G20: o excesso de capacidade de produção se deve, em grande parte, à atividade de empresas estatais alimentadas com subsídios públicos (Reuters)
Da Redação
Publicado em 5 de setembro de 2016 às 17h47.
Hangzhou - O G20 aceitou nesta segunda-feira em sua cúpula a criação de um mecanismo de informação sobre a indústria e o mercado de produtos siderúrgicos a fim de detalhar o excesso de capacidade do setor e os subsídios oficiais, que já são "um assunto global" que requer "respostas coletivas".
Esta ideia, defendida pela União Europeia e apoiada pelos Estados Unidos, se dirige especialmente (embora sem mencioná-la) à gigantesca indústria siderúrgica chinesa, em pleno processo de reestruturação.
A declaração final estipulada pelos líderes considera que o excesso de produção, especialmente no setor do aço, tem um impacto negativo no comércio e que os subsídios públicos geram distorções no mercado.
Por isso, planejou-se a criação de um mecanismo de acompanhamento destes fatores no marco da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), que deve divulgar um primeiro relatório em 2017.
A China é, com ampla margem, a maior produtora mundial de aço, mas está imersa em processo de corte de sua capacidade de produção de 100 a 150 milhões de toneladas anuais.
O excesso de capacidade de produção se deve, em grande parte, à atividade de empresas estatais alimentadas com subsídios públicos.
O presidente da China, Xi Jinping, afirmou no último sábado, em reunião de empresários em Hangzhou, que seu governo está disposto a realizar reformas "dolorosas" e a levá-las "até o final" para solucionar os problemas de sua economia.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, explicou hoje em entrevista coletiva que em sua reunião bilateral com Xi os dois concordaram sobre a necessidade de "fazer progressos" neste assunto, o que além disso coincide com os planos do líder chinês de "reorientar sua economia" para um modelo mais moderno.
Este acordo do G20 foi "uma validação" de que o excesso de capacidade não é só produto das forças do mercado, mas também de "decisões políticas concretas que distorcem um mercado que funcionava bem e que devem ser solucionadas", acrescentou Obama.
"Decidimos trabalhar juntos para abordar as causas do excesso de produção, inclusive no setor do aço", declarou hoje por sua vez a primeira-ministra britânica, Theresa May, para quem esta ação é "fundamental para apoiar o livre-comércio e a abertura das economias".