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Déficit em hidrelétricas deve ter impacto financeiro de R$21 bi

Os prejuízos deverão ocorrer com a necessidade de compra de energia de fontes mais caras, como as termelétricas, para cobrir a defasagem na produção

Hidrelétricas: pelas projeções da CCEE, as hidrelétricas deverão gerar em 2017 cerca de 84,5% de suas garantias físicas (Paulo Santos/INTERFOTO/Divulgação)
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Reuters

Publicado em 30 de março de 2017 às 18h49.

São Paulo - Uma menor produção das hidrelétricas do Brasil neste ano, devido ao baixo nível dos reservatórios, deverá gerar um impacto financeiro de 20,9 bilhões de reais para o setor elétrico, disse a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) à Reuters nesta quinta-feira.

Pelas projeções da CCEE, as hidrelétricas deverão gerar em 2017 cerca de 84,5 por cento de suas garantias físicas, que é o montante de energia que as usinas podem vender em contratos no mercado elétrico.

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Os prejuízos deverão ocorrer com a necessidade de compra de energia de fontes mais caras, como as termelétricas, para cobrir a defasagem na produção das hidrelétricas, que operam com custos mais baixos.

O problema das hidrelétricas, que caminha para o quarto ano consecutivo, decorre de períodos chuvosos abaixo da média no Brasil nos últimos anos, que têm impedido uma retomada do nível dos reservatórios.

Quando não conseguem guardar água suficiente entre novembro e março, época das chuvas, as usinas precisam gerar menos para recompor os lagos nos meses mais secos.

Essa geração hidrelétrica menor sinaliza que poderá haver um impacto de cerca de 14,2 bilhões de reais para os agentes do mercado regulado, atendido pelas distribuidoras.

Já no mercado livre de eletricidade, onde grandes clientes negociam contratos diretamente com os geradores, o déficit poderá gerar um impacto financeiro de 6,7 bilhões de reais em 2017.

As estimativas não permitem apontar, no entanto, quanto desse custo será repassado aos consumidores e nem o eventual impacto em tarifas, afirmou à Reuters o conselheiro da CCEE Roberto Castro.

"Essa não é uma conta simples de fazer... esse cálculo é, digamos, um sinal do que está acontecendo, porque ele não leva em conta nenhuma estratégia comercial eventualmente adotada pelos agentes", explicou.

Quando as hidrelétricas produzem abaixo da garantia física, elas precisam comprar energia no mercado spot de eletricidade para compensar o déficit.

Contudo, as usinas que venderam eletricidade no mercado regulado conseguiram negociar em 2015 um acordo que passou a maior parte dos impactos com eventuais déficits futuros para os consumidores.

Já no mercado livre, os geradores têm conseguido na Justiça evitar pagar os custos de um déficit hídrico registrado ainda em 2015, em uma disputa judicial que atualmente envolve em torno de 1,6 bilhão de reais.

Atualmente, a CCEE e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) tentam negociar com esses geradores um acordo para que eles desistam das ações e paguem o valor de maneira parcelada.

Segundo Castro, os valores envolvidos na disputa tendem a crescer devido à repetição do déficit hídrico neste ano.

Mas ele acredita que o agravamento do problema deverá incentivar as empresas a buscar uma solução negociada junto às autoridades.

Castro disse ainda que o impacto estimado cresceu fortemente no último mês devido a uma projeção de preços mais elevados no mercado de curto prazo, onde é comprada energia para compensar a menor geração hídrica.

"Saímos de uma última projeção de 18 bilhões para quase 21 bilhões de reais. Houve uma piora de uns 3 bilhões de reais em entre 20 e 30 dias", disse.

Mercado atento

Na semana passada, o Credit Suisse recomendou que seus clientes reduzam a exposição a empresas com muitas hidrelétricas no portfólio, como a francesa Engie e a AES Tietê, da norte-americana AES.

O banco afirmou que a sugestão deve-se à "falta de clareza no mercado sobre a recorrente projeção de déficit hidrelétrico (GSF), especialmente dado o dano massivo que isso causou nos resultados dos geradores hídricos nos últimos anos".

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