Especialistas projetam mais uma alta de 0,5 ponto nos juros em setembro
Reunião do Copom desta quarta-feira (21) dividiu opiniões e gerou polêmica
Da Redação
Publicado em 22 de julho de 2010 às 10h51.
São Paulo - A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de reduzir o ritmo de alta dos juros (de 0,75 ponto para 0,5 ponto percentual) apimentou o debate entre os especialistas.
O presidente do Conselho de Administração do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (IBEF-SP), Walter Machado de Barros, avalia que os diretores do Banco Central foram precipitados ao diminuir a intensidade do aperto monetário. "Um mês e meio é pouco tempo para apontar se a economia entrou para valer num processo de desaceleração." O executivo diz que o Copom correrá o risco de constatar uma forte retomada do crescimento da atividade interna no último trimestre do ano.
Walter Machado de Barros lembra que os preços tendem a subir nos próximos meses por causa das negociações salariais de várias categorias (que podem conseguir ganhos reais, ou seja, reajuste acima da inflação), da antecipação do 13º salário e das compras natalinas.
O professor da Veris Faculdades, do Grupo Ibmec, Estevão Garcia diz que a decisão do Copom nesta quarta-feira (21) foi correta, mas o erro foi ter elevado os juros de forma muito intensa nas duas últimas reuniões. "Meio ponto percentual em abril e em junho era mais do que suficiente", avalia.
Estevão Garcia e Walter Machado de Barros projetam mais uma alta de meio ponto percentual na próxima reunião no começo de setembro. A LCA Consultores afirmou, em relatório, que "o Copom surpreendeu, mas o ciclo de elevação da Selic não pode ser considerado encerrado". A consultoria prevê "pelo menos mais um aumento, provavelmente de meio ponto".
No mercado financeiro, muitos analistas acreditam que o Banco Central encerre o ajuste monetário na próxima reunião, em setembro, para evitar qualquer polêmica no encontro seguinte, em outubro, em plena disputa eleitoral. Os especialistas entrevistados pelo site EXAME, no entanto, não acreditam que as eleições possam interferir nas decisões do Banco Central. "Os diretores do Copom estão fazendo a lição de casa para entregar a inflação sob controle para o futuro governo", diz o professor Garcia. "O jogo eleitoral não vai atrapalhar, pois o Brasil atingiu um elevado grau de maturidade", afirma o presidente do Conselho de Administração do IBEF-SP.
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