Falta de cimento causa estagnação econômica na Faixa de Gaza
Empreiteiros estão há quase seis meses sem trabalho por conta da falta de materiais de construção, em especial o cimento, na Faixa de Gaza
Da Redação
Publicado em 15 de julho de 2014 às 17h29.
Cidade de Gaza - Afif Dahlan, empreiteiro do setor da construção de 48 anos e pai de oito filhos, conhecido como Abu Hussein, está há quase seis meses sem trabalho por conta da falta de materiais de construção , principalmente cimento, na Faixa de Gaza.
Junto aos 20 peões que no ano passado tinha contratado, Dahlan se transformou em mais um desempregado de Gaza e passa a maior parte do dia sentado em uma cadeira de plástico em sua casa do bairro de Sheik Raduan, ao norte da Cidade de Gaza, bebendo chá e café.
"O cimento e outros materiais de construção estão vetados para o setor privado em Gaza há meio ano, tanto através dos cruzamentos controlados por Israel, como pelos túneis que conectam com o Egito ", disse.
Este empreiteiro se somou aos mais de 50 mil trabalhadores da construção que perderam seus empregos na Faixa, de acordo com as estatísticas oficiais e organizações sindicais.
Israel e Egito, países com os quais confinam as fronteiras da empobrecida Gaza controlada pelo grupo islamita Hamas, atualmente permitem a entrada de cimento e material de construção exclusivamente através de agências internacionais como a ONU e para projetos humanitários como escolas e clínicas.
"A proibição de entrada de cimento e outros materiais de construção afetou negativamente a roda da economia na Faixa e cerca de 50 ofícios, desde carpinteiros até ferreiros", explica Dahlan, obrigado a vender parte de seus móveis para sobreviver.
Após anos de bloqueio à Faixa e da proibição de entrada de materiais que Israel considera como duplo uso como o cimento, que pode ser empregado para construir búnqueres, o Estado judeu permitiu no ano passado a entrada deste material Gaza para o setor privado.
Mas a abertura da proibição durou pouco, pois a descoberta de um túnel de quase dois quilômetros entre Gaza e Israel em outubro, levou o ministro da Defesa de Israel, Moshe Yaalon, a ordenar que fosse suspensa novamente a entrada de cimento à Faixa.
O concreto também deixou de entrar em Gaza através dos subterrâneos cavados no sul deste enclave litorâneo por causa da intensa campanha realizada pelo Exército egípcio desde o passado verão, que seguiu à derrocada do presidente islamita Mohammed Mursi.
As ruas, mercados e comércios na Faixa, com 1,7 milhão de habitantes, foram testemunhas nesta semana da falta de atividade e apareceram vazios de gente e tráfico.
"A paralisação na entrada de cimento e material de construção já tem um impacto negativo em todos os aspectos da vida", sustenta Omer Shaban, presidente de uma empresa de consultoria econômica com sede em Gaza e adverte sobre duras consequências.
"Antes do começo desta situação há seis meses, o desemprego tinha abaixado para 30%, mas voltou a aumentar para mais de 50% e consequentemente a taxa de pobreza também aumentou", ressalta.
Inclusive os proprietários de estabelecimentos em Gaza concordam neste ponto e insistem que a construção foi durante meses o motor do que todos se beneficiaram, desde as lojas de adornos até o açougueiro.
"Mantemos as lojas abertas o dia todo e vêm menos clientes porque o povo não tem liquidez suficiente para comprar roupa ou sapatos e preferem guardar o dinheiro para o básico", afirma Mohammed Basal, proprietário de uma sapataria no centro da capital .
Por sua parte, Farid Zaqout, diretor-executivo do Sindicato da Indústria e Construção em Gaza alerta que nos últimos meses "as equipes e maquinaria de construção de edifícios estão se oxidando ou corroendo e requerem manutenção por seu desuso prolongado".
"As misturadoras de cimento assim como as máquinas que fabricam louças e tijolos estão totalmente paralisadas", disse Zqout, e avalia em milhões de dólares as perdas pela paralisação na atividade.
Uma situação que Jamal al Khudari, presidente do Comitê Popular para Desafiar o Bloqueio de Israel, classifica de "castigo coletivo contra as cerca de dois milhões de pessoas que habitam em Gaza".
Cidade de Gaza - Afif Dahlan, empreiteiro do setor da construção de 48 anos e pai de oito filhos, conhecido como Abu Hussein, está há quase seis meses sem trabalho por conta da falta de materiais de construção , principalmente cimento, na Faixa de Gaza.
Junto aos 20 peões que no ano passado tinha contratado, Dahlan se transformou em mais um desempregado de Gaza e passa a maior parte do dia sentado em uma cadeira de plástico em sua casa do bairro de Sheik Raduan, ao norte da Cidade de Gaza, bebendo chá e café.
"O cimento e outros materiais de construção estão vetados para o setor privado em Gaza há meio ano, tanto através dos cruzamentos controlados por Israel, como pelos túneis que conectam com o Egito ", disse.
Este empreiteiro se somou aos mais de 50 mil trabalhadores da construção que perderam seus empregos na Faixa, de acordo com as estatísticas oficiais e organizações sindicais.
Israel e Egito, países com os quais confinam as fronteiras da empobrecida Gaza controlada pelo grupo islamita Hamas, atualmente permitem a entrada de cimento e material de construção exclusivamente através de agências internacionais como a ONU e para projetos humanitários como escolas e clínicas.
"A proibição de entrada de cimento e outros materiais de construção afetou negativamente a roda da economia na Faixa e cerca de 50 ofícios, desde carpinteiros até ferreiros", explica Dahlan, obrigado a vender parte de seus móveis para sobreviver.
Após anos de bloqueio à Faixa e da proibição de entrada de materiais que Israel considera como duplo uso como o cimento, que pode ser empregado para construir búnqueres, o Estado judeu permitiu no ano passado a entrada deste material Gaza para o setor privado.
Mas a abertura da proibição durou pouco, pois a descoberta de um túnel de quase dois quilômetros entre Gaza e Israel em outubro, levou o ministro da Defesa de Israel, Moshe Yaalon, a ordenar que fosse suspensa novamente a entrada de cimento à Faixa.
O concreto também deixou de entrar em Gaza através dos subterrâneos cavados no sul deste enclave litorâneo por causa da intensa campanha realizada pelo Exército egípcio desde o passado verão, que seguiu à derrocada do presidente islamita Mohammed Mursi.
As ruas, mercados e comércios na Faixa, com 1,7 milhão de habitantes, foram testemunhas nesta semana da falta de atividade e apareceram vazios de gente e tráfico.
"A paralisação na entrada de cimento e material de construção já tem um impacto negativo em todos os aspectos da vida", sustenta Omer Shaban, presidente de uma empresa de consultoria econômica com sede em Gaza e adverte sobre duras consequências.
"Antes do começo desta situação há seis meses, o desemprego tinha abaixado para 30%, mas voltou a aumentar para mais de 50% e consequentemente a taxa de pobreza também aumentou", ressalta.
Inclusive os proprietários de estabelecimentos em Gaza concordam neste ponto e insistem que a construção foi durante meses o motor do que todos se beneficiaram, desde as lojas de adornos até o açougueiro.
"Mantemos as lojas abertas o dia todo e vêm menos clientes porque o povo não tem liquidez suficiente para comprar roupa ou sapatos e preferem guardar o dinheiro para o básico", afirma Mohammed Basal, proprietário de uma sapataria no centro da capital .
Por sua parte, Farid Zaqout, diretor-executivo do Sindicato da Indústria e Construção em Gaza alerta que nos últimos meses "as equipes e maquinaria de construção de edifícios estão se oxidando ou corroendo e requerem manutenção por seu desuso prolongado".
"As misturadoras de cimento assim como as máquinas que fabricam louças e tijolos estão totalmente paralisadas", disse Zqout, e avalia em milhões de dólares as perdas pela paralisação na atividade.
Uma situação que Jamal al Khudari, presidente do Comitê Popular para Desafiar o Bloqueio de Israel, classifica de "castigo coletivo contra as cerca de dois milhões de pessoas que habitam em Gaza".