Decisão do Copom de reduzir juros foi prematura, diz economista
Zeina Latif, do RBS Global Bank, teme que o corte na Selic leve a um aumento da inflação
Da Redação
Publicado em 11 de outubro de 2011 às 17h38.
Brasília - A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) de reduzir a taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual para 12% ao ano foi prematura, na avaliação da economista-sênior para a América Latina do RBS Global Bank, Zeina Latif.
Segundo a economista, o crescimento do mercado de trabalho e os aumentos salariais ainda geram riscos para a inflação. Além disso, na avaliação de Zeina, a decisão do governo de aumentar o superávit primário, economia feita para o pagamento de juros da dívida, não deveria ser um argumento suficiente para o BC reduzir os juros básicos. Ela enfatizou que o governo não anunciou corte de gastos, mas apenas uma reserva de receitas, com desaceleração de despesas.
Para 2012, Zeina destaca o aumento de despesas previstas na proposta orçamentária entregue ontem (31) pelo governo ao Congresso Nacional. A economista também avalia que o cenário externo ainda é muito incerto.
Mesmo com as pressões por juros básicos mais baixos no país, Zeina considera que, para se ter uma Selic menor, é preciso reduzir primeiramente a inflação. “O risco inflacionário é elevado e isso impõe limites para a queda dos juros”, ressaltou. “É muito importante preservar o regime de metas para ter juros mais baixos no futuro”, acrescentou.
Zeina também afirmou que o discurso de membros do governo como o do ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o da presidenta Dilma Rousseff, de pedir queda na taxa básica “não ajuda o Banco Central”. Para ela, somente o BC deveria falar sobre política monetária. “Se houvesse autonomia formal do Banco Central, o regime de metas de inflação estaria mais blindado”, acrescentou.
Para o professor de economia da Universidade de Brasília (UnB) Newton Ferreira Marques, a decisão do Copom surpreendeu porque o BC ainda enfrenta o desafio de fazer com que a sociedade suporte reajustes de preços e de salários. “A redução da taxa básica de juros foi uma grande surpresa. Agradável para uns e decepcionante para outros que não esperavam que o Banco Central pudesse reduzir a taxa básica de juros em um momento em que a inflação ainda está elevada”, disse Marques, em entrevista à Rádio Nacional.
A professora de economia da Fundação Getulio Vargas (FGV) Virene Matesco considera que decisão do Copom “não foi de todo ruim”.
Ela destaca que há expectativa de desaceleração da atividade econômica mundial e de “esfriamento” da inflação no país. “A redução dos juros irá aliviar as contas públicas, porque o serviço da dívida diminui”, acrescentou.
Ontem, o Copom surpreendeu o mercado financeiro que esperava por manutenção da taxa Selic em 12,50% ao ano. Ao contrário das notas sucintas, tradicionalmente divulgadas ao término de cada reunião, o Copom divulgou uma nota extensa para justificar a redução da Selic. A crise econômica internacional foi um dos principais motivos que levaram à queda na taxa. O Copom também citou o ajuste fiscal previsto e a expectativa de menor inflação no país.
Brasília - A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) de reduzir a taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual para 12% ao ano foi prematura, na avaliação da economista-sênior para a América Latina do RBS Global Bank, Zeina Latif.
Segundo a economista, o crescimento do mercado de trabalho e os aumentos salariais ainda geram riscos para a inflação. Além disso, na avaliação de Zeina, a decisão do governo de aumentar o superávit primário, economia feita para o pagamento de juros da dívida, não deveria ser um argumento suficiente para o BC reduzir os juros básicos. Ela enfatizou que o governo não anunciou corte de gastos, mas apenas uma reserva de receitas, com desaceleração de despesas.
Para 2012, Zeina destaca o aumento de despesas previstas na proposta orçamentária entregue ontem (31) pelo governo ao Congresso Nacional. A economista também avalia que o cenário externo ainda é muito incerto.
Mesmo com as pressões por juros básicos mais baixos no país, Zeina considera que, para se ter uma Selic menor, é preciso reduzir primeiramente a inflação. “O risco inflacionário é elevado e isso impõe limites para a queda dos juros”, ressaltou. “É muito importante preservar o regime de metas para ter juros mais baixos no futuro”, acrescentou.
Zeina também afirmou que o discurso de membros do governo como o do ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o da presidenta Dilma Rousseff, de pedir queda na taxa básica “não ajuda o Banco Central”. Para ela, somente o BC deveria falar sobre política monetária. “Se houvesse autonomia formal do Banco Central, o regime de metas de inflação estaria mais blindado”, acrescentou.
Para o professor de economia da Universidade de Brasília (UnB) Newton Ferreira Marques, a decisão do Copom surpreendeu porque o BC ainda enfrenta o desafio de fazer com que a sociedade suporte reajustes de preços e de salários. “A redução da taxa básica de juros foi uma grande surpresa. Agradável para uns e decepcionante para outros que não esperavam que o Banco Central pudesse reduzir a taxa básica de juros em um momento em que a inflação ainda está elevada”, disse Marques, em entrevista à Rádio Nacional.
A professora de economia da Fundação Getulio Vargas (FGV) Virene Matesco considera que decisão do Copom “não foi de todo ruim”.
Ela destaca que há expectativa de desaceleração da atividade econômica mundial e de “esfriamento” da inflação no país. “A redução dos juros irá aliviar as contas públicas, porque o serviço da dívida diminui”, acrescentou.
Ontem, o Copom surpreendeu o mercado financeiro que esperava por manutenção da taxa Selic em 12,50% ao ano. Ao contrário das notas sucintas, tradicionalmente divulgadas ao término de cada reunião, o Copom divulgou uma nota extensa para justificar a redução da Selic. A crise econômica internacional foi um dos principais motivos que levaram à queda na taxa. O Copom também citou o ajuste fiscal previsto e a expectativa de menor inflação no país.