França admite suspender taxas sobre combustíveis se preço subir demais
Aumentos de impostos entram em vigor no começo de 2019; anúncio tentar acalmar os protestos dos chamados "coletes amarelos"
EFE
Publicado em 28 de novembro de 2018 às 12h05.
Última atualização em 28 de novembro de 2018 às 13h29.
Paris - O governo da França suspenderá o aumento dos impostos sobre os combustíveis programado para entrar em vigor a partir de 1º de janeiro se o preço do barril de petróleo disparar, uma medida para tentar acalmar os protestos dos chamados "coletes amarelos", que há duas semanas realizam bloqueios de estradas e manifestações.
O primeiro-ministro Édouard Philippe, que deu nesta quarta-feira alguns detalhes deste mecanismo em entrevista transmitida pela emissora "BFMTV", se mostrou disposto, "se houver uma delegação representativa", a receber os "coletes amarelos", pois "há muitas coisas legítimas" em suas reivindicações.
O ministro da Transição Ecológica, François de Rugy, se reuniu ontem por duas horas com dois porta-vozes dos "coletes amarelos", que ao término do encontro reiteraram sua vontade de continuar com os protestos, pois não perceberam no governo "uma vontade para mudar as coisas".
Philippe insistiu que, como disse ontem o presidente Emmanuel Macron, está mantido o aumento previsto para janeiro das taxas sobre os combustíveis (6,5 centavos por litro de gasóleo, 2,9 centavos para a gasolina), para desestimular o uso de combustíveis fósseis e para equiparar a taxação da gasolina e do diesel.
Por outro lado, o primeiro-ministro especificou que a cada trimestre será feita uma avaliação da evolução do preço do barril de petróleo nos mercados internacionais e, caso haja altas consideráveis, então seria possível deixar de aplicar temporariamente o aumento de impostos.
Além da questão dos combustíveis, que está no centro das reivindicações dos "coletes amarelos", o primeiro-ministro disse que compartilha "a impaciência" que percebe na população para reduzir os impostos, mas, em seguida, especificou que isso não pode ser feito "a um ritmo irracional".
A razão é que os governos franceses das últimas quatro décadas sistematicamente administraram orçamentos com déficit.
Em todo caso, Philippe prometeu a redução do nível tributário na França e afirmou que este ano já foram rebaixadas as cotações sociais que os assalariados pagam e que 18 milhões de famílias foram beneficiadas por um corte do imposto de moradia, uma medida que deve ser ampliada para 80% nos próximos dois anos.
Por outro lado, o primeiro-ministro descartou aumentar o salário mínimo acima da inflação no momento de sua revalorização em janeiro de 2019.