Dólar estaria a R$ 3,35 sem a crise, calcula MCM
Se o real tivesse sido pressionado apenas pelos fatores que também afetaram outras economias emergentes, o dólar estaria perto de R$ 3,35, diz consultoria
Da Redação
Publicado em 23 de agosto de 2015 às 11h34.
São Paulo - A piora do ambiente econômico e político no Brasil nas últimas quatro semanas levou o real a registrar uma depreciação próxima a 10%, duas vezes maior em relação a um conjunto de moedas de países emergentes, avaliou a MCM Consultores.
A pedido do Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, a instituição calculou o descolamento do real ante uma cesta de moedas comparáveis entre meados de julho e meados de agosto.
"A taxa de câmbio estaria próxima a R$ 3,35 se o real tivesse sido pressionado apenas pelos fatores que também afetaram outras economias emergentes nas últimas semanas", concluiu o economista da instituição Mauro Schneider.
"No Brasil, a taxa de câmbio Real/USD sofreu uma depreciação próxima a 10%. No mesmo período, a cesta de moedas transformada em um índice equivalente à taxa de câmbio Real/USD, sofreu depreciação de 5%", disse.
A queda no preço das commodities, o aumento das preocupações com a economia da China e a aproximação do momento em que os juros começarão a ser elevados nos EUA enfraqueceram o real e também seus pares. Só que a moeda brasileira teve elementos extras para cair ainda mais.
"No caso do Brasil, o aumento do risco nas últimas semanas foi também consequência da piora do ambiente econômico e do agravamento da crise política", disse o economista, lembrando que não somente o câmbio, mas também outros segmentos financeiros locais "passaram a precificar o crescimento das dificuldades enfrentas pelo governo e o aumento do risco de perda do grau soberano de investimento".
No período avaliado, vale lembrar, a Standard & Poor's revisou de estável para negativa a perspectiva da nota soberana do Brasil e a Moody's rebaixou a classificação de risco do País de Baa2 para Baa3.
No campo político, o Congresso saiu para o recesso deixando pendentes votações de matérias importantes para o ajuste fiscal e, no retorno, deu sequência às chamadas "pautas-bomba", que vão na direção contrária ao equilíbrio das contas públicas.
Além disso, a Operação Lava Jato avançou e chegou até o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, preso no início de agosto. "A diferença entre a taxa efetiva atual (R$ 3,48) e R$ 3,35 está relacionada a fatores domésticos que tornaram a desvalorização da moeda brasileira mais intensa", ressaltou Schneider.
Ele lembra que, nas últimas semanas, o risco Brasil aumentou mais do que o risco médio de outras economias emergentes comparáveis. "Valores médios de risco nas últimas quatro semanas mostram aumento do risco Brasil ao redor de 17% e aumento do risco médio de outras economias emergentes ao redor de 15%", informou.
De todo modo, o economista da MCM pondera que o descolamento do real em relação às moedas comparáveis não é novo, seja para cima, seja para baixo. "Nos últimos anos, o real tem se desvalorizado mais do que outras moedas em diversas oportunidades. E em anos anteriores, de queda do risco Brasil, valorização das commodities e apreciação do real, a moeda se valorizou mais do que as outras", concluiu Schneider.
São Paulo - A piora do ambiente econômico e político no Brasil nas últimas quatro semanas levou o real a registrar uma depreciação próxima a 10%, duas vezes maior em relação a um conjunto de moedas de países emergentes, avaliou a MCM Consultores.
A pedido do Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, a instituição calculou o descolamento do real ante uma cesta de moedas comparáveis entre meados de julho e meados de agosto.
"A taxa de câmbio estaria próxima a R$ 3,35 se o real tivesse sido pressionado apenas pelos fatores que também afetaram outras economias emergentes nas últimas semanas", concluiu o economista da instituição Mauro Schneider.
"No Brasil, a taxa de câmbio Real/USD sofreu uma depreciação próxima a 10%. No mesmo período, a cesta de moedas transformada em um índice equivalente à taxa de câmbio Real/USD, sofreu depreciação de 5%", disse.
A queda no preço das commodities, o aumento das preocupações com a economia da China e a aproximação do momento em que os juros começarão a ser elevados nos EUA enfraqueceram o real e também seus pares. Só que a moeda brasileira teve elementos extras para cair ainda mais.
"No caso do Brasil, o aumento do risco nas últimas semanas foi também consequência da piora do ambiente econômico e do agravamento da crise política", disse o economista, lembrando que não somente o câmbio, mas também outros segmentos financeiros locais "passaram a precificar o crescimento das dificuldades enfrentas pelo governo e o aumento do risco de perda do grau soberano de investimento".
No período avaliado, vale lembrar, a Standard & Poor's revisou de estável para negativa a perspectiva da nota soberana do Brasil e a Moody's rebaixou a classificação de risco do País de Baa2 para Baa3.
No campo político, o Congresso saiu para o recesso deixando pendentes votações de matérias importantes para o ajuste fiscal e, no retorno, deu sequência às chamadas "pautas-bomba", que vão na direção contrária ao equilíbrio das contas públicas.
Além disso, a Operação Lava Jato avançou e chegou até o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, preso no início de agosto. "A diferença entre a taxa efetiva atual (R$ 3,48) e R$ 3,35 está relacionada a fatores domésticos que tornaram a desvalorização da moeda brasileira mais intensa", ressaltou Schneider.
Ele lembra que, nas últimas semanas, o risco Brasil aumentou mais do que o risco médio de outras economias emergentes comparáveis. "Valores médios de risco nas últimas quatro semanas mostram aumento do risco Brasil ao redor de 17% e aumento do risco médio de outras economias emergentes ao redor de 15%", informou.
De todo modo, o economista da MCM pondera que o descolamento do real em relação às moedas comparáveis não é novo, seja para cima, seja para baixo. "Nos últimos anos, o real tem se desvalorizado mais do que outras moedas em diversas oportunidades. E em anos anteriores, de queda do risco Brasil, valorização das commodities e apreciação do real, a moeda se valorizou mais do que as outras", concluiu Schneider.