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BCE compra ativos e anima emergentes

Apesar da tendência do apetite por risco e consequente valorização das moedas e renda variável de emergentes, os impactos para o Brasil devem ser pequenos

Baixa nos juros de longo prazo beneficia os emergentes com a elevada liquidez, enquanto a economia global se recupera (Nathan Congleton via Photopin)
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Da Redação

Publicado em 5 de setembro de 2014 às 09h05.

São Paulo - O Banco Central Europeu ( BCE ) animou os mercados emergentes na quinta-feira, 04, ao anunciar um programa de compras de ativos, justamente quando o Federal Reserve se prepara para ir em direção contrária, encerrando sua mais recente rodada de relaxamento quantitativo.

Apesar da tendência de aumento pelo apetite por risco e consequente valorização das moedas e renda variável de emergentes, os impactos para o Brasil devem ser pequenos, segundo analistas.

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O economista Affonso Celso Pastore não vê impactos significativos das medidas do BCE para o Brasil. Para ele, a liquidez que essa decisão vai gerar nos mercados internacionais é metade do que a proporcionada por outros países, principalmente Estados Unidos, e não vê grandes fluxos de recursos aos emergentes em função da redução do juro na Europa.

Além disso, o economista lembra que não ficou claro qual será o volume de recursos que o BCE vai usar para destravar o crédito na zona do euro.

Baixa nos juros

O estrategista-chefe da Fator Corretora, Paulo Gala, acha que a decisão do BCE pode ajudar a manter o ambiente de excesso de recursos no mercado internacional.

"De um modo geral, isso coloca uma pressão de baixa nos juros (de longo prazo) lá fora, o que favorece a manutenção da superliquidez global e contrabalança o movimento do banco central norte-americano (que está reduzindo os estímulos à sua economia)", diz.

"Os emergentes devem continuar se beneficiando com a elevada liquidez, enquanto a economia global se recupera - apesar de lentamente - o que não é um quadro comum", afirma o economista-chefe da Sul América Investimentos, Newton Camargo Rosa.

Ele ressalta que o programa do BCE começará em outubro, justamente quando o Fed (banco central dos EUA) deve encerrar suas compras mensais de ativos, com um corte final de US$ 15 bilhões. Para Gala, as medidas podem colaborar com uma janela de oportunidade para as emissões de títulos de dívida, pelo menos no curto prazo.

Ações e títulos

Silvio Campos Neto, economista da consultoria Tendências, vê o Brasil no mapa dos possíveis impactados pelo pacote do BCE. "Pode haver uma espécie de vazamento dessa liquidez adicional para ativos como ações e títulos; e aí países que oferecem um retorno mais elevado, como é o caso do Brasil, podem se tornar um potencial destino de parte desses recursos", diz.

No entanto, pondera: "É uma possibilidade, embora não deva ser um movimento tão brusco a ponto de haver mudança grande de panorama".

Analistas lembram que um ponto relevante para a definição da atratividade dos ativos locais para o mercado local e global são as eleições e o norte da política econômica para os próximos anos.

"À medida que aqui a rentabilidade compense o risco, pode haver recursos ingressando no País. Porém, vai depender muito do governo que estiver à frente", diz Antônio Madeira, economista da MCM Consultores.

Incertezas

Tendo em vista as incertezas sobre quando o Fed começará a subir os juros nos EUA (atrair recursos do exterior), Camargo Rosa, da Sul América Investimentos, não crê que as medidas anunciadas serão determinantes para o câmbio brasileiro.

A opinião é partilhada por Gala, da Fator Corretora. Ele diz que a relação do real com o dólar tem estado mais ligada ao programa de intervenções do BC brasileiro e ao noticiário eleitoral.

O professor de economia da Universidade Mackenzie Pedro Raffy Vartanian diz que existe o risco de empoçamento de liquidez dos recursos do BCE, já que os bancos da zona do euro estão receosos em ofertar crédito.

Mesmo assim, ele afirma que há a possibilidade de esses recursos acabarem sendo direcionados para mercados emergentes com retornos atrativos, como aconteceu quando o Fed iniciou suas compras de bônus. Colaboraram Anna Carolina Papp e Josette Goulart.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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