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Economia cresce com solidez e permitirá juros menores, diz Meirelles

Presidente do Banco Central afirmou a representantes de empresas francesas que país está no caminho certo para que a taxa de juros caia no médio e longo prazos

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h10.

Convidados pela Câmara de Comércio França Brasil, cerca de 60 empresários ouviram o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, apresentar nesta segunda-feira (10/04) um panorama da economia brasileira, com o objetivo de mostrar o "sólido crescimento" do país. No discurso de 40 minutos, Meirelles mencionou dados que, em sua opinião, indicam que o país segue no caminho certo para o desenvolvimento e para a queda, paulatina, das taxas de juros.

Entre os indicadores favoráveis, o presidente do BC destacou o aumento da massa salarial e do emprego - de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o rendimento médio cresceu 5,8% e o número de pessoas ocupadas aumentou 2,4% na comparação entre dezembro do ano passado e o mesmo mês de 2004. Meirelles disse acreditar que estes dois fatores devem impulsionar a demanda e ajudar a reaquecer a economia. Para convencer os empresários, alguns deles representantes de empresas francesas - como a fabricante de materiais Saint-Gobain e o banco Société Générale -, Meirelles comparou o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2005, de 2,3%, com o avanço da demanda no mesmo ano, de 3,2%. Pelo confronto, disse o presidente, é possível ver que os brasileiros, mais providos de emprego e renda, são capazes de dar o impulso de que a economia precisa.

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"O Brasil está dando um passo depois do outro. Estamos pavimentando o caminho para crescer a taxas cada vez mais elevadas, mais sustentadas", afirmou o presidente, que mencionou ainda como fatores positivos à economia a convergência da inflação para as metas estabelecidas pelo BC, a aceleração da produção industrial e a redução da relação dívida/PIB.

A conquista dos franceses

Entre as vitórias brasileiras, Meirelles destacou a queda dos juros reais, que passaram de uma média de 21,4% ao ano em 1999 para 10,41% em 2006, segundo dados que apresentou: "Estamos no caminho para que as taxas possam cair a médio e longo prazo". Os franceses, no entanto, não se mostraram tão entusiasmados com a "trajetória cadente", como o presidente do BC chamou a evolução. "Os juros realmente caíram, mas ainda estão muito altos", diz o presidente da Câmara de Comércio França Brasil, Michel Durand Mura. Ele acredita que a economia brasileira está dando sinais de avanço, como o incremento nas exportações e nas importações, mas ainda precisa de medidas como as que o próprio Henrique Meirelles mencionou, em resposta a perguntas dos empresários: reforma fiscal, investimento em infra-estrutura e foco na educação. "O problema não é saber do que o Brasil precisa, e sim fazer", diz Mura.

Mudanças como essas ajudariam a conquistar ainda mais investidores e empresários franceses, afirma o presidente da câmara de comércio. Segundo a organização presidida por Mura, a estabilidade com que o Brasil vem crescendo já está aumentando o volume de pedidos de informação por parte de empresas francesas sobre a instalação de operações em terras brasileiras - de janeiro a outubro de 2005 (os números totais do ano passado ainda não foram fechados), o número chegou a 300, quase o mesmo do que no ano completo de 2004 (303).

Exemplo do interesse é a compra do Banco Pecúnia, que atua no Brasil no segmento de crédito ao consumidor, pelo Banco Société Générale, no fim de março. O presidente da instituição francesa no Brasil, François Dossa, estava entre os ouvintes do discurso de Meirelles e concordou com o tom otimista com que o presidente do BC encara o desenvolvimento da economia. Para Dossa, a situação atual do crédito - em 31,3% do PIB - é prova de que o setor vem crescendo e pode se expandir ainda mais.

"Na França, a relação entre crédito e o PIB é de 100%. No Brasil, ainda tem muito potencial", diz. A conjuntura econômica brasileira, segundo Dossa, também contribuiu para que as empresas francesas vejam no Brasil um ambiente seguro para o investimento. "A economia real ficou mais forte e o Brasil já tem empresas estabelecidas em outros países e multinacionais, como Petrobras e Aracruz. O país entrou de vez na globalização", afirma.

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