Desigualdade marca retomada do mercado de trabalho dos EUA
Americanos brancos e asiáticos com diploma universitário estão se saindo bem melhor do que todo o resto na retomada do emprego nos Estados Unidos
Bloomberg
Publicado em 15 de junho de 2021 às 10h00.
Quando as autoridades do banco central dos EUA se reunirem esta semana para discutir a recuperação da economia desde a pandemia, ficará evidente que o mercado de trabalho está melhorando de forma desigual entre a população.
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O painel de indicadores que o presidente do Federal Reserve , Jerome Powell, e seus colegas observam para determinar a evolução do país na direção do pleno emprego mostra que os americanos brancos e asiáticos com diploma universitário estão se saindo bem melhor do que todo o resto.
No ano passado, as autoridades do Fed redefiniram a meta de pleno emprego, acrescentando que deveria ser “inclusivo e abrangente”.
Relatórios do Departamento do Trabalho para os meses de abril e maio decepcionaram as expectativas dos analistas. Os integrantes do Fed disseram que os números indicam que o mercado de trabalho ainda está longe do “progresso adicional substancial” que eles estabeleceram como condição para começar a reduzir o suporte monetário.
Alguns dos dados que Powell apontou como medida da força da economia são discutidos a seguir:
Taxas de desemprego
Segundo dados de maio, apesar de algumas melhorias que abrangem todos os grupos raciais e étnicos, o nível de emprego entre negros e hispânicos ainda era menor do que para os brancos e asiáticos na comparação com os patamares anteriores à pandemia.
As disparidades de emprego entre grupos raciais e étnicos estão concentradas nas mulheres.
População ocupada
Para mulheres negras ou hispânicas, a parcela de ocupadas ainda estava mais de 5 pontos percentuais abaixo dos níveis de fevereiro de 2020. Para as americanas brancas, a proporção era apenas 3 pontos menor.
Para os homens, a população ocupada de brancos e negros se recuperou em ritmo semelhante, em ambos os casos ficando 3,6 pontos percentuais abaixo dos níveis pré-pandêmicos em maio. A taxa para homens hispânicos era 4,3 pontos percentuais menor.
Mulheres de minorias raciais são mais propensas a atuar em empregos de atendimento presencial ao consumidor, que foram os mais afetados pela pandemia. Por isso, também são menos propensas a fazer home office, o que complica o cuidado dos filhos pequenos, explicou Beth Ann Bovino, economista-chefe da S&P Global Ratings para os EUA.
O nível de emprego para as mulheres deve começar a se recuperar mais rápido quando as escolas reabrirem em setembro, disse ela.
Ganhos salariais
Até o momento, os ganhos salariais têm se segurado bem na comparação com períodos anteriores de crise econômica, especialmente para os 25% que recebem os menores salários. Para este grupo, o aumento salarial foi de 4,2% nos 12 meses até maio, comparado a 3,4% para toda a força de trabalho, de acordo com um cálculo do escritório regional do Fed em Atlanta.
Empresas de setores de baixa remuneração têm relatado dificuldade em encontrar trabalhadores durante a reabertura da economia, o que intensificou o debate sobre até que ponto a expansão do auxílio-desemprego contribui para a escassez de mão de obra.
Disparidades educacionais
A recuperação da participação na força de trabalho também foi estratificada por níveis de educação e as disparidades aumentaram nos últimos meses.
Para quem não concluiu o ensino médio, a participação em maio estava 4,9 pontos percentuais abaixo do nível pré-pandêmico. Para os americanos com ensino superior, a diferença era inferior a 1 ponto percentual.