Economia

Fábrica de seqüestros

O gerente de negócios A.R., de 29 anos, mora com os pais em uma casa de classe média no bairro do Butantã. Ele achava que só quem fosse rico ou famoso entraria numa lista de seqüestráveis. No fim de janeiro, sua opinião mudou. Ele foi seqüestrado quando estacionava o carro em casa. "Foi tudo muito […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h26.

O gerente de negócios A.R., de 29 anos, mora com os pais em uma casa de classe média no bairro do Butantã. Ele achava que só quem fosse rico ou famoso entraria numa lista de seqüestráveis. No fim de janeiro, sua opinião mudou. Ele foi seqüestrado quando estacionava o carro em casa. "Foi tudo muito rápido. Três homens armados desceram de um carro, entraram no meu e me levaram a um cativeiro", afirma.

O destino dele nas 30 horas seguintes foi um barraco de madeira de 5 metros quadrados na região do Embu. Ao chegar lá, havia outro refém. "Pelo que me contaram, ele não tinha como pagar", diz A.R. "Disseram que levariam o homem para um lugar e o executariam. Se minha família não pagasse, me matariam também." Hoje, sabe que o homem foi solto sem pagar o resgate.

Para libertar A.R., os bandidos exigiram 30 000 reais. "Meu pai disse que não tinha todo o dinheiro." Os seqüestradores não acreditaram e deram 24 horas. "Eles acharam que meu carro valia uns 200 000 reais, mas não vale 20 000", diz A.R. Enquanto esperavam para fazer um novo contato, os bandidos conversaram com A.R. Contaram um pouco de suas vidas, fizeram algumas ameaças, chegaram a agredi-lo com um chute, cheiraram cocaína e revelaram o que fariam com o dinheiro: iriam comprar armas e planejar a fuga de alguns presos. Um dos integrantes mais jovens, que aparentava ser menor de idade, deu-lhe um conselho: "Não vacile. A gente não tinha planejado pegar você, mas com aquele carrão ali e marcando bobeira você virou alvo fácil".

Depois de muitas ameaças, o líder do bando ligou de novo para o pai de A.R. A família não havia conseguido todo o dinheiro. "O bandido fez uma cara de quem estava furioso e olhou para mim. Foi o pior momento", diz A.R. "Eu não sabia se iriam me matar, se passaria semanas no cativeiro." O chefe do bando reuniu o grupo. Depois de alguns minutos, informou que a quadrilha iria aceitar a quantia arrecadada. O dinheiro foi entregue por um parente. Antes de soltar A.R., o chefe do bando reforçou: "Não vacile mais. Não vamos mais pegá-lo, mas nunca se sabe o que outros vão fazer". A.R. tenta agora retomar a rotina, mas ainda tem pesadelos. Principalmente depois de saber que dois vizinhos foram seqüestrados da mesma forma em ruas próximas, possivelmente pela mesma quadrilha.

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