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EUA têm mais petróleo do que Arábia Saudita, diz consultoria

Mas metade dessas reservas são em petróleo não convencional, também chamado de xisto, que pode não ser viável se o preço do petróleo continuar tão baixo

Petróleo (ThinkStock)

João Pedro Caleiro

Publicado em 10 de julho de 2016 às 08h00.

São Paulo - Pensou em petróleo , pensou em Oriente Médio , certo? Errado.

De acordo com uma estimativa independente da consultoria Rystad Energy, os Estados Unidos têm mais reservas de petróleo do que a Arábia Saudita.

A questão é que metade dessas reservas são em petróleo não convencional, também chamado de xisto (shale oil, em inglês), que precisa ser extraído de rochas sedimentares.

O processo para isso se chama fraturamento hidráulico (fracking, em inglês) e insere água, areia e químicos para quebrar a rocha e retirar o petróleo.

O problema é que toda a água utilizada no processo retorna à superfície e os riscos ambientais são grandes.

Estudos associam a técnica à contaminação da água, tremores de terra, mortandade animal e emissões de metano.

O óleo de xisto foi uma verdadeira revolução energética nos Estados Unidos, mas como seu processo é mais caro do que a extração convencional, sua viabilidade depende de preços do petróleo altos.

E o país acabou sendo vítima do próprio sucesso: o aumento na sua oferta encontrou um cenário global de demanda fraca e ajudou a fazer o preço do petróleo despencar.

Bob Duley, presidente da British Petroleum, disse em uma conferência do setor em fevereiro que em breve as pessoas estariam enchendo suas piscinas com petróleo.

Grandes produtores convencionais, como a própria Arábia Saudita, poderiam coordenar a produção para que o preço voltasse a subir, mas preferem jogar o jogo de longo prazo e tirar de uma vez do mercado os novos produtores americanos.

Não sem consequências. O preço baixo do barril por tanto tempo erode as finanças de países como Venezuela e no Oriente Médio, que agora correm atrás de diversificação, corte de custos e novas fontes de recursos.

Os 6 países do Conselho de Cooperação do Golfo (entre eles Arábia Saudita e Catar) anunciaram recentemente que vão passar a taxar diretamente os seus cidadãos pela primeira vez.

Resumo da ópera: os Estados Unidos devem ter mesmo uma mina de ouro negro para explorar nas suas rochas, mas a lógica econômica e o bom senso ambiental talvez façam com que ela nunca saia de lá.

Vale lembrar que a estimativa da Rystad tem uma metodologia própria. Segundo outros cálculos que só consideram reservas provadas e declaradas, o país está no 9º lugar mundial. Veja:

São Paulo – As reservas globais de petróleo provadas atingiram 1,7 trihão de barris no final de 2014, quantidade suficiente para garantir exatos 52 anos e 5 meses de produção mundial de energia . Os dados são da edição 2015 do relatório estatístico anual da BP, documento de referência para o setor. Segundo o estudo, ao longo da última década, as reservas globais de petróleo cresceram 25%. Os países da Opep continuam a dominar o ranking, controlando 71,6% das reservas mundiais. Atualmente, o Brasil aparece em 15º, com 16,2 bilhões de barris, o equivalente a 1% das reservas globais provadas de petróleo. Em 1994, essa taxa era de 5,4 bilhões de barris. Na lista geral, o país está atrás da China (1,1% das reservas), Catar (1,5%), Cazaquistão (1,8%) e Nigéria (2,2%). Veja nos slides onde estão as 10 maiores reservas de petróleo no mundo, segundo o estudo da BP, que leva em conta os dados de 2014, os mais recentes disponíveis.
  • 2. 1º - Venezuela

    2 /12(Getty Images)

  • Veja também

    Participação mundial17,5%
    Reservas provadas em 2014298.3 bilhões de barris
    Reservas provadas em 200479.7 bilhões de barris
    Variação em 10 anos274,3%
  • 3. 2º - Arábia Saudita

    3 /12(Wikimedia Commons)

  • Participação mundial15,7%
    Reservas provadas em 2014267 bilhões de barris
    Reservas provadas em 2004264.3 bilhões de barris
    Variação em 10 anos1%
  • 4. 3º - Canadá

    4 /12(Wikimedia Commons)

    Participação mundial10,2%
    Reservas provadas em 2014172.9 bilhões
    Reservas provadas em 2004179.6 bilhões
    Variação em 10 anos-3,7%
  • 5. 4º - Iran

    5 /12(Essam Al-Sudani/AFP)

    Participação mundial9,3%
    Reservas provadas em 2014157.8 bilhões de barris
    Reservas provadas em 2004132.7 bilhões de barris
    Variação em 10 anos18,9%
  • 6. 5º - Iraque

    6 /12(Getty Images)

    Participação mundial8,8%
    Reservas provadas em 2014150 bilhões de barris
    Reservas provadas em 2004115 bilhões de barris
    Variação em 10 anos30,4%
  • 7. 6º - Rússia

    7 /12(Karen Bleier/AFP)

    Participação mundial6,1%
    Reservas provadas em 2014103.2 bilhões de barris
    Reservas provadas em 2004105.5 bilhões de barris
    Variação em 10 anos-2,2%
  • 8. 7º - Kuwait

    8 /12(Getty Images)

    Participação mundial6%
    Reservas provadas em 2014101.5 bilhões de barris
    Reservas provadas em 2004101.5 bilhões de barris
    Variação em 10 anosnão houve
  • 9. 8º - Emirados Árabes Unidos

    9 /12(Wikimedia Commons)

    Participação mundial5,8%
    Reservas provadas em 201497.8 bilhões de barris
    Reservas provadas em 200497.8.8 bilhões de barris
    Variação em 10 anosnão houve
  • 10. 9º - Estados Unidos

    10 /12(.)

    Participação mundial2,9%
    Reservas provadas em 201448.5 bilhões
    Reservas provadas em 200429.3 bilhões
    Variação em 10 anos65,5%
  • 11. 10º - Líbia

    11 /12(Getty Images)

    Participação mundial2,8%
    Reservas provadas em 201448.4 bilhões de barris
    Reservas provadas em 200439.1 bilhões de barris
    Variação em 10 anos23,8%
  • 12. Acima da média

    12 /12(Thinckstock)

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