Firjan avalia que reforma pode destravar R$ 1,4 trilhão de investimentos
Além da indústria, setor varejista e seguradoras também avaliam com otimismo a questão da Previdência, e começam a se voltar para a reforma tributária
Estadão Conteúdo
Publicado em 11 de julho de 2019 às 13h00.
Última atualização em 11 de julho de 2019 às 13h01.
A reforma da Previdência tem potencial para destrava R$ 1,4 trilhão em investimentos, pelas contas da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan). Estudo realizado pela entidade concluiu que a perspectiva é que gargalos na oferta de serviços à população sejam solucionados.
"A Firjan considera a aprovação da reforma da Previdência na Câmara dos Deputados um grande passo para o equilíbrio das contas públicas e a retomada do desenvolvimento no país, mas ressalta a importância da inclusão de estados e municípios", afirma a entidade, em comunicado.
A avaliação é que o déficit da Previdência nos estados chega a R$ 77,8 bilhões, o que tem impacto direto na oferta de serviços à população. Pelas contas da entidade, de 2014 a 2018, houve uma redução de 49,8% no volume de investimentos dos estados, o que significou uma retração de R$ 34,7 bilhões e afetou a oferta de produtos, serviços e postos de trabalho.
"Além disso, caso estados e municípios não sejam incluídos na reforma, o caminho para o ajuste das contas será financiado por toda sociedade, por meio de novos aumentos da carga tributária, tornando produtos e serviços mais caros", argumenta a Firjan, destacando que, no Rio, cada morador contribui com R$ 663,00 ao ano para cobrir o déficit de R$ 10,6 bilhões da Previdência estadual.
IDV: ânimo para empresários
O presidente do Instituto para Desenvolvimento do Varejo ( IDV ), Marcelo Silva, avaliou como positiva a aprovação da reforma da Previdência na Câmara dos Deputados na noite da última quarta-feira. Segundo ele, a reforma trará ânimo aos empresários do setor varejista.
"Tínhamos previsão de que a reforma passaria, mas esse placar foi muito positivo, um pouco acima do previsto", disse Silva ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, Para ele, o placar dá indícios de que outras pautas, como a reforma tributária, devem ganhar impulso.
"Vamos unir esforços para buscar a melhor reforma tributária", afirmou. O IDV tem trabalhado ativamente pela simplificação do sistema tributário. As 70 empresas que compõem o instituto montaram um comitê para tratar da reforma tributária e arquitetar ideias para facilitar a abertura e fechamento de empresas e lojas, além de outras sugestões.
Silva também celebrou o fato de a aprovação ter acontecido antes do recesso do Congresso. "Se as coisas se arrastassem até o final do ano, como a gente se projetaria para 2020?"
Novo ciclo de crescimento
O presidente da seguradora japonesa Tokio Marine no Brasil, José Adalberto Ferrara, afirmou que a reforma da Previdência, aprovada quarta-feira, 10, em primeiro turno na Câmara marca um novo ciclo de crescimento econômico no Brasil em bases sustentáveis. O placar de votação, com 379 votos a favor ante 131 contrários, sinaliza, conforme o executivo, que o governo de Jair Bolsonaro tem capital político para seguir com a reforma fiscal e administrativa.
Apesar das divergências entre o governo e o Congresso Nacional, prevaleceu, de acordo com Ferrara, o bom senso a favor da sociedade com a aprovação da reforma da Previdência. "A aprovação da reforma da Previdência na Câmara ontem (quarta) pode acelerar outras reformas no Brasil, mas as medidas econômicas só serão aplaudidas com a redução do desemprego no Brasil", avaliou ele, durante conversa com a imprensa, nesta quinta-feira.
Com melhores perspectivas para a economia brasileira aprovada a reforma da Previdência, o presidente da Tokio Marine espera que o setor de seguros, que representa cerca de 6% do Produto Interno Bruto ( PIB ) local, acelere o ritmo de crescimento. Até maio, o segmento apresentou expansão em torno dos 8% ante o mesmo período do ano passado.
"Acredito que voltaremos aos dois dígitos de expansão no mercado de seguros em 2020", disse Ferrara, acrescentando que a seguradora já vem investindo no País mesmo antes da reforma da Previdência e, inclusive, ampliou seu quadro de funcionários no ano passado no meio da turbulência eleitoral.