Economia

EXAME Fórum reúne 3 Nobel de Economia em São Paulo

Joseph Stiglitz, Robert Mundell e Edward Prescott vão discutir alternativas para a crise e o papel do Brasil

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 8 de maio de 2009 às 19h35.

EXAME vai reunir com exclusividade em São Paulo três vencedores do Prêmio Nobel de Economia para discutir a crise global. O EXAME Fórum, que acontece no dia 11 de maio, terá como conferencistas Joseph Stiglitz e Robert Mundell, ambos da Universidade Columbia; e Edward Prescott, da Universidade do Arizona. Mais do que abordar as causas da atual turbulência, que começou com o estouro da bolha imobiliária americana e se transformou em uma grave crise financeira mundial, os participantes analisarão quais são os desafios para superá-la.

Com o tema “A Crise Global e as Alternativas para a Reconstrução da Economia”, o fórum trará um panorama refinado deste momento. Para Prescott, por exemplo, o presidente americano, Barack Obama, na verdade desestimula os Estados Unidos com suas políticas públicas. Já Stiglitz desconfia da eficiência do programa de ajuda aos bancos americanos. Mais otimista, Mundell aposta em uma recuperação rápida, com os Estados Unidos saindo da crise já em meados deste ano.

O evento contará com uma apresentação do ex-ministro da Fazenda Antonio Delfim Netto e será encerrado pelo governador de São Paulo, José Serra (PSDB). Clique aqui e veja como se inscrever para o evento.

Veja abaixo o perfil dos participantes do evento:

Edward Prescott

O economista americano foi um dos responsáveis por mudar a forma como os governos mais organizados do mundo lidam com seus bancos centrais. As análises de Prescott lhe renderam o prêmio Nobel da Economia em 2004. O prêmio foi justificado com dois artigos. Em um deles, escrito com o economista norueguês Finn Kydland e publicado em 1977, Prescott mostrou que as economias se fortalecem com políticas monetárias duradouras.

Segundo o estudioso, empresas e consumidores hesitam quando percebem uma propensão do governo a abandonar a meta de perseguir a inflação ou a mudar as regras na metade do jogo. O artigo apontou que os governantes têm visão de curto prazo, enquanto os presidentes de bancos centrais estão comprometidos com a meta de inflação.

Em um artigo publicado em 1982, também em parceria com Kydland, Prescott argumenta que mudanças tecnológicas e choques como a alta repentina da cotação do petróleo têm mais impacto nas fases de recessão e de crescimento do que a disposição de pessoas e empresas ao consumo.

Até a publicação do artigo, os ciclos econômicos eram basicamente explicados pelas teorias de John Maynard Keynes. Ele acreditava que os altos e baixos da economia eram explicados somente pela variação da demanda.

Aos 68 anos, Edward continua a ministrar aulas na Universidade Estadual do Arizona, além de ser conselheiro do Federal Reserve de Minneapolis. No ano passado, foi eleito membro da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos. Ex-professor das universidades de Minnesota, Chicago e Pensilvânia, tem mais de cem artigos publicados. É considerado especialista na teoria do desenvolvimento econômico e em crescimento do mercado financeiro e na indústria dos bancos.

Joseph Stiglitz

Questionar o conceito sobre “a mão invisível do mercado” de Adam Smith rendeu ao economista americano o Prêmio Nobel de Economia em 2001. Junto com seus colegas George Akerlof e Michael Spence, Stiglitz realizou pesquisas num campo de estudos conhecido como “mercado com informações assimétricas”.

O estudo do trio diagnosticou o que parecia óbvio: os mercados são imperfeitos e precisam de agências governamentais para fiscalizá-los e levá-los a sua eficiência máxima. A pesquisa apontou ainda que uma das causas da ineficiência é a disparidade de informação. Stiglitz é um ferrenho defensor da transparência do mercado.

A tese contribuiu para a criação de uma “teoria geral dos mercados”, responsável por manter a estabilidade das relações de troca nas economias avançadas.

Joseph Stiglitz foi membro do Conselho de Assessores Econômicos do governo Clinton entre 1993 e 1995 e presidente do órgão entre 1995 e 1997. Foi economista-chefe e vice-presidente do Banco Mundial entre 1997 e 2000. Recentemente, Stiglitz foi nomeado pelo presidente francês Nicolas Sarkozy para presidir a Comissão de Mediação do Desempenho e Progresso Econômico.

Aos 66 anos, preside a Associação Econômica Internacional (IEA) e leciona na Universidade de Columbia, depois de ter passado por Princeton, Stanford, Yale e MIT. Em 2008, lançou o livro The Three Trillion Dollar War (A Guerra de Três Milhões de Dólares, em inglês).

Robert Mundell

Ao conferir o prêmio Nobel de economia de 1999 a Robert Mundell, a Academia Real de Ciências da Suécia não lhe poupou elogios. Classificando sua contribuição científica como "original" e "inspiradora a gerações de pesquisadores", a instituição fez questão de destacar que "a pesquisa de Mundell teve enorme alcance e impacto duradouro porque combina análise formal, mas ainda acessível, com interpretação intuitiva e resultados com aplicações políticas imediatas". O trabalho é o reflexo de toda uma vida dedicada ao estudo e à prática econômica.

Em 1961, cinco anos após receber o título de Ph.D pelo MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) e concluir o pós-doutorado em Política Econômica pela Universidade de Chicago, Mundell se juntou à equipe do Fundo Monetário Internacional (FMI), do qual foi membro por dois anos. Michael Mussa, um ex-aluno seu que se tornou conselheiro econômico do FMI, ressaltou em artigo publicado pela revista da instituição que sua grande contribuição para a economia mundial não se deve a uma ideia isolada, mas a uma abordagem que permitiu repensar toda a economia internacional.

Um dos estudos mais famosos de Mundell levanta a questão que, mais tarde, seria a inspiração para a criação do euro, a moeda única europeia: quando é mais vantajoso para um grupo de países abandonar a política monetária independente e dar origem a um único sistema monetário?

Aos 77 anos, Robert Mundell é professor na Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, e suas teorias constituem o núcleo do ensino de macroeconomia internacional.

Antonio Delfim Netto

O economista Antonio Delfim Netto ficou famoso ao comparar o crescimento econômico a um bolo. Era preciso esperar o bolo crescer para, somente então, reparti-lo, dizia ele àqueles que lhe criticavam pela forte concentração de renda no Brasil durante o chamado "milagre brasileiro" (1968 a 1973), quando as taxas de expansão do país eram as mais altas do mundo.

Delfim foi um dos idealizadores da política econômica brasileira durante os governos militares Costa e Silva, Médici e Figueiredo. Ingressou na vida pública em 1966, como secretário da Fazenda de São Paulo. No ano seguinte, foi convidado pelo general Costa e Silva a comandar o Ministério da Fazenda, ocupando o cargo de ministro até 1974, quando se encerrou o governo de Emílio Médici.

Nos quatro anos posteriores, já com Geisel no poder, Delfim tornou-se embaixador do Brasil na França, regressando ao país em 1978 para, poucos meses depois, assumir o Ministério da Agricultura do governo João Figueiredo. Com a saída de Mário Henrique Simonsen do Ministério do Planejamento, Delfim assume a pasta, implementando uma política de forte contenção de gastos e elevação de juros, sendo o responsável também pela renegociação da dívida externa com o Fundo Monetário Internacional (FMI).

Com o fim da ditadura militar, Delfim inicia sua carreira como parlamentar. Faz parte da Assembléia Constituinte em 1986 e elege-se diversas vezes como deputado federal.

Acompanhe tudo sobre:[]

Mais de Economia

Governadores do Nordeste pedem a Pacheco mudança em projeto de renegociação de dívidas

Afinal, o que um medalhista olímpico brasileiro paga de imposto? A Receita responde

Governo prevê economia de quase R$ 5 bi com revisão de benefício a pescadores

Mais na Exame