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Demanda por energia vacilante confirma atividade econômica fraca

Os sinais de fraqueza na demanda por energia, fortemente associada ao ritmo da economia, têm garantido uma estabilidade nos preços da eletricidade

Energia; o ONS previu nesta sexta-feira que a carga de energia em novembro deverá cair 1,5% ante o mesmo mês de 2015 (Kostas Tsironis/Bloomberg/Bloomberg)
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Reuters

Publicado em 18 de novembro de 2016 às 17h09.

São Paulo - Os dados de consumo de energia elétrica do Brasil até o início de novembro ainda não apontam para uma retomada da economia no último trimestre, confirmando expectativas de economistas que descartaram um possível início de recuperação econômica do país ainda em 2016.

Os sinais de fraqueza na demanda por energia, fortemente associada ao ritmo da economia, têm garantido uma estabilidade nos preços da eletricidade no mercado livre, onde grandes clientes, como indústrias e shoppings, negociam contratos de energia diretamente com geradores ou com comercializadores.

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A indústria, principal participante do mercado livre de energia, responde por cerca de 36 por cento da demanda por eletricidade no Brasil, enquanto as residências são quase 30 por cento e o comércio responde por uma fatia de quase 20 por cento.

Com o setor industrial ainda afetado pela recessão econômica, o consumo total de energia no país até o final de outubro acumula alta de apenas 0,8 por cento ante 2015, segundo a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).

Mas desde setembro tem havido quedas mensais na comparação anual.

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) previu nesta sexta-feira que a carga de energia em novembro deverá cair 1,5 por cento ante o mesmo mês de 2015.

O consumo de energia deverá fechar o ano estável ou com alta de até 1 por cento ante 2015, segundo projeção do presidente da comercializadora Comerc, Cristopher Vlavianos, a mesma avaliação de antes do impeachment da presidente Dilma Rousseff, que gerou em alguns a expectativa de que pudesse haver uma retomada mais rápida da atividade.

"Não tem mais aquela ilusão de recuperação rápida, talvez seja um pouco mais lenta do que gostaríamos", afirmou o executivo à Reuters.

"Até teve uma recuperação de consumo nas residências, mas a indústria continua desabando. Não teve recuperação industrial e comercial neste ano."

Em 2015, o consumo já havia caído 0,6 por cento ante 2014, conforme o início da retração da economia e uma forte alta das tarifas quebraram uma tendência de aumento na demanda, que crescia em média 3 por cento ao ano desde 2011.

Fraqueza segura preços

Segundo Vlavianos, os clientes da Comerc têm se mostrado cautelosos quanto às projeções de demanda de suas indústrias ou centros comerciais em 2017.

"O pessimismo diminuiu muito, mas também não chega a ter um otimismo. Está em compasso de espera ainda."

Esse cenário, sem uma clara retomada no radar, mantém os preços da energia convencional no mercado livre para fornecimento em 2017 em entre 150 e 160 reais por megawatt-hora desde agosto, segundo dados da consultoria Dcide.

Essas cotações estão no mesmo nível das verificadas entre outubro e novembro de 2015.

"A gente tem uma sobra estrutural de energia muito grande que não justifica subir muito... a gente tem notado uma certa acomodação", afirmou o gestor de risco da comercializadora Ecom, Carlos Caminada.

Segundo Vlavianos, da Comerc, a forte queda acumulada do consumo industrial e comercial sugere que pode haver estabilidade ou alguma recuperação em 2017, enquanto o setor residencial deverá continuar a tendência de aumento que já começa a ser verificada.

"O que a gente viu de queda no consumo residencial é uma coisa totalmente atípica, ele tem um crescimento até vegetativo... agora ele está voltando... e o industrial deve parar de cair... tudo tem um limite", afirmou.

As atuais projeções de demanda oficiais do governo, realizadas EPE, apontam para alta de 1 por cento na carga de energia neste ano ante 2015. Em 2017, a expectativa é de alta de 2,4 por cento.

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