Enquanto África do Sul reabre economia, banqueiros ficam em casa
Enquanto fabricantes, mineradoras e outros setores se preparam para receber funcionários, bancos concluíram que não há necessidade de voltar imediatamente
João Pedro Caleiro
Publicado em 27 de maio de 2020 às 11h28.
Última atualização em 27 de maio de 2020 às 13h24.
O diretor-presidente do Investec, Fani Titi, viu um sinal do que estava por vir quando visitou a sede do banco na semana passada.
As escadas rolantes geralmente agitadas no prédio de quatro andares em Sandton, capital comercial da África do Sul, estavam assustadoramente silenciosas. Ele era um dos apenas 440 funcionários de um conjunto de escritórios normalmente ocupado por um número 10 vezes maior.
Dois meses após a paralisação da economia para conter a propagação do coronavírus, o governo da África do Sul se prepara para aliviar as restrições que permitirão que mais 8 milhões de pessoas retornem ao trabalho.
Enquanto fabricantes, mineradoras e diversos setores se preparam para receber seus funcionários, bancos chegaram à conclusão de que não há necessidade de voltar imediatamente.
“Decidimos que podemos trabalhar de maneira muito eficaz fora dos edifícios”, disse Titi em entrevista. “No quarto trimestre do ano, podemos ver um aumento. Mas acho que nunca voltaremos a uma situação em que você terá aproximadamente 95% da equipe em um só lugar.”
No domingo, o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, disse que o governo permitirá que a maioria dos setores retome as operações em 1º de junho, um mês depois de ter começado a flexibilizar um dos mais rígidos confinamentos do mundo para reativar a economia, que encolhe rapidamente.
Líderes empresariais alertaram que, a menos que o presidente tome medidas rapidamente, 4 milhões poderão perder o emprego.
Bancos foram autorizados a manter agências abertas durante todo o bloqueio. Como a Investec, rivais como o Nedbank, Absa e FirstRand esperam manter a maioria dos funcionários em casa quando as restrições diminuírem.
Os escritórios do Standard Bank no centro de Joanesburgo, que normalmente são ocupados por 16 mil pessoas, têm apenas 3 mil trabalhadores essenciais nas unidades.
Para facilitar a transição para o trabalho remoto, a Investec introduziu encontros virtuais nas sextas à noite. Uma sessão foi acompanhada por um jogador de futebol famoso e outra teve uma pessoa da equipe tocando violão enquanto outros bebiam uísque.
Ainda assim, a mudança veio com desafios, disse o CEO da Investec.
“O impacto psicológico nas pessoas tem sido significativo”, disse Titi. “A ideia de ficar trancado em um quarto em casa sem contato com as pessoas e sem o tipo de interação comum na Investec tem sido uma experiência difícil.”