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Falta de vontade de dirigir mostra pico em vendas de carros

Nas crescentes megacidades do mundo, a poluição e os engarrafamentos estão freando os motoristas

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 24 de fevereiro de 2014 às 23h46.

Southfield/Detroit - O mundo que Henry Ford colocou sobre rodas está preparado para se afogar.

Nas crescentes megacidades do mundo, a poluição e os engarrafamentos estão freando os motoristas. Na Índia, algumas pessoas que viajam das suas casas para o trabalho estão deixando seus carros em casa para evitar problemas de trânsito e perder muito tempo procurando estacionamento. Cada vez mais americanos jovens estão abandonando o sonho de ter um carro pelo transporte público, bicicletas e veículos compartidos. Os carros na estrada estão durando mais do que nunca.

Esses fatos poderiam anunciar uma nova era para uma indústria automotiva desapegada de um século de crescimento global. O mundo alcançará o “Carro Pico” – o ponto a partir do qual o crescimento anual das vendas globais alcançará seu limite – na próxima década, predizem vários analistas da indústria automotiva. A empresa de pesquisa IHS Automotive, por exemplo, prevê um auge nas vendas anuais de 100 milhões de unidades dentro desse período.

O Carro Pico está em conflito com os ambiciosos planos de expansão das montadoras globais, que segundo a IHS estão se preparando para produzir mais de 120 milhões de veículos até 2016: quase 50 por cento a mais do que a marca mundial de vendas do ano passado, de 82 milhões. A dinâmica também ameaça os planos comerciais das fabricantes de autopeças, dos fornecedores de matérias primas e das empresas de petróleo.

Cálculo de megatendências

Ninguém está prevendo que as vendas de carros caiam de repente ou que as montadoras atuais agora sejam dinossauros. O que os especialistas veem sim é uma reviravolta contra as montadoras, que terão que se adaptar a um mundo onde menos carros são comprados e mais são compartilhados, onde haverá mais carros dirigidos sozinhos e menos fãs de carros nas estradas.

“A questão chave é: você vende carros ou vende mobilidade?”, disse Tim Ryan, vice-presidente de mercados e estratégia sediado em Nova York que trabalha para a consultoria PricewaterhouseCoopers LLP. “Se você ignorar essas megatendências, você corre o risco de se tornar irrelevante”.


Há um contra-argumento às predições de que as vendas poderiam chegar ao seu pico: os consumidores chineses ainda têm um apetite voraz por carros, à medida que uma maior parte dos 1,3 bilhões de habitantes do país ascende economicamente e muitos demandam a liberdade e o status que um carro transmite. A China ajudou a impulsionar as vendas globais de carros em 46 por cento desde 2000, e em 2009 o país ultrapassou os EUA como maior mercado automotivo do mundo. Os consumidores chineses compraram 22 milhões de veículos no ano passado, uma marca que segundo estimam as montadoras e os analistas alcançará 30 milhões até 2020.

Névoa marrom

Ao mesmo tempo, a China está lutando com os engarrafamentos urbanos e com a crescente poluição que criou uma névoa marrom sobre grandes cidades como Xangai e Pequim. O problema da poluição levou os líderes do país a determinarem restrições sobre o licenciamento de carros para desacelerar as vendas.

As novidades também estão sendo alimentadas por uma mudança de atitude quanto ao consumo de petróleo por motivos ambientais, políticos e econômicos. Estão surgindo alternativas à posse de um carro, como a empresa de viagens compartilhadas Zipcar Inc. e o serviço de reserva de viagens Uber Technologies Inc., que apelam a uma nova geração de motoristas sem interesse pelos produtos de alto custo das montadoras.

A solução para evitar os engarrafamentos globais poderia vir de uma tecnologia ainda não prevista, disse Eric Morris, professor auxiliar de Planejamento Urbano e Regional da Clemson University na Carolina do Sul, cuja pesquisa se debruça sobre inovações futuras e lições do passado.

“É realmente muito difícil chegar até alguém dizer e ‘você pode imaginar que um dia não precisaremos de carros?’” disse Phil Gott, diretor sênior de planejamento no longo prazo na IHS em Lexington, Massachusetts. “Porque a resposta óbvia é ‘o que? Você está maluco? Eu sempre precisarei de um carro’. Mas na verdade, as pessoas estão mudando para as cidades e se virando com menos carros, e em alguns casos sem carros”.

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Esses fatos poderiam anunciar uma nova era para uma indústria automotiva desapegada de um século de crescimento global. O mundo alcançará o “Carro Pico” – o ponto a partir do qual o crescimento anual das vendas globais alcançará seu limite – na próxima década, predizem vários analistas da indústria automotiva. A empresa de pesquisa IHS Automotive, por exemplo, prevê um auge nas vendas anuais de 100 milhões de unidades dentro desse período.

O Carro Pico está em conflito com os ambiciosos planos de expansão das montadoras globais, que segundo a IHS estão se preparando para produzir mais de 120 milhões de veículos até 2016: quase 50 por cento a mais do que a marca mundial de vendas do ano passado, de 82 milhões. A dinâmica também ameaça os planos comerciais das fabricantes de autopeças, dos fornecedores de matérias primas e das empresas de petróleo.

Cálculo de megatendências

Ninguém está prevendo que as vendas de carros caiam de repente ou que as montadoras atuais agora sejam dinossauros. O que os especialistas veem sim é uma reviravolta contra as montadoras, que terão que se adaptar a um mundo onde menos carros são comprados e mais são compartilhados, onde haverá mais carros dirigidos sozinhos e menos fãs de carros nas estradas.

“A questão chave é: você vende carros ou vende mobilidade?”, disse Tim Ryan, vice-presidente de mercados e estratégia sediado em Nova York que trabalha para a consultoria PricewaterhouseCoopers LLP. “Se você ignorar essas megatendências, você corre o risco de se tornar irrelevante”.


Há um contra-argumento às predições de que as vendas poderiam chegar ao seu pico: os consumidores chineses ainda têm um apetite voraz por carros, à medida que uma maior parte dos 1,3 bilhões de habitantes do país ascende economicamente e muitos demandam a liberdade e o status que um carro transmite. A China ajudou a impulsionar as vendas globais de carros em 46 por cento desde 2000, e em 2009 o país ultrapassou os EUA como maior mercado automotivo do mundo. Os consumidores chineses compraram 22 milhões de veículos no ano passado, uma marca que segundo estimam as montadoras e os analistas alcançará 30 milhões até 2020.

Névoa marrom

Ao mesmo tempo, a China está lutando com os engarrafamentos urbanos e com a crescente poluição que criou uma névoa marrom sobre grandes cidades como Xangai e Pequim. O problema da poluição levou os líderes do país a determinarem restrições sobre o licenciamento de carros para desacelerar as vendas.

As novidades também estão sendo alimentadas por uma mudança de atitude quanto ao consumo de petróleo por motivos ambientais, políticos e econômicos. Estão surgindo alternativas à posse de um carro, como a empresa de viagens compartilhadas Zipcar Inc. e o serviço de reserva de viagens Uber Technologies Inc., que apelam a uma nova geração de motoristas sem interesse pelos produtos de alto custo das montadoras.

A solução para evitar os engarrafamentos globais poderia vir de uma tecnologia ainda não prevista, disse Eric Morris, professor auxiliar de Planejamento Urbano e Regional da Clemson University na Carolina do Sul, cuja pesquisa se debruça sobre inovações futuras e lições do passado.

“É realmente muito difícil chegar até alguém dizer e ‘você pode imaginar que um dia não precisaremos de carros?’” disse Phil Gott, diretor sênior de planejamento no longo prazo na IHS em Lexington, Massachusetts. “Porque a resposta óbvia é ‘o que? Você está maluco? Eu sempre precisarei de um carro’. Mas na verdade, as pessoas estão mudando para as cidades e se virando com menos carros, e em alguns casos sem carros”.

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