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Dilma em Davos ajuda Brasil a se diferenciar de vizinho

Com a forte desvalorização do peso e as mudanças nas regras cambiais na Argentina, um início de pânico se propagou na região, inclusive no Brasil

Dilma em Davos: "muita gente aqui ficou bastante encorajada pela vinda da presidente Dilma, e isso realmente mostrou uma intenção de reequilibrar as prioridades do Brasil", disse economista (Ruben Sprich/Reuters)
DR

Da Redação

Publicado em 27 de janeiro de 2014 às 07h38.

Davos, Suíça - A vinda da presidente Dilma Rousseff ao Fórum Econômico Mundial de Davos foi providencial num momento em que o nervosismo toma conta dos mercados financeiros globais em relação aos mercados emergentes, e especialmente em relação a países próximos da Argentina, como o Brasil.

Com a forte desvalorização do peso e as mudanças nas regras cambiais argentinas, um início de pânico se propagou no fim da semana passada, aumentando a desconfiança em relação aos países em desenvolvimento.

"Muita gente aqui ficou bastante encorajada pela vinda da presidente Dilma, e isso realmente mostrou uma intenção de reequilibrar as prioridades do Brasil, mudar as coisas que não estão dando certo", disse o economista Kenneth Rogoff, de Harvard, tradicional presença do Fórum de Davos.

Na opinião de diversos participantes do evento, o ambiente mais difícil nos mercados mundiais está levando a um processo mais apurado de diferenciação entre os países emergentes.

Segundo Angel Gurría, secretário-geral da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), "quando o mundo é inundado de liquidez, a água cobre tudo, tanto as coisas boas quanto as que não são tão boas; o problema é que, quando há uma reversão, e a água baixa muito rapidamente, vários aspectos preocupantes ficam expostos, grandes déficits em conta corrente, medidas estruturais que não foram tomadas, inflação, vulnerabilidades em geral".


Gurría notou que o nervosismo dos últimos dias é deflagrado por combinações de fatos muito pouco relacionados em si, e menos ainda ligados aos países expostos. "Não tem nada a ver com o Brasil, nada a ver com o México, o que resta aos países é manter o rumo das políticas econômicas - os bons fundamentos é que vão ser decisivos no médio prazo", afirmou Gurría.

Mais nervosismo

Robert Shiller, prêmio Nobel de Economia, que também estava em Davos, disse que ficou surpreso com o aumento do nervosismo nos mercados globais durante os dias em que estava acontecendo o Fórum Econômico. "Mas ainda não está claro que este seja um momento de uma grande virada (para pior) no sentimento dos mercados", ele comentou.

Segundo Rogoff, "é óbvio que o Brasil está exposto de diversas maneiras, a Argentina é um vizinho, um parceiro comercial - quando a Argentina entrou em colapso em 2001 e 2002, isto não ajudou em nada o Brasil e agora também não vai ajudar". Ainda assim, ele ressalva que o déficit em conta corrente do Brasil, de 3,7% do PIB, não é enorme, e o País mantém reservas internacionais consideráveis.

Para Rogoff, não se trata hoje, no caso de países como o Brasil, do risco de uma crise financeira e cambial de grandes proporções, como a crise da dívida latino-americana nos anos 80. "É mais uma questão de crescimento, os mercados estão reprecificando esses países de acordo com perspectivas de crescimento menores." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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Com a forte desvalorização do peso e as mudanças nas regras cambiais argentinas, um início de pânico se propagou no fim da semana passada, aumentando a desconfiança em relação aos países em desenvolvimento.

"Muita gente aqui ficou bastante encorajada pela vinda da presidente Dilma, e isso realmente mostrou uma intenção de reequilibrar as prioridades do Brasil, mudar as coisas que não estão dando certo", disse o economista Kenneth Rogoff, de Harvard, tradicional presença do Fórum de Davos.

Na opinião de diversos participantes do evento, o ambiente mais difícil nos mercados mundiais está levando a um processo mais apurado de diferenciação entre os países emergentes.

Segundo Angel Gurría, secretário-geral da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), "quando o mundo é inundado de liquidez, a água cobre tudo, tanto as coisas boas quanto as que não são tão boas; o problema é que, quando há uma reversão, e a água baixa muito rapidamente, vários aspectos preocupantes ficam expostos, grandes déficits em conta corrente, medidas estruturais que não foram tomadas, inflação, vulnerabilidades em geral".


Gurría notou que o nervosismo dos últimos dias é deflagrado por combinações de fatos muito pouco relacionados em si, e menos ainda ligados aos países expostos. "Não tem nada a ver com o Brasil, nada a ver com o México, o que resta aos países é manter o rumo das políticas econômicas - os bons fundamentos é que vão ser decisivos no médio prazo", afirmou Gurría.

Mais nervosismo

Robert Shiller, prêmio Nobel de Economia, que também estava em Davos, disse que ficou surpreso com o aumento do nervosismo nos mercados globais durante os dias em que estava acontecendo o Fórum Econômico. "Mas ainda não está claro que este seja um momento de uma grande virada (para pior) no sentimento dos mercados", ele comentou.

Segundo Rogoff, "é óbvio que o Brasil está exposto de diversas maneiras, a Argentina é um vizinho, um parceiro comercial - quando a Argentina entrou em colapso em 2001 e 2002, isto não ajudou em nada o Brasil e agora também não vai ajudar". Ainda assim, ele ressalva que o déficit em conta corrente do Brasil, de 3,7% do PIB, não é enorme, e o País mantém reservas internacionais consideráveis.

Para Rogoff, não se trata hoje, no caso de países como o Brasil, do risco de uma crise financeira e cambial de grandes proporções, como a crise da dívida latino-americana nos anos 80. "É mais uma questão de crescimento, os mercados estão reprecificando esses países de acordo com perspectivas de crescimento menores." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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