Economia

Europa teme que Chipre seja um modelo a seguir

O acordo fechado protege os depósitos de menos de 100 mil euros, mas implicará em perdas importantes aos grandes poupadores, acionistas e detentores de bônus júnior e sêniors


	Homem segura moeda de 1 euro quebrada com bandeira do Chipre ao fundo: o pacto inclui a liquidação do banco Laiki, o segundo do país, e a transferência de seus depósitos ao Banco do Chipre, a maior entidade cipriota.
 (REUTERS / Sebastien Pirlet)

Homem segura moeda de 1 euro quebrada com bandeira do Chipre ao fundo: o pacto inclui a liquidação do banco Laiki, o segundo do país, e a transferência de seus depósitos ao Banco do Chipre, a maior entidade cipriota. (REUTERS / Sebastien Pirlet)

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Da Redação

Publicado em 25 de março de 2013 às 17h26.

As bolsas europeias fecharam nesta segunda-feira com grandes quedas perante o temor de que as condições de resgate ao Chipre sejam um exemplo a seguir para outros países que precisem de ajuda por problemas derivados de seu setor financeiro.

Concretamente, o mercado europeu se "tingia de vermelho" depois do pronunciamento do presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, que foi mal interpretado ao dizer que o resgate do Chipre era um exemplo a seguir para os próximos que aconteçam.

Uma ideia que foi mais tarde negada por Dijsselbloem, que através de seu porta-voz, disse que o acordo de resgate ao Chipre é "uma solução única" e negou que fosse "patrão" de futuras intervenções em bancos com problemas.

Este esclarecimento chegou tarde, já que as bolsas europeias fecharam com quedas que em alguns casos superou 2%, como na Itália e na Espanha.

A interpretação das palavras do presidente do Eurogrupo foram como um balde de água fria nas bolsas europeias, que tinham começado a sessão com alta de mais 1%, encorajadas pelo acordo alcançado pelo Chipre e os parceiros europeus em torno das condições de seu resgate.

O acordo fechado na madrugada para liberar um empréstimo de 10 bilhões de euros à ilha mediterrânea protege os depósitos de menos de 100 mil euros - garantidos pelas normas europeias -, mas implicará em perdas importantes aos grandes poupadores, acionistas e detentores de bônus júnior e sêniors.

O pacto inclui a liquidação do banco Laiki, o segundo do país, e a transferência de seus depósitos ao Banco do Chipre, a maior entidade cipriota e cujos depositantes e credores também terão que contribuir para o resgate com quantidades que ainda estão por definir.


Apesar deste acordo, as bolsas, afetadas pelas publicações que despertavam o temor de que o Chipre fora um modelo a seguir, registravam uma "espetacular reviravolta", com um final muito oposto a um início claramente de alta", segundo ressaltou o estrategista de mercados da IG Markets, Daniel Pingarrón, que explicou que já na metade do pregão, as bolsas europeias começaram a perder força.

E além do Chipre, o mercado também esteve atento nesta segunda à Itália, cujo Tesouro teve que elevar a rentabilidade de sua dívida em um leilão no qual não chegou a colocar o máximo previsto.

Além disso, o mercado de dívida se viu afetado negativamente pela interpretação das palavras do presidente do Eurogrupo, já que embora as gratificações de risco tenham começado a sessão em baixa, terminaram em alta.

A italiana subiu 14 pontos básicos e terminou em 328; a de Portugal escalou até 474 pontos básicos, desde os 464 nos quais fechou na sexta-feira e a espanhola terminou em 363 pontos.

Por sua parte, o prêmio de risco da Grécia caiu até os 1.042 pontos básicos. 

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