Economia

Florianópolis cresce e atrai quem procura qualidade de vida

O visitante que esteve em Florianópolis há cinco anos e voltar à cidade hoje, certamente vai se surpreender. O ritmo da construção civil é impressionante. Novos prédios de apartamentos, hotéis, shoppings, centros de eventos e casas de luxo em condomínios erguidos nas 42 praias da ilha, evidenciam que a capital de Santa Catarina está numa […]

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h55.

O visitante que esteve em Florianópolis há cinco anos e voltar à cidade hoje, certamente vai se surpreender. O ritmo da construção civil é impressionante. Novos prédios de apartamentos, hotéis, shoppings, centros de eventos e casas de luxo em condomínios erguidos nas 42 praias da ilha, evidenciam que a capital de Santa Catarina está numa fase de plena expansão. Apesar disso, com o aumento do volume de investimentos em outras cidades e uma limitação geográfica para receber grandes empreendimentos industriais -- é recortada por morros e enseadas --,Florianópolis caiu três posições com relação à última pesquisa.

A capital catarinense está se firmando como um centro de tecnologia e serviços nas áreas de informática e microeletrônica, mas ainda tem no turismo o principal combustível de sua economia. Desde a inauguração, em 1998, do Centro Sul, um centro de convenções bancado por um consórcio de empresas locais numa área cedida pela prefeitura, o fluxo de visitantes foi melhor distribuído ao longo do ano e a cidade espera sepultar de vez a praga do veranismo, que a tornava totalmente dependente da alta temporada. Só no ano passado, 419 000 pessoas estiveram em eventos realizados ali. Este ano, serão mais de 500 000.

Na temporada de verão, a cada ano chegam mais turistas brasileiros para descobrir as belezas da ilha, um paraíso que havia sido percebido há tempo pelos vizinhos do Prata. A maior procura de brasileiros ajudou a diminuir o efeito da ausência dos argentinos. Além disso, turistas de outros países foram à Florianópolis. Em 2001, a cidade foi visitada por 15,8% do total de turistas estrangeiros que vieram ao Brasil, ficando atrás apenas do Rio de Janeiro e São Paulo.

O incremento do turismo de negócios está atraindo grandes redes de hotéis. A Accor inaugurou recentemente uma unidade com a bandeira Ibis e um flat Parthenon. O próximo lançamento é um Sofitel, estimado em 18 milhões de reais, no coração da Beira Mar Norte, a avenida mais movimentada e badalada da ilha. Estamos crescendo entre 15% e 20% ao ano , comemora Aurélio Paladini Filho, presidente da Magno Martins Engenharia, responsável pela construção do Sofitel.

A hotelaria é apenas um dos impulsionadores do mercado imobiliário. O outro motivo de alegria para as construtoras são os migrantes, especialmente de outros estados, que não param de chegar à ilha em busca de melhor qualidade de vida. Mais de 30% dos novos imóveis são adquiridos por pessoas de outras cidades e estados , diz Adolfo Cesar dos Santos, presidente do Sinduscon local e da Sistema Engenharia.

Os migrantes já são mais de 11% da população de 360 000 pessoas, que aumentou 2,33% em apenas um ano, índice bem superior à média nacional de 1,3%. São aposentados, profissionais liberais, empresários, professores universitários -- gente que trás dinheiro para a cidade. Nada menos que 50% dos domicílios de Florianópolis são das classes A e B, contra uma média brasileira de 22,2%. A cidade tem o mais alto potencial de consumo percapita entre os 10 municípios primeiro colocados na pesquisa das 100 melhores cidades para fazer negócios: 4 642 dólares por ano.

A Incorporadora de Shopping Centers Florianópolis, que tem como sócio o presidente do grupo paranaense O Boticário, Miguel Krigsner, percebeu que essa população com elevado poder aquisitivo está ávida para consumir, mas a ilha tem pouco a oferecer. Marcas famosas querem aportar aqui e não têm onde , diz Augusto de Fonseca, diretor geral da incorporadora que vai investir 75 milhões de reais no Florianópolis Shopping, que inaugura em novembro de 2004. Com ele vão chegar à cidade as primeiras lojas C&A e Riachuelo, a primeira megastore de livros e o primeiro cinema multiplex, com sete salas. É incrível, mas este é o número total de cinemas existentes hoje na cidade. Estimulado pela mesma demanda, a catarinense Magno Martins vai investir 140 milhões de reais no shopping Ilha Terceira que deve ficar pronto em 30 meses e será o maior do estado.

A limitação de espaço, especialmente no centro, pode ser medida pela verticalização crescente. Na Beira-Mar Norte formou-se uma espécie de paredão de concreto. Um terreno que valia entre 1 000 e 1 500 reais o metro quadrado há um ano, hoje não é vendido por menos de 3 000 reais , diz Gilberto Guerreiro, presidente do Secovi-SC. Os migrantes têm buscado refúgio nas praias, onde se multiplicam sofisticados empreendimentos como o Jurerê Internacional, do grupo gaúcho Habitasul, com 820 casas e 430 apartamentos, um shopping, restaurantes e um centro esportivo. Há um ano, a Habitasul inaugurou o hotel Beach Village e, em fevereiro próximo, vai lançar um hotel temático que vai consumir 30 milhões de reais e deve ficar pronto em 2005.

O desenvolvimento na área de tecnologia e serviços de informática e microeletrônica há mais de 300 empresas de software na cidade ocorreu a partir de uma política que une empresas, incubadoras e universidades. Há cinco anos existiam duas universidades na Grande Florianópolis. Hoje há mais de uma dezena de instituições. Profissionais qualificados e um amplo leque de oportunidades atraíram de volta à terra natal o economista e administrador hospitalar Luis Gonzaga Coelho. Depois de 14 anos na Suíça, ele se uniu ao grupo Grangettes, de Genebra, para o qual trabalhava, e está investindo 12 milhões de reais na C-Pack, fábrica de tubos plásticos para as indústrias cosmética e farmacêutica que começa a funcionar em janeiro na vizinha São José, uma espécie de distrito industrial da capital. Entre os primeiros 25 contratados, não há nenhum sem o segundo grau completo e 30% têm cursos superior. Vamos produzir embalagens sofisticadas e precisamos de uma mão-de-obra qualificada como a que existe aqui , diz Coelho. E a qualidade de vida das pessoas vai repercutir na qualidade do produto .

No último ano houve melhorias em Florianópolis que também refletem nos negócios. O aeroporto foi ampliado e parte da Via Expressa Sul, que liga o centro ao sul da ilha e ao aeroporto, já está funcionando. Para qualificar a culinária da ilha e aproveitar melhor sua condição de responsável por 80% da produção nacional de ostras e mexilhões, Florianópolis vai ganhar, em meados do próximo ano, uma Escola de Gastronomia.

Acompanhe tudo sobre:[]

Mais de Economia

Acelerada pela Nvidia, Google — e agora Amazon —, startup quer inovar no crédito para PMEs

Cigarro mais caro deve pressionar inflação de 2024, informa Ministério da Fazenda

Fazenda eleva projeção de PIB de 2024 para 3,2%; expectativa para inflação também sobe, para 4,25%

Alckmin: empresas já podem solicitar à Receita Federal benefício da depreciação acelerada