Exportações: China troca soja americana por grãos brasileiros
Tensões comerciais entre as duas maiores economias do mundo e preços mais baixos da soja no Brasil reduziram atratividade da oferta americana
Reuters
Publicado em 18 de maio de 2018 às 19h45.
Chicago - Ordens de compras de quase 1 milhão de toneladas de soja dos Estados Unidos foram canceladas nesta semana, de acordo com dados do governo dos EUA divulgados nesta sexta-feira, já que a oferta mais barata do Brasil e tensões comerciais com a China deixam a carga norte-americana menos atrativa para compradores.
O Departamento de Agricultura dos EUA (USDA, na sigla em inglês) não detalhou quais compradores cancelaram suas cargas em um anúncio diário de grandes negócios de exportação.
Porém a China compra a maior parte das exportações de soja dos EUA, e fontes do comércio disseram que a maior parte dos carregamentos provavelmente iria para lá.
Autoridades norte-americanas e chinesas estão se encontrando pra tentar evitar uma guerra comercial prejudicial entre as duas maiores economias do mundo.
Tensões comerciais agitaram os mercados e mudaram os fluxos globais de commodities.
Pequim retirou nesta sexta-feira uma barreira ao sorgo dos EUA que perturbou o comércio global de grãos para ração, mas muitos outros produtos agrícolas dos EUA permanecem como atuais ou potenciais alvos de tarifas de importação chinesas, incluindo a soja, milho e carne suína.
O USDA disse nesta sexta-feira que compradores de um destino não revelado cancelaram 949 mil toneladas de compras de soja norte-americana. Desse total, um volume de 829 mil toneladas deveria ser enviado antes de setembro, o maior cancelamento de uma vez só de vendas de soja desde dezembro de 2016, de acordo com dados do USDA.
Cancelamentos não são incomuns durante a primavera dos EUA, já que compradores cortam as compras não enviadas e optam pela safra recém-colhida da soja brasileira, que geralmente é mais barata.
Porém uma queda nos preços do produto do Brasil, que havia subido fortemente por conta das questões relacionadas à China, acelerou a mudança de rota nesta semana, disseram operadores.
O Brasil ficou mais competitivo com a forte alta do dólar.
A forte alta do dólar havia gerado expectativa de alta nos preços da soja no Brasil, tendo em vista que o câmbio elevado favorece as exportações, segundo análise do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).
No entanto, as quedas nos valores do grão na Bolsa de Chicago e dos prêmios de exportação brasileiros impediram a valorização da oleaginosa no mercado doméstico, acrescentou o Cepea.