 por cento, apesar de terem elevado suas perspectivas para a alta de preços em 2015, apontando convergência para um processo de desinflação buscado com afinco pelo BC.
Diante do movimento, classificado por Volpon como uma "surpresa boa" e indicativo da credibilidade do BC, as taxas dos contratos de juros futuros fecharam em queda, com investidores aumentando suas apostas de que a autoridade diminuirá o ritmo de elevação na Selic após notícias na mídia indicando que o governo estaria satisfeito com a queda das expectativas.
A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) acontece na próxima semana, sendo que, no Focus, a projeção ainda é de novo aumento de 0,5 ponto percentual na Selic, para 14,25 por cento ao ano. Se confirmada, essa será a sexta elevação consecutiva desta ordem, em meio a esforços do BC para combater a persistente inflação.
Segundo Volpon, o BC não deve começar a pensar em qualquer acomodação da política monetária enquanto a expectativa para a meta não for alcançada e houver "alta confiabilidade" de que a inflação seguirá neste patamar mesmo depois de um corte nos juros. "Uma coisa é colocar as inflação na meta quando o juro está alto.
Outra coisa é ter inflação na meta quando o juro cai. Para a gente maximizar a probabilidade que isso ocorra, a condição necessária é que as expectativas estejam muito bem ancoradas. Como eu disse, já tivemos ganho importante em termos de ancoragem das expectativas, mas ele é muito incipiente", disse Volpon.
"A gente quer que essa queda de juros, quando ela ocorrer, seja uma coisa que ajude a atividade econômica sem prejudicar a inflação", completou.
CRENÇA REFORÇADA
A autoridade monetária vem repetindo em diversas ocasiões que tem como alvo a inflação em 4,5 por cento ao fim de 2016, reconhecendo que, neste ano, ela invariavelmente sofrerá os efeitos dos reajustes de preços na economia. Nos 12 meses encerrados em junho, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) bateu em 8,89 por cento, bem acima do teto da meta de 6,5 por cento.
Durante apresentação em São Paulo, Volpon chamou atenção para o aumento da taxa de desemprego em um ambiente de retração econômica, o que deve exercer alívio sobre o IPCA.
Para o diretor do BC, a combinação deve "gerar um processo de forte desinflação da economia, algo que deve ficar evidente ao longo de 2016".
Volpon também reafirmou otimismo com a dinâmica da inflação no ano que vem com base no enfraquecimento do impacto advindo dos choques cambial e de preços administrados, enquanto as respostas de política econômica a esses choques tendem a ganhar poder ao longo do tempo.
"Os fatores que têm impactado a inflação, derivados dos recentes choques de preços relativos, têm sua maior expressão neste ano de 2015. Diferentemente, as respostas da política econômica devem se manifestar com maior potência em 2016", disse o diretor do BC, em referência aos ajustes no fronte fiscal e monetário.
"As diferenças de temporalidade destes efeitos sugerem que a 'correlação de forças' entre esses choques se tornará desinflacionária a partir de 2016", acrescentou.
São Paulo - O Banco Central saudou nesta segunda-feira a progressiva ancoragem das expectativas de inflação pelo mercado, mas ressaltou que ela ainda é incipiente, sendo que um alívio para a política monetária só deve ser considerado quando houver a perspectiva da inflação seguir na meta a despeito de um corte nos juros.
Ao participar de evento da CM Capital Markets em São Paulo, o diretor de Assuntos Internacionais do BC, Tony Volpon, afirmou que atingir a meta de inflação de 4,5 por cento ao final de 2016 é factível e desejável e que o sucesso dessa abordagem já encontra reflexo na redução de expectativas para o comportamento dos preços.
Respondendo a perguntas de investidores ele destacou, por outro lado, que "ninguém está cantando vitória" e que "o jogo não está ganho".
Nesta segunda, economistas de instituições financeiras consultados no Boletim Focus reduziram pela terceira semana seguida suas expectativas para a inflação do ano que vem, a 5,40 por cento, apesar de terem elevado suas perspectivas para a alta de preços em 2015, apontando convergência para um processo de desinflação buscado com afinco pelo BC.
Diante do movimento, classificado por Volpon como uma "surpresa boa" e indicativo da credibilidade do BC, as taxas dos contratos de juros futuros fecharam em queda, com investidores aumentando suas apostas de que a autoridade diminuirá o ritmo de elevação na Selic após notícias na mídia indicando que o governo estaria satisfeito com a queda das expectativas.
A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) acontece na próxima semana, sendo que, no Focus, a projeção ainda é de novo aumento de 0,5 ponto percentual na Selic, para 14,25 por cento ao ano. Se confirmada, essa será a sexta elevação consecutiva desta ordem, em meio a esforços do BC para combater a persistente inflação.
Segundo Volpon, o BC não deve começar a pensar em qualquer acomodação da política monetária enquanto a expectativa para a meta não for alcançada e houver "alta confiabilidade" de que a inflação seguirá neste patamar mesmo depois de um corte nos juros. "Uma coisa é colocar as inflação na meta quando o juro está alto.
Outra coisa é ter inflação na meta quando o juro cai. Para a gente maximizar a probabilidade que isso ocorra, a condição necessária é que as expectativas estejam muito bem ancoradas. Como eu disse, já tivemos ganho importante em termos de ancoragem das expectativas, mas ele é muito incipiente", disse Volpon.
"A gente quer que essa queda de juros, quando ela ocorrer, seja uma coisa que ajude a atividade econômica sem prejudicar a inflação", completou.
CRENÇA REFORÇADA
A autoridade monetária vem repetindo em diversas ocasiões que tem como alvo a inflação em 4,5 por cento ao fim de 2016, reconhecendo que, neste ano, ela invariavelmente sofrerá os efeitos dos reajustes de preços na economia. Nos 12 meses encerrados em junho, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) bateu em 8,89 por cento, bem acima do teto da meta de 6,5 por cento.
Durante apresentação em São Paulo, Volpon chamou atenção para o aumento da taxa de desemprego em um ambiente de retração econômica, o que deve exercer alívio sobre o IPCA.
Para o diretor do BC, a combinação deve "gerar um processo de forte desinflação da economia, algo que deve ficar evidente ao longo de 2016".
Volpon também reafirmou otimismo com a dinâmica da inflação no ano que vem com base no enfraquecimento do impacto advindo dos choques cambial e de preços administrados, enquanto as respostas de política econômica a esses choques tendem a ganhar poder ao longo do tempo.
"Os fatores que têm impactado a inflação, derivados dos recentes choques de preços relativos, têm sua maior expressão neste ano de 2015. Diferentemente, as respostas da política econômica devem se manifestar com maior potência em 2016", disse o diretor do BC, em referência aos ajustes no fronte fiscal e monetário.
"As diferenças de temporalidade destes efeitos sugerem que a 'correlação de forças' entre esses choques se tornará desinflacionária a partir de 2016", acrescentou.