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Economia mundial é frágil e enfrenta "calma apreensiva"

Uma retomada da crise da dívida soberana da zona do euro ou forte alta dos preços do petróleo devido a incertezas geopolíticas podem afetar a economia mundial

A expectativa para economias emergentes e em desenvolvimento é de crescimento de 5,7 % neste ano e de 6 % em 2013, ante 5,4 % e 5,9 % previstos em janeiro último (Mandel Ngan/AFP)
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Da Redação

Publicado em 17 de abril de 2012 às 14h14.

Washington - O crescimento global está lentamente melhorando conforme a recuperação dos Estados Unidos ganha força e os perigos provenientes da Europa retrocedem, mas os riscos continuam elevados e a situação é muito frágil, disse o Fundo Monetário Internacional (FMI) nesta terça-feira.

Uma retomada da crise da dívida soberana da zona do euro ou forte alta dos preços do petróleo devido a incertezas geopolíticas podem afetar a economia mundial, agora que as tensões na zona do euro acalmaram, afirmou o FMI.

"Uma calma apreensiva continua. Existe a sensação de que em algum momento as coisas podem muito bem ficar ruins de novo", disse o economista-chefe do FMI, Olivier Blanchar, a repórteres ao detalhar o relatório Perspectiva Econômica Mundial.

"Nossa estimativa referencial é de baixo crescimento em países avançados, especialmente na Europa, mas com riscos de queda extremamente presentes", acrescentou.

A economia global está no caminho para crescer neste ano em 3,5 %, e em 4,1 % em 2013, com leve alta ante os 3,3 % e os 3,9 % previstos pelo FMI em janeiro, quando aumentava a preocupação do mercado de que a Grécia poderia dar default e a Itália e a Espanha enfrentavam crises orçamentárias.

Desde então, Atenas reestruturou sua dívida, a Itália e a Espanha estão adotando rígidas medidas fiscais e líderes da zona do euro concordaram em ampliar seu fundo de resgate, provocando alívios nas tensões do mercado.

Os Estados Unidos, por sua vez, estão gradualmente ganhando força, enquanto a China e outras economias emergentes parecem no caminho para registrar desacelerações graduais, disse o FMI.


Mas os ganhos são precários. Se a crise da zona do euro surgir mais uma vez, pode provocar um fluxo de ativos de risco e retirar 2 % do crescimento global em dois anos e 3,5 % da zona do euro, alertou o Fundo.

Além disso, um aumento de 50 % no preço do petróleo reduziria a produção global em 1,2 %, completou.

Para garantir a recuperação global, o FMI pediu aos bancos centrais nos Estados Unidos, na zona do euro e no Japão que se preparem para mais afrouxamentos monetários; aos governos que exercitem cautela em relação ao ritmo de cortes orçamentários se forem factíveis; e que a Europa avalie usar fundos públicos para recapitalizar os bancos.

EUA melhoram

Apesar de os líderes europeus terem feito "progressos importantes" na construção de muros de proteção contra o contágio financeiro, a região enfrenta um equilíbrio delicado entre cortes na dívida do governo e reconstrução da competitividade sem sufocar excessivamente o crescimento, avaliou o Fundo.

Bancos europeus também estão desalavancando, o que reduzirá seus balanços em 2,6 trilhões de dólares nos próximos dois anos e cortará cerca de 1 ponto porcentual do crescimento somente neste ano.

"Notícias ruins sobre as frentes macroeconômica ou política ainda carregam o risco de disparar o tipo de dinâmica que vimos na última queda", disse o FMI.

A zona do euro deve enfrentar uma pequena recessão este ano, encolhendo 0,3 % e depois registrando crescimento de 0,9 % em 2013, completou o Fundo.

Isso é uma pequena melhora ante a contração de 0,5 % seguida por um crescimento de 0,8 %, de acordo com a previsão de janeiro.


Os Estados Unidos, enquanto isso, estão "saindo da situação por seus próprios meios", diante da melhora das condições domésticas, disse o FMI, embora o ritmo de crescimento permaneça contido por consumidores endividados, alta taxa de desemprego e um mercado imobiliário fraco.

O FMI elevou sua estimativa para os EUA para 2,1 % neste ano, contra 1,8 % previsto em janeiro. Para 2013, o Fundo elevou a previsão para 2,4 % ante 2,2 %. O órgão vê a taxa de desemprego neste ano no nível atual de 8,2 %, e recuando em 2013 para 7,9 %.

Apesar da melhora, o futuro norte-americano permanece fortemente ligado ao da zona do euro, onde problemas renovados podem subtrair 1,5 ponto porcentual da perspectiva.

"Uma crise na região do euro devido ao aumento do estresse bancário e da dívida soberana pode facilmente minar a confiança no setor corporativo dos EUA e portanto apertar o investimento e a demanda, prejudicando o crescimento", avaliou o FMI.

Resiliência em economias emergentes ao FMI

é favorável na perspectiva para a China, deixando suas estimativas de crescimento inalteradas em 8,2 % neste ano e em 8,8 % em 2013. Um forte investimento doméstico e um consumo crescente, uma vez que a classe média se expande, dão suporte ao avanço do país e compensam a desaceleração nas exportações.

O vice-diretor de pesquisa do FMI, Joerg Decressin, falando em entrevista à imprensa, comemorou a decisão de Pequim no fim de semana passado de permitir que a moeda chinesa flutue dentro de uma banda estreita e afirmou que mais flexibilidade ajudaria no reequilíbrio de sua economia em relação ao consumo interno.

Ele disse que não está claro se o iuan está valorizado de maneira justa, uma vez que o FMI está revisando sua metodologia para a avaliação das divisas.

A expectativa para economias emergentes e em desenvolvimento é de crescimento de 5,7 % neste ano e de 6 % em 2013, ante 5,4 % e 5,9 % previstos em janeiro último.

O desafio dessas economias é impedir um superaquecimento enquanto mantêm espaço para estímulo fiscal e monetário se houver contágio da zona do euro ou dos altos preços do petróleo, completou o FMI.

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Washington - O crescimento global está lentamente melhorando conforme a recuperação dos Estados Unidos ganha força e os perigos provenientes da Europa retrocedem, mas os riscos continuam elevados e a situação é muito frágil, disse o Fundo Monetário Internacional (FMI) nesta terça-feira.

Uma retomada da crise da dívida soberana da zona do euro ou forte alta dos preços do petróleo devido a incertezas geopolíticas podem afetar a economia mundial, agora que as tensões na zona do euro acalmaram, afirmou o FMI.

"Uma calma apreensiva continua. Existe a sensação de que em algum momento as coisas podem muito bem ficar ruins de novo", disse o economista-chefe do FMI, Olivier Blanchar, a repórteres ao detalhar o relatório Perspectiva Econômica Mundial.

"Nossa estimativa referencial é de baixo crescimento em países avançados, especialmente na Europa, mas com riscos de queda extremamente presentes", acrescentou.

A economia global está no caminho para crescer neste ano em 3,5 %, e em 4,1 % em 2013, com leve alta ante os 3,3 % e os 3,9 % previstos pelo FMI em janeiro, quando aumentava a preocupação do mercado de que a Grécia poderia dar default e a Itália e a Espanha enfrentavam crises orçamentárias.

Desde então, Atenas reestruturou sua dívida, a Itália e a Espanha estão adotando rígidas medidas fiscais e líderes da zona do euro concordaram em ampliar seu fundo de resgate, provocando alívios nas tensões do mercado.

Os Estados Unidos, por sua vez, estão gradualmente ganhando força, enquanto a China e outras economias emergentes parecem no caminho para registrar desacelerações graduais, disse o FMI.


Mas os ganhos são precários. Se a crise da zona do euro surgir mais uma vez, pode provocar um fluxo de ativos de risco e retirar 2 % do crescimento global em dois anos e 3,5 % da zona do euro, alertou o Fundo.

Além disso, um aumento de 50 % no preço do petróleo reduziria a produção global em 1,2 %, completou.

Para garantir a recuperação global, o FMI pediu aos bancos centrais nos Estados Unidos, na zona do euro e no Japão que se preparem para mais afrouxamentos monetários; aos governos que exercitem cautela em relação ao ritmo de cortes orçamentários se forem factíveis; e que a Europa avalie usar fundos públicos para recapitalizar os bancos.

EUA melhoram

Apesar de os líderes europeus terem feito "progressos importantes" na construção de muros de proteção contra o contágio financeiro, a região enfrenta um equilíbrio delicado entre cortes na dívida do governo e reconstrução da competitividade sem sufocar excessivamente o crescimento, avaliou o Fundo.

Bancos europeus também estão desalavancando, o que reduzirá seus balanços em 2,6 trilhões de dólares nos próximos dois anos e cortará cerca de 1 ponto porcentual do crescimento somente neste ano.

"Notícias ruins sobre as frentes macroeconômica ou política ainda carregam o risco de disparar o tipo de dinâmica que vimos na última queda", disse o FMI.

A zona do euro deve enfrentar uma pequena recessão este ano, encolhendo 0,3 % e depois registrando crescimento de 0,9 % em 2013, completou o Fundo.

Isso é uma pequena melhora ante a contração de 0,5 % seguida por um crescimento de 0,8 %, de acordo com a previsão de janeiro.


Os Estados Unidos, enquanto isso, estão "saindo da situação por seus próprios meios", diante da melhora das condições domésticas, disse o FMI, embora o ritmo de crescimento permaneça contido por consumidores endividados, alta taxa de desemprego e um mercado imobiliário fraco.

O FMI elevou sua estimativa para os EUA para 2,1 % neste ano, contra 1,8 % previsto em janeiro. Para 2013, o Fundo elevou a previsão para 2,4 % ante 2,2 %. O órgão vê a taxa de desemprego neste ano no nível atual de 8,2 %, e recuando em 2013 para 7,9 %.

Apesar da melhora, o futuro norte-americano permanece fortemente ligado ao da zona do euro, onde problemas renovados podem subtrair 1,5 ponto porcentual da perspectiva.

"Uma crise na região do euro devido ao aumento do estresse bancário e da dívida soberana pode facilmente minar a confiança no setor corporativo dos EUA e portanto apertar o investimento e a demanda, prejudicando o crescimento", avaliou o FMI.

Resiliência em economias emergentes ao FMI

é favorável na perspectiva para a China, deixando suas estimativas de crescimento inalteradas em 8,2 % neste ano e em 8,8 % em 2013. Um forte investimento doméstico e um consumo crescente, uma vez que a classe média se expande, dão suporte ao avanço do país e compensam a desaceleração nas exportações.

O vice-diretor de pesquisa do FMI, Joerg Decressin, falando em entrevista à imprensa, comemorou a decisão de Pequim no fim de semana passado de permitir que a moeda chinesa flutue dentro de uma banda estreita e afirmou que mais flexibilidade ajudaria no reequilíbrio de sua economia em relação ao consumo interno.

Ele disse que não está claro se o iuan está valorizado de maneira justa, uma vez que o FMI está revisando sua metodologia para a avaliação das divisas.

A expectativa para economias emergentes e em desenvolvimento é de crescimento de 5,7 % neste ano e de 6 % em 2013, ante 5,4 % e 5,9 % previstos em janeiro último.

O desafio dessas economias é impedir um superaquecimento enquanto mantêm espaço para estímulo fiscal e monetário se houver contágio da zona do euro ou dos altos preços do petróleo, completou o FMI.

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