Desemprego no Brasil cai para 6,4% em setembro, segunda menor taxa da história
A população desocupada caiu para 7 milhões, o menor número desde o trimestre encerrado em janeiro de 2015. O número total de trabalhadores do Brasil bateu novo recorde, chegando a 103 milhões
Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 31 de outubro de 2024 às 09h03.
Última atualização em 31 de outubro de 2024 às 09h15.
A taxa de desemprego no trimestre encerrado em setembro de 2024 caiu para 6,4%, a segunda menor taxa de desocupação da série histórica da PNAD Contínua do IBGE, iniciada em 2012, superando apenas a taxa do trimestre encerrado em dezembro de 2013.
Na comparação com o trimestre de abril a junho de 2024, a queda foi de 0,5 ponto percentual. A queda na comparação com o mesmo trimestre móvel de 2023 foi de 1,3 ponto percentual.
A população desocupada — pessoas que procuravam por trabalho — caiu para 7 milhões, o menor número desde o trimestre encerrado em janeiro de 2015. O número total de trabalhadores no Brasil atingiu um novo recorde, chegando a 103 milhões.
Esses dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada nesta quinta-feira, 31, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado veio levemente abaixo da expectativa do mercado financeiro, que projetava uma taxa de 6,5%.
Por que o desemprego no Brasil caiu em setembro?
Segundo o IBGE, o número de pessoas desocupadas teve uma redução significativa em duas comparações: -7,2% no trimestre, ou menos 541 mil pessoas buscando trabalho, e -15,8% frente ao mesmo trimestre móvel de 2023, ou menos 1,3 milhão de pessoas.
A coordenadora de Pesquisas Domiciliares do IBGE, Adriana Beringuy, explica que “a trajetória de queda da desocupação resulta da contínua expansão dos contingentes de trabalhadores que estão sendo demandados por diversas atividades econômicas”.
O número total de trabalhadores no Brasil cresceu na comparação trimestral, registrando um aumento de 1,2%, o que representa mais 1,2 milhão de trabalhadores. Frente ao mesmo trimestre móvel do ano passado, o contingente de trabalhadores aumentou 3,2%, equivalente a mais 3,2 milhões de pessoas.
A Indústria e o Comércio foram as atividades economicas que puxaram o aumento da ocupação no trimestre, com altas, respectivamente, de 3,2% e de 1,5% em seus contingentes.
Juntos, esses dois setores atraíram 709 mil trabalhadores, na comparação trimestral (416 mil da Indústria e 291 mil do Comércio).
Além disso, a população ocupada no Comércio foi recorde, chegando a 19,6 milhões de pessoas. Os outros grupamentos mantiveram estabilidade na comparação trimestral.
“O terceiro trimestre aponta para retenção ou crescimento de ocupados na maioria dos grupamentos de atividades. Em particular, a indústria registrou aumento do emprego com carteira assinada. Já no comércio, embora a carteira assinada também tenha sido incrementada, o crescimento predominante foi por meio do emprego sem carteira”, explica Beringuy.
Na comparação anual, sete grupamentos (Indústria, Construção, Comércio, Transporte, Informação e Comunicação, Administração e Outros Serviços) aumentaram seu número de ocupados, enquanto dois (Alojamento e Alimentação e Serviços domésticos) mantiveram estabilidade. Somente a Agropecuária mostrou queda (-4,7%) na sua população ocupada.
Recorde de empregados do setor privado e público
O número de empregados do setor privado chegou a53,3 milhões, novo recorde da série, com alta de 2,2% no trimestre e de 5,3% no ano.
O setor teve novos recordes no número de empregados com carteira de trabalho assinada (39,0 milhões) e sem carteira de trabalho (14,3 milhões). O trabalho com carteira neste setor cresceu 1,5% (mais 582 mil pessoas) no trimestre e 4,3% (mais 1,6 milhão de pessoas) no ano, enquanto o contingente de empregados sem carteira cresceu, respectivamente, 3,9% (mais 540 mil pessoas) e 8,1% (mais 1,1 milhão de pessoas) nas mesmas comparações.
Os empregados do setor público chegaram ao recorde de 12,8 milhões, mantendo o seu contingente estável no trimestre e crescendo 4,6% (mais 568 mil pessoas) no ano.
Essa alta continua sendo puxada pelo grupo dos servidores sem carteira assinada, que cresceu 4,2% no trimestre e 9,1% no ano. O grupo dos militares e servidores estatutários ficou estável nas duas comparações.
Rendimento cresce 3,7% no ano
O rendimento médio real das pessoas ocupadas foi de R$ 3.227 no trimestre encerrado em agosto, sem mostrar variação estatisticamente significativa frente ao trimestre móvel anterior e com alta de 3,7% quando comparado ao mesmo trimestre móvel de 2023.
Já a soma das remunerações de todos os trabalhadores, que é a massa de rendimentos, chegou a R$ 327,7 bilhões, mantendo estabilidade no trimestre e subindo 7,2% na comparação anual.