Dólar caro deve reforçar conservadorismo do Copom
Mercado aposta em corte de 0,5 ponto na Selic na reunião desta quarta-feira (31/5)
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h29.
A turbulência que tomou o mercado financeiro nos últimos dias deve reforçar o conservadorismo do Comitê de Política Monetária (Copom) na reunião desta quarta-feira (31/5). A maioria dos analistas financeiros acredita que o governo deve desacelerar o ritmo da trajetória de queda da taxa básica de juros.
As apostas estão concentradas em um corte de 0,5 ponto percentual na Selic, hoje em 15,75% ao ano. Um levantamento do Banco Central, divulgado na segunda-feira, mostrou que o mercado deixou de acreditar em uma redução mais agressiva, de 0,75 ponto percentual, há duas semanas. As pressões do dólar sobre a inflação fizeram com que as instituições revisassem suas projeções para a Selic, acreditando que a moeda americana mais valorizada seria encarada como ameaça à inflação pelo Copom. Na semana passada, a cotação do dólar teve um aumento de 1,48%; nesta, já acumula alta de 3,79%.
"Acredito em um corte de 0,5 ponto, mas acho que o Copom deve até estar examinando a hipótese de não reduzir a Selic", diz Sandra Utsumi, economista-chefe do Banco Espírito Santo. Para a analista, o comitê deve encerrar em breve o movimento de queda dos juros iniciado em setembro do ano passado, mais provavelmente na reunião de outubro. Isso porque índices de inflação mais sensíveis ao câmbio, como os Índices Gerais de Preço (IGPs), apurados pela Fundação Getúlio Vargas, já estão absorvendo e mostrando o impacto da alta do dólar nos preços do comércio. O Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M), por exemplo, fechou maio com uma inflação de 0,38% e uma alta significativa frente a abril, que havia registrado deflação de 0,42%. Daqui apara a frente, diz Sandra, o Copom começará a interpretar sinais como esse como um perigo à estabilidade econômica em 2006.
Questionado sobre a condução dos juros pelo Copom depois de reunião com empresários, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, não quis arriscar um palpite sobre o corte na reunião de hoje, a quarta do ano. Mas afirmou que o comitê saberá tomar a melhor decisão a respeito da Selic: "Confio no Copom e confio no BC, e eles têm sensibilidade para avaliar a situação, avaliar o andamento da inflação no país e chegar a uma redução adequada da taxa de juros", afirmou.