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Europeus recorrem a emprego falso em empresa falsa, diz NYT

Desempregados e sem perspectiva, europeus participam de empresas "virtuais" para manter algum vínculo com o ambiente de trabalho

Foto de banco de imagens mostra "ambiente de trabalho" (Hemera Technologies/Thinkstock)

João Pedro Caleiro

Publicado em 29 de maio de 2015 às 15h16.

São Paulo - Milhares de companhias falsas têm servido como última alternativa para um exército de desempregados ao redor da Europa .

De acordo com uma reportagem do jornal americano The New York Times publicada hoje, estas companhias tem fornecedores, planilhas, gastos e receita.

Elas fabricam produtos que vão de porcelana a móveis e tomam empréstimos de bancos; algumas tem até greves. Com um detalhe: é tudo de mentira. A exceção são os funcionários, que mesmo não recebendo salário, ganham experiência e uma forma de ocupar o dia.

"Estas empresas são parte de uma rede de treinamento elaborada que opera efetivamente como um universo econômico paralelo. Por anos, seu objetivo era treinar estudantes e trabalhadores desempregados que desejassem fazer uma transição para diferentes indústrias. Agora, elas estão sendo usadas para combater o aumento alarmante no desemprego de longo prazo", diz a reportagem.

Há mais de 100 companhias desse tipo só na França e milhares na Europa. Todas as regras e procesos são levados a sério, e as que não são bem geridas vão "à falência", enquanto outras novas são criadas - assim como no mundo real.

A taxa de sucesso é alta: de 60% a 70% dos treinados conseguem um emprego depois, mas só uma pequena parte é de longo prazo ou com bons salários.

Ambiente

23,7 milhões de homens e mulheres estão desempregados nos 28 países da União Europeia . A taxa chega a quase um em cada quatro cidadãos em países como Espanha (23%) e Grécia (25,7%) e é quase o dobro entre os jovens (50% nestes países e 43% na Itália).

Metade dos desempregados da UE estão sem trabalho há mais de um ano: a taxa é de 61% na Itália e 43% na França.

Os últimos dados mostram que a atividade econômica está reagindo, mas isso não significa um mercado de trabalho sólido em algum futuro próximo: metade dos novos empregos criados na UE são temporários.

“Quando você está desempregada, você fala para si mesma que será só por pouco tempo. Daí vira 6 meses, então um ano. E nada acontece, e você diz 'não posso mais aguentar isso'. Eu não quero assistência - eu quero trabalhar", diz ao NYT Julia Moreno, ex-babá que sofreu danos na espinha cervical.

Ela não conseguiu um emprego novo e hoje trabalha na Animal Kingdom, empresa "virtual" de produtos e serviços para animais de estimação.

Consequências

O fenômeno das companhias de mentira serve como lembrete de que o emprego tem um papel social e psicológico que vai além do econômico.

Estudos mostram que o desemprego de longo prazo tem efeitos duradouros sobre a satisfação pessoal e até sobre a taxa de suicídios.

Recentemente, um estudo publicado pelo Journal of Applied Psychology mostrou que quem procura e não acha trabalho sofre consequências até na sua própria personalidade.

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São Paulo - Milhares de companhias falsas têm servido como última alternativa para um exército de desempregados ao redor da Europa .

De acordo com uma reportagem do jornal americano The New York Times publicada hoje, estas companhias tem fornecedores, planilhas, gastos e receita.

Elas fabricam produtos que vão de porcelana a móveis e tomam empréstimos de bancos; algumas tem até greves. Com um detalhe: é tudo de mentira. A exceção são os funcionários, que mesmo não recebendo salário, ganham experiência e uma forma de ocupar o dia.

"Estas empresas são parte de uma rede de treinamento elaborada que opera efetivamente como um universo econômico paralelo. Por anos, seu objetivo era treinar estudantes e trabalhadores desempregados que desejassem fazer uma transição para diferentes indústrias. Agora, elas estão sendo usadas para combater o aumento alarmante no desemprego de longo prazo", diz a reportagem.

Há mais de 100 companhias desse tipo só na França e milhares na Europa. Todas as regras e procesos são levados a sério, e as que não são bem geridas vão "à falência", enquanto outras novas são criadas - assim como no mundo real.

A taxa de sucesso é alta: de 60% a 70% dos treinados conseguem um emprego depois, mas só uma pequena parte é de longo prazo ou com bons salários.

Ambiente

23,7 milhões de homens e mulheres estão desempregados nos 28 países da União Europeia . A taxa chega a quase um em cada quatro cidadãos em países como Espanha (23%) e Grécia (25,7%) e é quase o dobro entre os jovens (50% nestes países e 43% na Itália).

Metade dos desempregados da UE estão sem trabalho há mais de um ano: a taxa é de 61% na Itália e 43% na França.

Os últimos dados mostram que a atividade econômica está reagindo, mas isso não significa um mercado de trabalho sólido em algum futuro próximo: metade dos novos empregos criados na UE são temporários.

“Quando você está desempregada, você fala para si mesma que será só por pouco tempo. Daí vira 6 meses, então um ano. E nada acontece, e você diz 'não posso mais aguentar isso'. Eu não quero assistência - eu quero trabalhar", diz ao NYT Julia Moreno, ex-babá que sofreu danos na espinha cervical.

Ela não conseguiu um emprego novo e hoje trabalha na Animal Kingdom, empresa "virtual" de produtos e serviços para animais de estimação.

Consequências

O fenômeno das companhias de mentira serve como lembrete de que o emprego tem um papel social e psicológico que vai além do econômico.

Estudos mostram que o desemprego de longo prazo tem efeitos duradouros sobre a satisfação pessoal e até sobre a taxa de suicídios.

Recentemente, um estudo publicado pelo Journal of Applied Psychology mostrou que quem procura e não acha trabalho sofre consequências até na sua própria personalidade.

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