Brics: Dilma Rousseff, vai ampliar seu número de participantes como uma estratégia para ter mais recursos (Zhao Yun/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 30 de maio de 2023 às 10h57.
Última atualização em 30 de maio de 2023 às 11h00.
O New Development Bank (NDB, o banco dos Brics), que agora está sob o comando da ex-presidente brasileira Dilma Rousseff, vai ampliar seu número de participantes como uma estratégia para ter mais recursos e reduzir a influência de instituições multilaterais que seguem a agenda do Ocidente. Segundo Dilma, serão "muitos outros países".
Na primeira reunião anual do banco sob o comando de Dilma, nesta terça-feira em Xangai, a nova presidente do NDB afirmou que a instituição vai buscar tem uma composição mais diversa do ponto de vista de geografia, estágio de desenvolvimento e tamanho dos países de seus membros.
Segundo informações do jornal Financial Times, a Arábia Saudita é o mais recente país a estar em negociações para integrar o banco dos Brics, o que deve ampliar muito a capacidade de financiamento da instituição, já que os sauditas têm grandes reservas internacionais.
Criado em 2014 pelo grupo conhecido pelo acrônimo Brics – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – o banco está aberto à participação de qualquer país que faça parte das ONU. Em 2021, Bangladesh e Emirados Árabes Unidos passaram a ser membros do NDB. O Egito se uniu ao banco em fevereiro deste ano, e o Uruguai está em processo de se tornar um membro efetivo.
Segundo Dilma, os novos membros poderão ajudar a reforçar o capital do banco e possibilitar a diversificação de portfolio da instituição.
"Como ex-presidente de um país em desenvolvimento, eu sei da importância dos bancos multilaterais, e o quão desafiador é obter financiamento ou levantar recursos na escala necessária para entender os desafios econômicos e sociais de nossos países", afirmou.
Dilma disse ainda que o NDB vai financiar mais projetos em moeda local para proteger seus credores dos riscos das flutuações cambiais. Os membros do banco dos Brics têm moedas que não são 100% conversíveis na atual arquitetura cambial global, explicou Dilma. Segundo ela, as economias do “Sul global” (ou seja, países em desenvolvimento) sofrem o impacto de flutuações abruptas em suas taxas de câmbio.
É um mundo que está passando por processos de transformação, e não se trata de uma moeda contra outra – disse Dilma em entrevista coletiva de imprensa – O NDB vai seguir buscando fundos em dólar, mas também buscará recursos nos mercados asiáticos - acrescentou.
O NDB deve atingir a meta de financiar 30% de seus projetos com moedas locais até 2026, afirmou o vice-presidente e diretor financeiro da instituição, Leslie Maasdorp. Atualmente, a parcela de financiamentos em moeda local do banco é de 22%.