Embaixador vê pessimismo em representantes do BRICs
Para o embaixador Rubens Barbosa, que mediou uma mesa-redonda sobre o tema, promovida pela Fiesp, os acadêmicos avaliam ser difícil chegar a uma agenda comum os países
Da Redação
Publicado em 31 de julho de 2012 às 15h22.
São Paulo - Os países participantes do BRICs (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) ainda mostram pessimismo com a representatividade do grupo em núcleos de decisões globais, como o G20. Para o embaixador Rubens Barbosa, que mediou nesta terça-feira uma mesa-redonda sobre o tema, promovida pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), os acadêmicos do BRICs avaliam ser difícil chegar a uma agenda comum dos cinco países. As diferenças entre as nações seriam não só históricas e culturais, mas também políticas e econômicas.
"Há o que eles chamam de agenda Eurásica, com China, Rússia e Índia, que não é exatamente consensual. O consenso existe em aspectos pontuais, especialmente os econômicos", disse, lembrando que também há temas conflituosos como a questão cambial, já que a China não apoia e não tem câmbio flutuante. "Mesmo assim a China é o maior parceiro comercial o Brasil."
Pelo lado econômico, os países procuram ampliar sua importância com a criação de um banco de desenvolvimento dos BRICs, que financie obras de infraestrutura dos integrantes. Ao mesmo tempo, os cinco países juntos têm reservas financeiras de US$ 4,5 trilhões, o que poderia contribuir para a instituição de um fundo comum, que funcionaria como uma fonte de segurança e, essencialmente, de credibilidade no mercado.
Ainda não há cronogramas, nem para o banco nem para o fundo, mas o caminho para ganhar espaço em fóruns de decisão, como o G20 e o Fundo Monetário Internacional, será o financeiro. "Ainda é virtual, mas consensual", descreve o embaixador.
FMI
O diretor executivo do Brasil e mais oito países no FMI, Paulo Nogueira Batista Junior, que vê o Brasil como principal beneficiário do BRICs, avalia que o bloco ganhou representatividade política e econômica nos grandes fóruns globais. Como exemplo, lembra que os BRICs originais são "cabeça de cadeira" na diretoria do FMI, com exceção da África do Sul, que está sub-representada.
"Quando cheguei a Washington, em 2007, os BRICs não existiam. Havia uma sigla, mas os países não atuavam. A atuação começou em 2008, com iniciativa da Rússia, e mesmo com altos e baixos ela tem sido a principal aliança no FMI e no G20 desde 2008", disse Nogueira Batista Jr.
Além disso, os ministros das Finanças do BRICs se reúnem pelo menos três vezes por ano e mantêm contato. "São nações com capacidade de atuar de forma autônoma por terem grande dimensão econômica, geográfica e populacional", afirma, esclarecendo que a maioria dos demais emergentes é mais dependente dos Estados Unidos ou Europa.
São Paulo - Os países participantes do BRICs (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) ainda mostram pessimismo com a representatividade do grupo em núcleos de decisões globais, como o G20. Para o embaixador Rubens Barbosa, que mediou nesta terça-feira uma mesa-redonda sobre o tema, promovida pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), os acadêmicos do BRICs avaliam ser difícil chegar a uma agenda comum dos cinco países. As diferenças entre as nações seriam não só históricas e culturais, mas também políticas e econômicas.
"Há o que eles chamam de agenda Eurásica, com China, Rússia e Índia, que não é exatamente consensual. O consenso existe em aspectos pontuais, especialmente os econômicos", disse, lembrando que também há temas conflituosos como a questão cambial, já que a China não apoia e não tem câmbio flutuante. "Mesmo assim a China é o maior parceiro comercial o Brasil."
Pelo lado econômico, os países procuram ampliar sua importância com a criação de um banco de desenvolvimento dos BRICs, que financie obras de infraestrutura dos integrantes. Ao mesmo tempo, os cinco países juntos têm reservas financeiras de US$ 4,5 trilhões, o que poderia contribuir para a instituição de um fundo comum, que funcionaria como uma fonte de segurança e, essencialmente, de credibilidade no mercado.
Ainda não há cronogramas, nem para o banco nem para o fundo, mas o caminho para ganhar espaço em fóruns de decisão, como o G20 e o Fundo Monetário Internacional, será o financeiro. "Ainda é virtual, mas consensual", descreve o embaixador.
FMI
O diretor executivo do Brasil e mais oito países no FMI, Paulo Nogueira Batista Junior, que vê o Brasil como principal beneficiário do BRICs, avalia que o bloco ganhou representatividade política e econômica nos grandes fóruns globais. Como exemplo, lembra que os BRICs originais são "cabeça de cadeira" na diretoria do FMI, com exceção da África do Sul, que está sub-representada.
"Quando cheguei a Washington, em 2007, os BRICs não existiam. Havia uma sigla, mas os países não atuavam. A atuação começou em 2008, com iniciativa da Rússia, e mesmo com altos e baixos ela tem sido a principal aliança no FMI e no G20 desde 2008", disse Nogueira Batista Jr.
Além disso, os ministros das Finanças do BRICs se reúnem pelo menos três vezes por ano e mantêm contato. "São nações com capacidade de atuar de forma autônoma por terem grande dimensão econômica, geográfica e populacional", afirma, esclarecendo que a maioria dos demais emergentes é mais dependente dos Estados Unidos ou Europa.