Disposição para consumo de bens duráveis é a melhor em dois anos

Os juros continuam altos, mas a disposição do consumidor para comprar bens duráveis na cidade de São Paulo está melhor. É o que mostra uma pesquisa de expectativas de consumo do Programa de Administração de Varejo (Provar) da Fundação Instituto de Administração da Universidade de São Paulo (FIA-USP) divulgada nesta segunda-feira (11/4). De 500 entrevistados, apenas 31,8% afirmaram que não pretendem comprar nada, entre abril e junho deste ano, de uma lista com dez tipos de produtos (veja a tabela abaixo). O resultado melhora em nove pontos percentuais o índice doprimeiro trimestre, de 40,8%. No início do segundo trimestre do ano passado, 54,9% dos paulistanos se declaravam avessos às compras.

Desde que o levantamento foi iniciado em fins de 1999, em apenas três ocasiões, sendo todas no quarto trimestre, o índice foi melhor que o anunciado hoje: em 1999 (só 15,6% rejeitavam a possibilidade de comprar bens duráveis), em 2001 (26,3%) e 2002 (27,5%). Dois fatores ajudam a explicar essa evolução. Segundo Claudio Felisoni, diretor da FIA e coordenador-geral do Provar, em termos sazonais este é um período em que a maioria dos consumidores já quitou as dívidas contraídas para fazer as compras de final de ano, ao mesmo tempo em que são estimulados a fazer novas compras para o Dia das Mães, data considerada pelo comércio como o "Natal do primeiro semestre".

Destaques

As montadoras continuam com motivos para ressalvas quanto aomercado interno. A intenção de compra de automóveis recuou 24% do primeiro para o segundo trimestre, para 5,6% dos entrevistados. Além do resultado, a curva das intenções revela sérias dificuldades para o setor planejar suas ações de mercado. Depois de despencar de 17,9% de intenção de compra no início de 2003 (nível recorde) para pouco mais de zero em meados do ano passado, a trajetória vinha sendo de firme recuperação até o início deste ano, quando 7,4% dos paulistanos declaravam a intenção de comprar um automóvel.

O maior grupo de potenciais consumidores pretende adquirir produtos da linha branca (como geladeiras), reunindo na média 13% dos entrevistados (20% entre o grupo de perfil sócio-demográfico mais baixo). Pela primeira vez, a pesquisa verificou a intenção de compra em bens e serviços de telefonia. Na média dos entrevistados, 9,2% desejam comprar itens como aparelhos celulares. No grupo com renda mais baixa, a intenção de compra é maior, atingindo 12% dos entrevistados (leia reportagemsobre resultados e perspectivas do setor de telecomunicações no Brasil).