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Era do petróleo barato está chegando ao fim

Para Jim Heskett, professor da Harvard Business School, governos e empresas devem buscar agora fontes alternativas de energia

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h04.

A era dos combustíveis fósseis baratos está terminando, e o mundo precisa se preparar para outras fontes de energia. A afirmação é de Jim Heskett, professor da Harvard Business School. Em seu artigo "Como nos prepararmos para um mundo sem petróleo barato?", publicado pelo boletim eletrônico Working Knowledge da Harvard, Heskett observa que uma conjunção de fatores contribui para um aumento consistente dos preços do petróleo.

O professor afirma que, em breve, o mundo enfrentará um progressivo declínio na produção deste combustível. Ao mesmo tempo, a demanda por esta fonte de energia está crescendo, baseada sobretudo na expansão econômica da Ásia. Em conjunto, esses dois fatores indicam que as recentes altas do barril do petróleo não são passageiras e que os preços passarão a se manter acima dos 40 dólares por barril, valor que foi considerado, por muito tempo, insustentável inclusive pelos países produtores do óleo cru.

"Esses fatos nos colocam questões sobre como o mundo poderá se ajustar a uma era de energia mais cara e por quanto tempo terá de fazê-lo", afirma Heskett em seu artigo. Entre as opções, três alternativas destacam-se. A primeira é confiar que o mercado encontrará um novo ponto de equilíbrio. A segunda consiste no apoio governamental ao desenvolvimento de fontes alternativas de energia, como as células de hidrogênio e outras tecnologias. A última envolve a atuação conjunta dos países que mais consomem energia para estimular o uso mais eficiente dos combustíveis. Essa mobilização seria semelhante, conforme Heskett, à que culminou com o Protocolo de Kyoto para a redução mundial das emissões de poluentes (leia também reportagem de EXAME sobre a estatal francesa Areva, dedicada à energia nuclear).

Segundo Heskett, as sugestões são semelhantes àquelas surgidas durante os primeiros choques do petróleo, nos anos 70. Tal como hoje, os diversos governos, como o americano, enfrentavam o dilema de confiar nas forças do mercado para encontrar um novo ponto de equilíbrio entre demanda e oferta ou de promover políticas de intervenção para incentivar a redução do consumo de combustíveis fósseis e o desenvolvimento de fontes alternativas.

Citando o autor do livro The End of Oil, Paul Roberts, Heskett faz uma afirmação pessimista: a pesquisa de novas opções energéticas não está no horizonte imediato de ninguém nem de empresas, nem de governos. Isto porque toda pesquisa envolve custos e riscos que poucos estão dispostos a bancar, porque os colocaria numa posição de desvantagem competitiva em relação a quem usa petróleo. Conforme Heskett, apesar de cada vez mais caro, o óleo cru tem a vantagem de ser tecnologicamente conhecido e disseminado. Para Heskett, o resultado é que há uma corrida das empresas para consumir petróleo o mais rápido possível, só interrompida por esforços eventuais de governos e lideranças locais.

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