Fraga vê transformação de quadro fiscal em crise econômica
Ele apresentou pontos negativos da economia doméstica e também do ambiente externo, mas disse que os problemas principais são internos
Da Redação
Publicado em 17 de setembro de 2015 às 15h23.
Brasília - O quadro fiscal se transformou em profunda crise econômica e se misturou com crises de corrupção, de valores e política, na opinião do ex-presidente do Banco Central e assessor econômico do então candidato à presidente Aécio Neves, Arminio Fraga.
Ele apresentou pontos negativos da economia doméstica e também do ambiente externo, mas disse que os problemas principais são internos.
Sobre a dimensão internacional, que, segundo ele, não tem sido favorável nos últimos cinco anos, Fraga citou a queda dos preços das commodities, a atuação recente do Federal Reserve e, mais recentemente, a situação da China. "Uma das consequências importantíssimas é o estrago que se fez ao Estado Brasileiro."
O agravamento da situação econômica do País, de acordo com Fraga, no entanto, não chegou a ser uma surpresa. Segundo ele, a carga tributária já está acima de 30% do PIB, o Estado é refém de interessados partidários e tem se mostrado incapaz de lidar com a ainda desigual distribuição da renda do País.
"O Estado está doente e com suspeita de uma doença maior. Esse Estado tem se mostrado ineficaz em entregar os serviços que as pessoas desejam, apesar de quanto se gasta. É um estado que está semiquebrado", disse, durante seminário "Caminhos para o Brasil", organizado por Instituto Teotônio Vilela e PSDB, no Senado.
Ressaca
Segundo Fraga, em 2014, ano de eleição, o governo exagerou. "O governo chutou o pau da barraca no ano passado. É complicado, como sabemos, ano de eleições... Temos uma ressaca agora. Eu entendo, mas não deveria haver uma ressaca. Do jeito que o País está, não cresce", previu.
Para o economista, o Brasil não está bem de saúde e não pode tratar de sua doença com "aspirina e suco de laranja". "Não dá para esperar. Não fazer nada, hoje, é o mesmo que empurrar o País ladeira abaixo", ilustrou.
O Brasil precisa, de acordo com Fraga, fazer, do lado macro, ajuste que atenda tanto a tensões de curto prazo, em que as contas não estão fechando, quanto que resolvam questões de caráter mais longo. "As dificuldades de se fazer ajuste no Brasil são notórias", resumiu.
O economista disse entender a situação difícil de corte ainda mais em um País que está em recessão. "Mas o ajuste precisa acontecer, de forma gradual ao longo de alguns anos e melhor do que esse que está proposto e que nem será cumprido pelo governo. Deveria caminhar para algo de 3% do PIB ou coisa assim", disse, acrescentando que também há tempo para se fazer mudanças na Previdência.
Uma das sugestões de Fraga é acabar com 100% das vinculações. "A coisa mais radical: chegou a hora de uma enorme revisão de realmente acabar com todas as vinculações, com 100% delas, isso é um trabalho que tem que ser feito aqui (Congresso). O Congresso tem que ser o juiz disso. O que não dá é para tapar o sol com a peneira e só crescer (os gastos)", argumentou.
Ele disse não ser defensor do Estado mínimo nem máximo, citando exemplos de sucesso nos dois casos, como Estados Unidos e países da Escandinávia.
Abismo
O ex-presidente do Banco Central afirmou que, se o País não arrumar a casa agora vai mergulhar em um abismo de todo regime populista que existe no planeta.
Mais cedo, Fraga citou suas opiniões sobre ajustes macroeconômicos. Do lado da microeconomia, ele mencionou a necessidade de se realizar uma reforma tributária profunda e a unificação do ICMS com, também, padronização das regras.
"Temos problemas sérios também sobre crédito", disse. Em resumo, de acordo com ele, é preciso, na prática, desmontar a nova matriz econômica - política que orientou o primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff.
Se o ajuste não for feito, segundo o economista, o sacrifício será o dobro e não servirá para nada. "O dano já foi feito, a bobagem já foi feita e estamos pagando o preço agora. O que é preciso é arrumar a casa para crescer e distribuir", comentou.
Brasília - O quadro fiscal se transformou em profunda crise econômica e se misturou com crises de corrupção, de valores e política, na opinião do ex-presidente do Banco Central e assessor econômico do então candidato à presidente Aécio Neves, Arminio Fraga.
Ele apresentou pontos negativos da economia doméstica e também do ambiente externo, mas disse que os problemas principais são internos.
Sobre a dimensão internacional, que, segundo ele, não tem sido favorável nos últimos cinco anos, Fraga citou a queda dos preços das commodities, a atuação recente do Federal Reserve e, mais recentemente, a situação da China. "Uma das consequências importantíssimas é o estrago que se fez ao Estado Brasileiro."
O agravamento da situação econômica do País, de acordo com Fraga, no entanto, não chegou a ser uma surpresa. Segundo ele, a carga tributária já está acima de 30% do PIB, o Estado é refém de interessados partidários e tem se mostrado incapaz de lidar com a ainda desigual distribuição da renda do País.
"O Estado está doente e com suspeita de uma doença maior. Esse Estado tem se mostrado ineficaz em entregar os serviços que as pessoas desejam, apesar de quanto se gasta. É um estado que está semiquebrado", disse, durante seminário "Caminhos para o Brasil", organizado por Instituto Teotônio Vilela e PSDB, no Senado.
Ressaca
Segundo Fraga, em 2014, ano de eleição, o governo exagerou. "O governo chutou o pau da barraca no ano passado. É complicado, como sabemos, ano de eleições... Temos uma ressaca agora. Eu entendo, mas não deveria haver uma ressaca. Do jeito que o País está, não cresce", previu.
Para o economista, o Brasil não está bem de saúde e não pode tratar de sua doença com "aspirina e suco de laranja". "Não dá para esperar. Não fazer nada, hoje, é o mesmo que empurrar o País ladeira abaixo", ilustrou.
O Brasil precisa, de acordo com Fraga, fazer, do lado macro, ajuste que atenda tanto a tensões de curto prazo, em que as contas não estão fechando, quanto que resolvam questões de caráter mais longo. "As dificuldades de se fazer ajuste no Brasil são notórias", resumiu.
O economista disse entender a situação difícil de corte ainda mais em um País que está em recessão. "Mas o ajuste precisa acontecer, de forma gradual ao longo de alguns anos e melhor do que esse que está proposto e que nem será cumprido pelo governo. Deveria caminhar para algo de 3% do PIB ou coisa assim", disse, acrescentando que também há tempo para se fazer mudanças na Previdência.
Uma das sugestões de Fraga é acabar com 100% das vinculações. "A coisa mais radical: chegou a hora de uma enorme revisão de realmente acabar com todas as vinculações, com 100% delas, isso é um trabalho que tem que ser feito aqui (Congresso). O Congresso tem que ser o juiz disso. O que não dá é para tapar o sol com a peneira e só crescer (os gastos)", argumentou.
Ele disse não ser defensor do Estado mínimo nem máximo, citando exemplos de sucesso nos dois casos, como Estados Unidos e países da Escandinávia.
Abismo
O ex-presidente do Banco Central afirmou que, se o País não arrumar a casa agora vai mergulhar em um abismo de todo regime populista que existe no planeta.
Mais cedo, Fraga citou suas opiniões sobre ajustes macroeconômicos. Do lado da microeconomia, ele mencionou a necessidade de se realizar uma reforma tributária profunda e a unificação do ICMS com, também, padronização das regras.
"Temos problemas sérios também sobre crédito", disse. Em resumo, de acordo com ele, é preciso, na prática, desmontar a nova matriz econômica - política que orientou o primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff.
Se o ajuste não for feito, segundo o economista, o sacrifício será o dobro e não servirá para nada. "O dano já foi feito, a bobagem já foi feita e estamos pagando o preço agora. O que é preciso é arrumar a casa para crescer e distribuir", comentou.