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Ele previu ascensão e queda da China; agora alerta a crise

Hao Hong, estrategista-chefe da Bocom International, diz que país será impactado pelas mesmas forças que provocaram crises ao redor do mundo nas últimas décadas

Hao Hong, estrategista-chefe da Bocom International, diz que país será impactado pelas mesmas forças que provocaram crises ao redor do mundo nas últimas décadas (Reprodução/Bloomberg)
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Da Redação

Publicado em 23 de dezembro de 2015 às 14h43.

Hong Kong – Um dos poucos analistas que previram tanto o início quanto o auge da expansão acionária da China agora alerta que o país será impactado pelas mesmas forças que provocaram crises financeiras ao redor do mundo nas últimas quatro décadas.

Hao Hong, estrategista-chefe da Bocom International Holdings Co. para a China em Hong Kong , diz que a escassez de dólares foi a característica comum da queda do petróleo nos anos 1970, da crise da dívida latino-americana nos anos 1980, do colapso das moedas asiáticas em 1997 e da crise global de 2008.

No ano que vem haverá aumentos das taxas de juros do Federal Reserve, uma melhora do equilíbrio das contas-correntes dos EUA e um dólar mais forte, colocando pressão sobre as partes mais alavancadas da segunda maior economia do mundo, diz ele.

“Historicamente, toda vez que a conta-corrente dos EUA melhorou, e ao mesmo tempo o dólar estava forte, algum país em alguma parte do mundo entrou em algum tipo de crise”, disse Hong.

“A pressão imposta pelo aperto do Fed e, portanto, o cenário de falta de liquidez em dólares provavelmente se mostrará no mercado imobiliário de Hong Kong e também nos empréstimos on-line e nos bonds corporativos de altos yields da China", disse ele em entrevista.

O yuan, que durante muitos anos foi o carry trade mais rentável da Ásia quando ajustado pela volatilidade, perdeu 4,2 por cento em relação ao dólar em 2015 porque a vantagem de yield da dívida soberana da China em relação aos títulos do Tesouro dos EUA atingiu o menor nível em cinco anos. As empresas chinesas, que tomaram empréstimos em moeda estrangeira a um ritmo recorde nos últimos três anos, agora estão comprando dólares para se protegerem dos prejuízos.

O chamado dinheiro quente que entrou na China com falsas faturas de exportação e aquisições de metais e com investimentos estrangeiros disfarçados agora está a caminho da saída.

“Todas as estradas para o inferno são pavimentadas por um carry positivo”, disse Hong. “Nos últimos anos, um dos maiores carry trades era fazer dívidas em dólares sem hedge, devido à expectativa unidirecional de apreciação do yuan. Estamos vendo as empresas pagando as dívidas denominadas em dólares rapidamente e, portanto, aliviando parte dos riscos, mas não todos”.

Desvalorização do yuan

O yuan subiu 13 por cento em relação ao dólar no período de quatro anos até 2013, antes de recuar 2,4 por cento em 2014. A perda deste ano deverá ser a maior em mais de duas décadas.

A razão Sharpe da moeda, um indicador das recompensas que leva em conta os riscos tomados pelos investidores, está no nível mais alto entre 22 mercados emergentes para o período desde 2010, refletindo seu apelo para os investidores que compram moedas de alto rendimento com recursos emprestados de países com taxas de juros mais baixas.

Com a explosão dos serviços financeiros on-line, o montante total de empréstimos P2P em circulação na China permaneceu em 351 bilhões de yuans (US$ 54 bilhões) em outubro, segundo a iResearch Consulting Group, e Hong ressaltou que trata-se de uma área que experimentou um robusto aumento na alavancagem. Os preços imobiliários em Hong Kong, que mais do que dobraram em relação a 2009, poderão cair até 20 por cento nos próximos três a seis meses, projetou a Bocom.

A emissão de bonds em dólares por empresas chinesas aumentou todos os anos desde 2008, subindo a um total recorde de US$ 94 bilhões em 2015, contra US$ 2,4 bilhões sete anos atrás.

O prêmio de yield que os investidores exigem para manter bonds chineses denominados em dólares e de alto rendimento em vez de títulos do Tesouro dos EUA atingiu o nível mais baixo em dois anos em outubro, de 607 pontos-base, e estava em 705 pontos-base em 22 de dezembro, segundo dados do Bank of America Merrill Lynch. O diferencial de crédito “não é suficiente para justificar seus riscos”, disse Hong.

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No ano que vem haverá aumentos das taxas de juros do Federal Reserve, uma melhora do equilíbrio das contas-correntes dos EUA e um dólar mais forte, colocando pressão sobre as partes mais alavancadas da segunda maior economia do mundo, diz ele.

“Historicamente, toda vez que a conta-corrente dos EUA melhorou, e ao mesmo tempo o dólar estava forte, algum país em alguma parte do mundo entrou em algum tipo de crise”, disse Hong.

“A pressão imposta pelo aperto do Fed e, portanto, o cenário de falta de liquidez em dólares provavelmente se mostrará no mercado imobiliário de Hong Kong e também nos empréstimos on-line e nos bonds corporativos de altos yields da China", disse ele em entrevista.

O yuan, que durante muitos anos foi o carry trade mais rentável da Ásia quando ajustado pela volatilidade, perdeu 4,2 por cento em relação ao dólar em 2015 porque a vantagem de yield da dívida soberana da China em relação aos títulos do Tesouro dos EUA atingiu o menor nível em cinco anos. As empresas chinesas, que tomaram empréstimos em moeda estrangeira a um ritmo recorde nos últimos três anos, agora estão comprando dólares para se protegerem dos prejuízos.

O chamado dinheiro quente que entrou na China com falsas faturas de exportação e aquisições de metais e com investimentos estrangeiros disfarçados agora está a caminho da saída.

“Todas as estradas para o inferno são pavimentadas por um carry positivo”, disse Hong. “Nos últimos anos, um dos maiores carry trades era fazer dívidas em dólares sem hedge, devido à expectativa unidirecional de apreciação do yuan. Estamos vendo as empresas pagando as dívidas denominadas em dólares rapidamente e, portanto, aliviando parte dos riscos, mas não todos”.

Desvalorização do yuan

O yuan subiu 13 por cento em relação ao dólar no período de quatro anos até 2013, antes de recuar 2,4 por cento em 2014. A perda deste ano deverá ser a maior em mais de duas décadas.

A razão Sharpe da moeda, um indicador das recompensas que leva em conta os riscos tomados pelos investidores, está no nível mais alto entre 22 mercados emergentes para o período desde 2010, refletindo seu apelo para os investidores que compram moedas de alto rendimento com recursos emprestados de países com taxas de juros mais baixas.

Com a explosão dos serviços financeiros on-line, o montante total de empréstimos P2P em circulação na China permaneceu em 351 bilhões de yuans (US$ 54 bilhões) em outubro, segundo a iResearch Consulting Group, e Hong ressaltou que trata-se de uma área que experimentou um robusto aumento na alavancagem. Os preços imobiliários em Hong Kong, que mais do que dobraram em relação a 2009, poderão cair até 20 por cento nos próximos três a seis meses, projetou a Bocom.

A emissão de bonds em dólares por empresas chinesas aumentou todos os anos desde 2008, subindo a um total recorde de US$ 94 bilhões em 2015, contra US$ 2,4 bilhões sete anos atrás.

O prêmio de yield que os investidores exigem para manter bonds chineses denominados em dólares e de alto rendimento em vez de títulos do Tesouro dos EUA atingiu o nível mais baixo em dois anos em outubro, de 607 pontos-base, e estava em 705 pontos-base em 22 de dezembro, segundo dados do Bank of America Merrill Lynch. O diferencial de crédito “não é suficiente para justificar seus riscos”, disse Hong.

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