Economia

Economista Milton Friedman morre aos 94 anos

Prêmio Nobel em 1976, Friedman foi um dos principais expoentes da corrente ortodoxa, que defendia uma presença mínima do Estado na economia

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h23.

O economista Milton Friedman morreu nesta quinta-feira (16/11), aos 94 anos. Friedman, que ganhou o Prêmio Nobel de Economia em 1976, foi um dos grandes pensadores do pós-guerra e liderou a corrente ortodoxa, que se opôs ao pensamento de John Maynard Keynes. Herdeiro do pensamento liberal de Adam Smith, o economista é equiparado, por seus admiradores, a personalidades como Keynes, Joseph Schumpeter e Paul Samuelson.

Ao contrário de Keynes, que defendia que o Estado tinha a obrigação de intervir no capitalismo, a fim de prevenir a economia de períodos de recessão e de fortes surtos de desenvolvimento, Friedman afirmava que é necessário deixar as forças produtivas livres para agir. O Estado não deveria intervir no livre mercado. A única situação em que o governo pode interferir, segundo Friedman, é para controlar a oferta de moeda em circulação.

Suas idéias foram cruciais para compor o pensamento da chamada Escola de Chicago, composto por um grupo de economistas ortodoxos do Departamento de Economia da Universidade de Chicago.

Friedman não foi apenas uma referência no pensamento econômico mundial. O economista também inovou a própria forma como os debates são conduzidos na área. "Muitos departamentos de Economia funcionam como clubes; mas, no de Chicago, você é valorizado pela qualidade do que publica", afirma James Heckman, membro do Departamento de Economia da Universidade e outro vencedor do Nobel. O desejo de Friedman era criar um ambiente no qual pensadores independentes fossem encorajados a formular conceitos não-convencionais.

"Libertário"

Os seguidores de Friedman também destacam sua veia libertária. Como um ferrenho defensor das liberdades individuais, o economista defendeu a legalização das drogas e se opôs à educação pública e ao poder do Estado de regulamentar a vida dos cidadãos.

Suas críticas alcançaram até a prerrogativa do Estado de conceder licenças para motoristas. Quando criticado por suas idéias, Friedman argumentava que qualquer tipo de regulamentação do comportamento humano ou não funciona ou acaba criando burocracias ineficientes.

Durante o longo período de prosperidade que se seguiu à Segunda Guerra Mundial (1939-1945), quando o keynesianismo dominou o panorama econômico, Friedman foi uma voz solitária a alertar sobre os problemas que se aproximavam. Em sua visão, a crise que viria seria decorrente da própria política pregada por Keynes.

Já nos anos 60, o economista antecipou que o mundo enfrentaria um cenário nebuloso, composto por elevado desemprego e inflação crescente. A previsão se materializou nos anos 70 e recebeu o nome de estagflação - a combinação de preços em alta e economia desacelerada.

O pensamento de Friedman influenciou fortemente grandes líderes políticos, como o ex-presidente americano Ronald Reagan e sua contemporânea, a ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher. Suas idéias também serviram de inspiração para a crescente oposição ao regime comunista nos países do Leste Europeu. Vaclav Klaus, que mais tarde se tornaria o primeiro-ministro da República Tcheca, foi um dos que seguiram as lições do economista de Chicago na construção de um novo modelo econômico para as ex-repúblicas socialistas.

"Acidentes"

Friedman nasceu no Brooklyn, em 31 de julho de 1912, filho de Jone S. Friedman e Sarah Landu Friedman. O economista teve ainda três irmãs. Quando pequeno, mudou-se com a família para Nova Jersey, onde seus pais abriram uma loja de roupas. Friedman ingressou na Rutgers University em 1929, ano da quebra da Bolsa de Nova York.

O economista costumava atribuir seu sucesso a vários "acidentes". O primeiro foi a imigração de seus pais, ainda adolescentes, da Tchecoslováquia para a América, o que permitiu que Friedman nascesse sob o regime do livre mercado, e não em um país socialista. O segundo foi a habilidade a simpatia que um professor colegial foi capaz de lhe despertar pela matemática. O terceiro foi ganhar uma bolsa de estudos na Rutgers, quando seu pai já era falecido e ele precisava desse apoio para seguir nos estudos.

O último "acidente" foi casar-se casar-se com Rose Director, a quem conheceu no curso de teoria econômica em Chicago. Após alcançar a fama por suas idéias, Friedman costumava dizer que muitas pessoas relutavam em desafiá-lo. "As pessoas não podem simplesmente dizer que estou errado, mas Rose [sua esposa] pode".

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