Europeus chegam a acordo para encerrar programa de resgate da Grécia
Após constatar que o país cumpriu com 88 medidas exigidas, ministros da zona do euro aprovaram um último desembolso de 15 bilhões de euros
EFE
Publicado em 21 de junho de 2018 às 22h27.
Luxemburgo - Os ministros de Economia e Finanças da zona do euro , o Eurogrupo, chegaram nesta sexta-feira (data local), após quase dez horas de negociação, a um acordo para fechar o terceiro resgate da Grécia , segundo confirmou o ministro de Finanças francês, Bruno Le Maire.
"Encontramos um acordo sobre o pagamento da dívida grega. É um bom acordo, que deve permitir à Grécia olhar para o futuro com confiança e acelerar a recuperação", disse o ministro francês em declarações à imprensa ao final da reunião.
Esse acordo permite pôr fim a oito anos de resgates à Grécia nos quais o país terá recebido quase 300 bilhões de euros em três programas de assistência financeira estipulados em 2010, 2011 e 2015 em troca de reformas estruturais e ajustes fiscais.
"A Grécia completou com sucesso o seu programa. Alcançamos uma aterrissagem suave deste longo e difícil ajuste", disse pouco depois em entrevista coletiva o presidente do Eurogrupo, Mário Centeno, confirmando que Atenas não precisará de nenhum resgate adicional.
Em primeiro lugar os ministros certificaram o encerramento da última revisão do terceiro resgate após constatar que Atenas cumpriu com as 88 medidas exigidas, e em consequência aprovaram um último desembolso de 15 bilhões de euros.
Isto permitirá à Grécia engrossar colchões de dinheiro que terão no total 24,1 bilhões de euros, que lhe permitirão honrar seus compromissos de dívida durante os próximos 22 meses sem necessidade de recorrer a financiamentos no mercado.
Com este último desembolso, a Grécia terá recebido 61,9 bilhões de euros dos 86 bilhões que foram colocados à sua disposição, e 288,7 bilhões se forem levados em conta também os dois programas precedentes.
Por outra parte, os ministros conseguiram colocar-se de acordo sobre um pacote de medidas para tornar sustentável a dívida grega, que beira 180% do Produto Interno Bruto (PIB), o ponto mais conflituoso.
Segundo o acordo, se ampliam em dez anos os vencimentos dos empréstimos concedidos pelo Fundo Europeu de Estabilidade Financeira - o fundo de resgate predecessor do atual Mecanismo Europeu de Estabilidade - e o adiamento em dez anos da data em que se deve começar a devolver estes créditos e seus juros.
Além disso, os sócios devolverão a Atenas os juros gerados pelos bônus gregos que têm o Banco Central Europeu e os bancos centrais da zona do euro em pagamentos semestrais até 2022, o que deve representar um pagamento de 1 bilhão de euro anuais.
No entanto, esta medida estará condicionada a que Atenas não dê marcha à ré nas reformas e implemente completamente as medidas legisladas sob o programa.
As instituições vigiarão este cumprimento por meio de um programa de "vigilância reforçada" das instituições que participam do resgate - a Comissão Europeia, o Mecanismo Europeu de Estabilidade, o Banco Central Europeu - e o Fundo Monetário Internacional, que neste último programa só prestou apoio técnico.
A Grécia se comprometeu a implementar uma estratégia de crescimento, e pelo lado fiscal a manter um superávit primário de 3,5% do seu PIB até 2022 e depois a permanecer em linha com as normas comunitárias, o que, segundo os cálculos da Comissão, implicaria em mantê-lo em 2,2% de média até 2060.