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Derrota da inflação foi grande conquista brasileira

Para economista-chefe do Fundo Monetário Internacional, país assumiu custos e riscos políticos para frear a corrida dos preços

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h37.

O Brasil já conseguiu comemorar uma grande conquista com a derrota da inflação crônica. Mas a corrida dos preços a que o país assistiu foi um indicativo de que problemas mais profundos assolavam a economia, e disso o governo não pode se esquecer, na opinião do economista-chefe do Fundo Monetário Internacional, Simon Johnson. Leia aqui um trecho da entrevista que o economista britânico deu a EXAME:

"Apesar de ainda haver muito trabalho a ser feito na economia brasileira, o governo e os vários outros arquitetos da melhora do país deveriam ser reconhecidos por implementarem políticas sensíveis e terem feito um avanço considerável, o que às vezes é algo muito difícil. Foi preciso sobreviver às crises asiática e russa, à desvalorização argentina, o que colocou muita pressão. Os últimos tempos foram um tanto turbulentos e o Brasil tem conseguido reduzir a inflação e garantir avanços no lado fiscal. Então essa é uma grande conquista.

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Se olharmos no mundo, há poucos países com inflação significativamente alta, porque governos e eleitores decidiram que a inflação é perturbadora e custa muito. Acho que se colocarmos isso em uma perspectiva mais ampla, as pessoas perceberam que uma inflação de dois, três dígitos, é uma idéia ruim. E que vale aceitar riscos políticos e assumir custos para mantê-la sob controle. É isso o que o Brasil fez.

Acho que a inflação é um sintoma de problemas mais profundos, e os problemas são sempre relacionados a orçamento. Em todos os lugares em que há problemas crônicos de inflação, há problemas de orçamento. É por isso que você precisa atacar o lado fiscal. A investida fiscal no Brasil foi uma parte grande do sucesso.

Um certo nível de reservas estrangeiras sempre ajuda a conter a vulnerabilidade da e economia, e o Brasil também conta com um superávit de conta corrente, o que é importante se houver uma mudança grande no fluxo de capitais no mundo. Geralmente é muito mais difícil resistir se você tem um déficit na conta corrente. Eu enfatizaria que o mundo está mudando muito rápido e você tem de ter cuidado com relação à vários novos problemas que estão surgindo. Nos mercados emergentes, vemos governos e empresas tomando muito mais cuidado, mas às vezes vemos os consumidores ficando mais vulneráveis, assumindo dívidas talvez de forma pouco consciente que podem causar problemas no futuro. É preciso se preocupar com as contas mesmo que elas não sejam contas do governo."

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