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Especialistas pedem em Davos urgência para alimentos

Aumentar a produção de alimentos, melhorar a distribuição e reduzir os preços respeitando o meio ambiente são apontados como os principais desafios para erradicar a fome

Para o diretor da FAO, o brasileiro José Graziano, o problema agora não é mais a produção, mas sim garantir "o acesso aos alimentos" aos mais pobres (Vincenzo Pinto/AFP)
DR

Da Redação

Publicado em 26 de janeiro de 2012 às 19h37.

Davos - Aumentar a produção de alimentos, melhorar a distribuição e reduzir os preços respeitando o meio ambiente são os principais desafios para erradicar a fome e alimentar uma população em crescimento exponencial, alertaram especialistas reunidos nesta quinta-feira em Davos, no Fórum Econômico.

"Cerca de 40% dos alimentos produzidos no mundo inteiro são perdidos ou desperdiçados e isso não acontece apenas nos países em desenvolvimento", lembrou o diretor-executivo do Programa Mundial de Alimentos (WFP), Josette Sheeran.

Segundo estimativas apresentadas no Fórum, para alimentar uma população mundial crescente - 7 bilhões de pessoas atualmente - será preciso aumentar a produção de alimentos em 70% até 2050.

Portanto, mais do que qualquer outro setor, a produção alimentícia global exige novos modelos de produção que aliem os produtores com os distribuidores, lembrou o presidente da Unilever, Paul Polman.

Polman participou de um debate com Bill Gates, e com o diretor da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), o brasileiro José Graziano da Silva, entre outros especialistas presentes no Fórum.

Segundo os especialistas presentes no evento, será preciso investir 80 bilhões de dólares por ano nos próximos anos para aumentar a produção em 30%, mas o grande desafio é como combinar o aumento da produção com uma melhoria na distribuição e com uma redução das emissões de C02 e do aquecimento do planeta, além de garantir o acesso à água.

A vontade política seria o primeiro passo, alertaram, principalmente do G20, que reúne emergentes e países desenvolvidos.

O ministro da Agricultura francês, Bruno Le Maire, cujo país foi capaz de colocar na agenda do G20 o tema da segurança alimenta


r, disse que há atualmente vontade política para enfrentar este desafio, mas é preciso transformá-la em novas medidas práticas de apoio financeiro.

"Neste sentido, os empréstimos a pequenos agricultores são essenciais contra desastres climáticos", disse Stefan Lippe, presidente da empresa suíça de seguros Swiss Re.

O presidente da multinacional suíça Nestlé, Peter Brabeck-Letmathe, também alertou que a escassez de água vai aumentar nas próximas duas décadas, reduzindo a produção de cereais em um terço, o que pode aumentar as revoltas sociais.

Já para o bilionário Bill Gates, fundador da Microsoft, o mais importante é que Brasil e China, duas das maiores potências agrícolas do planeta, participem ativamente do G20.

"Uma maior consciência das emergências dos países pobres, combinada com os interesses do setor privado, poderia aumentar a produção significativamente", disse Gates, que alertou, no entanto, que "o capitalismo não resolve tudo."

"A África, o continente mais afetado pela fome, é apresentado como uma grande reserva de terras agricultáveis, especialmente cobiçada pela China, que está fazendo grandes investimentos no continente", lembrou o ministro das Finanças da Nigéria, Ngozi Okonjo-Iweala, que reconheceu que seu país importa alimentos que poderiam ser produzidos localmente.

Mas, segundo ele, é necessário mudar a cadeia alimentar - produção, transformação e infraestrutura - e estreitar os laços entre os pequenos produtores e as empresas comerciais, criando um quadro de sustentabilidade e geração de emprego.

Para Graziano, inicialmente responsável pelo Fome Zero, movimento de sucesso no Brasil, o problema agora não é mais a produção, mas sim garantir "o acesso aos alimentos" aos mais pobres.

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Davos - Aumentar a produção de alimentos, melhorar a distribuição e reduzir os preços respeitando o meio ambiente são os principais desafios para erradicar a fome e alimentar uma população em crescimento exponencial, alertaram especialistas reunidos nesta quinta-feira em Davos, no Fórum Econômico.

"Cerca de 40% dos alimentos produzidos no mundo inteiro são perdidos ou desperdiçados e isso não acontece apenas nos países em desenvolvimento", lembrou o diretor-executivo do Programa Mundial de Alimentos (WFP), Josette Sheeran.

Segundo estimativas apresentadas no Fórum, para alimentar uma população mundial crescente - 7 bilhões de pessoas atualmente - será preciso aumentar a produção de alimentos em 70% até 2050.

Portanto, mais do que qualquer outro setor, a produção alimentícia global exige novos modelos de produção que aliem os produtores com os distribuidores, lembrou o presidente da Unilever, Paul Polman.

Polman participou de um debate com Bill Gates, e com o diretor da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), o brasileiro José Graziano da Silva, entre outros especialistas presentes no Fórum.

Segundo os especialistas presentes no evento, será preciso investir 80 bilhões de dólares por ano nos próximos anos para aumentar a produção em 30%, mas o grande desafio é como combinar o aumento da produção com uma melhoria na distribuição e com uma redução das emissões de C02 e do aquecimento do planeta, além de garantir o acesso à água.

A vontade política seria o primeiro passo, alertaram, principalmente do G20, que reúne emergentes e países desenvolvidos.

O ministro da Agricultura francês, Bruno Le Maire, cujo país foi capaz de colocar na agenda do G20 o tema da segurança alimenta


r, disse que há atualmente vontade política para enfrentar este desafio, mas é preciso transformá-la em novas medidas práticas de apoio financeiro.

"Neste sentido, os empréstimos a pequenos agricultores são essenciais contra desastres climáticos", disse Stefan Lippe, presidente da empresa suíça de seguros Swiss Re.

O presidente da multinacional suíça Nestlé, Peter Brabeck-Letmathe, também alertou que a escassez de água vai aumentar nas próximas duas décadas, reduzindo a produção de cereais em um terço, o que pode aumentar as revoltas sociais.

Já para o bilionário Bill Gates, fundador da Microsoft, o mais importante é que Brasil e China, duas das maiores potências agrícolas do planeta, participem ativamente do G20.

"Uma maior consciência das emergências dos países pobres, combinada com os interesses do setor privado, poderia aumentar a produção significativamente", disse Gates, que alertou, no entanto, que "o capitalismo não resolve tudo."

"A África, o continente mais afetado pela fome, é apresentado como uma grande reserva de terras agricultáveis, especialmente cobiçada pela China, que está fazendo grandes investimentos no continente", lembrou o ministro das Finanças da Nigéria, Ngozi Okonjo-Iweala, que reconheceu que seu país importa alimentos que poderiam ser produzidos localmente.

Mas, segundo ele, é necessário mudar a cadeia alimentar - produção, transformação e infraestrutura - e estreitar os laços entre os pequenos produtores e as empresas comerciais, criando um quadro de sustentabilidade e geração de emprego.

Para Graziano, inicialmente responsável pelo Fome Zero, movimento de sucesso no Brasil, o problema agora não é mais a produção, mas sim garantir "o acesso aos alimentos" aos mais pobres.

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