Exame Logo

Desarticulação política do governo derruba desempenho no Legislativo

Demora para aprovar matérias na Câmara dos Deputados praticamente dobrou depois da eleição de Severino Cavalcanti

EXAME.com (EXAME.com)
DR

Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h57.

A desarticulação da base aliada do governo e a eleição de Severino Cavalcanti (PP-PE) para a presidência da Câmara dos Deputados derrubou o número de matérias aprovadas neste ano. O indício mais expressivo da baixa produtividade parlamentar é que a demora para aprovar uma matéria na Câmara praticamente dobrou neste ano. "Essa queda drástica da produtividade do plenário é uma evidência muito forte da desagregação da base aliada", afirma Rogério Schmitt, em relatório da consultoria Tendências.

Segundo Schmitt, o apoio parlamentar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva começou a se desgastar em novembro do ano passado, quando o governo começou a protelar a reforma ministerial que ampliaria o espaço dos partidos aliados, sobretudo o PMDB e o PP. A crise política agravou-se com a eleição do deputado federal Severino Cavalcanti (PP-PE) para presidir a Câmara em fevereiro deste ano (se você é assinante, leia reportagem de EXAME sobre os novos cardeais da política brasileira).

Veja também

A ascensão de Cavalcanti retirou, na prática, o controle do governo sobre a pauta de votações. Além disso, o PT, partido de Lula, acabou sem representação na mesa diretora da Câmara. Esse controle era garantido, na primeira metade do mandato de Lula, pelo deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP), que presidia a Casa.

Na avaliação de Schmitt, a desarticulação pode ser medida em números. Em 2003, foram realizadas 170 sessões deliberativas na Câmara, na qual 141 propostas foram aprovadas uma média de 0,83 por sessão. Em 2004, quando a articulação política passou do ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, para Aldo Rebelo, que assumiu o Ministério da Articulação Política, a média passou para 0,89. Neste ano, as 42 sessões realizadas até agora resultaram em 23 aprovações, ou 0,55 por sessão. "É como se a Câmara precisasse de duas sessões para aprovar cada matéria."

Acompanhe tudo sobre:[]

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Economia

Mais na Exame