Economistas criticam papel do Brasil no Mercosul
Questão cambial foi citada pelos especialistas como um item a ser inserido nas negociações entre os países
Da Redação
Publicado em 21 de setembro de 2013 às 13h39.
São Paulo - Especialistas em comércio internacional presentes neste sábado, 21, a um evento sobre agronegócios criticaram de maneira contundente a estratégia do Brasil no Mercosul. As críticas negativas ao Mercosul foram inicialmente comentadas no evento pela senadora e presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Kátia Abreu (PSD-TO), mas continuaram em outro painel.
Para a professora e pesquisadora da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV) e coordenadora do Centro do Comércio Global e do Investimento do Algodão, Vera Thorstensen, o Mercosul não "agrega em nada, não acrescenta". "O Brasil não ganha negociando em conjunto. O País tem que ficar com um espaço maior no comércio mundial e por estar fora dos acordos é um negociador passivo: só está aceitando regras e não está agindo como um decisor (maker)", declarou.
Para o ex-embaixador do Brasil na China, Clodoaldo Hugueney, o Mercosul é um "impedimento e entrave para entrada do Brasil no comércio mundial". Para ele, a situação de agora só reforça a importância de olhar mais atentamente para a agenda futura. "O Brasil tem que ser rápido em achar seu caminho para não ser prejudicado. O agronegócio brasileiro tem um futuro brilhante. Hoje o País e líder, mas é preciso que se articule sozinho, olhe para o mundo e mostre suas posições em assuntos estratégicos", ressaltou.
Para o diretor de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Fiesp, Roberto Giannetti da Fonseca, é necessário haver uma rápida revisão do Mercosul. "O bloco comercial teve seu papel, uma história sucedida, mas agora é uma camisa de força que impede o Brasil de negociar. Temos que passar para negociações em individualizadas", disse.
Câmbio
A questão cambial foi citada pelos especialistas como um item a ser inserido nas negociações entre os países. Giannetti da Fonseca informou que, na sexta-feira, 20, os Estados Unidos admitiram, em uma negociação de um acordo comercial, que será necessária a inclusão de regras e cláusulas de câmbio no contrato. "Para se ver como o assunto está ganhando mais relevância", declarou.
"Não adianta somente negociar cota com mercados. A ferramenta cota onde exportações são vendidas a tarifas menores ou até sem taxas é velha. O câmbio está 'comendo' a cota", completou a professora e pesquisadora Vera. A volatilidade do câmbio cria um ambiente de incertezas para o comércio global e atrapalha os negócios, adicionou Hugueney.
O ex-embaixador Hugueney ainda comentou que o ciclo de auge de alta dos preços das commodities terminou. "Mas não acho que virá uma queda acentuada. Demanda pela soja é crescente, por exemplo", avaliou. Os executivos participam do Fórum Nacional de Agronegócios, promovido pelo LIDE - Grupo de Líderes Empresariais.
São Paulo - Especialistas em comércio internacional presentes neste sábado, 21, a um evento sobre agronegócios criticaram de maneira contundente a estratégia do Brasil no Mercosul. As críticas negativas ao Mercosul foram inicialmente comentadas no evento pela senadora e presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Kátia Abreu (PSD-TO), mas continuaram em outro painel.
Para a professora e pesquisadora da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV) e coordenadora do Centro do Comércio Global e do Investimento do Algodão, Vera Thorstensen, o Mercosul não "agrega em nada, não acrescenta". "O Brasil não ganha negociando em conjunto. O País tem que ficar com um espaço maior no comércio mundial e por estar fora dos acordos é um negociador passivo: só está aceitando regras e não está agindo como um decisor (maker)", declarou.
Para o ex-embaixador do Brasil na China, Clodoaldo Hugueney, o Mercosul é um "impedimento e entrave para entrada do Brasil no comércio mundial". Para ele, a situação de agora só reforça a importância de olhar mais atentamente para a agenda futura. "O Brasil tem que ser rápido em achar seu caminho para não ser prejudicado. O agronegócio brasileiro tem um futuro brilhante. Hoje o País e líder, mas é preciso que se articule sozinho, olhe para o mundo e mostre suas posições em assuntos estratégicos", ressaltou.
Para o diretor de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Fiesp, Roberto Giannetti da Fonseca, é necessário haver uma rápida revisão do Mercosul. "O bloco comercial teve seu papel, uma história sucedida, mas agora é uma camisa de força que impede o Brasil de negociar. Temos que passar para negociações em individualizadas", disse.
Câmbio
A questão cambial foi citada pelos especialistas como um item a ser inserido nas negociações entre os países. Giannetti da Fonseca informou que, na sexta-feira, 20, os Estados Unidos admitiram, em uma negociação de um acordo comercial, que será necessária a inclusão de regras e cláusulas de câmbio no contrato. "Para se ver como o assunto está ganhando mais relevância", declarou.
"Não adianta somente negociar cota com mercados. A ferramenta cota onde exportações são vendidas a tarifas menores ou até sem taxas é velha. O câmbio está 'comendo' a cota", completou a professora e pesquisadora Vera. A volatilidade do câmbio cria um ambiente de incertezas para o comércio global e atrapalha os negócios, adicionou Hugueney.
O ex-embaixador Hugueney ainda comentou que o ciclo de auge de alta dos preços das commodities terminou. "Mas não acho que virá uma queda acentuada. Demanda pela soja é crescente, por exemplo", avaliou. Os executivos participam do Fórum Nacional de Agronegócios, promovido pelo LIDE - Grupo de Líderes Empresariais.