Sem decisão sobre caças, Brasil assina acordo de defesa com EUA
Ministro da Defesa, Nelson Jobim, não fez qualquer menção ao assunto da compra de novos caças para a Força Aérea
Da Redação
Publicado em 12 de abril de 2010 às 21h48.
Washington - Brasil e Estados Unidos assinaram na segunda-feira um acordo de cooperação militar, mas o ministro da Defesa, Nelson Jobim, não fez qualquer menção ao assunto da compra de novos caças para a Força Aérea, um negócio que a norte-americana Boeing disputa.
O acordo, que havia sido anunciado na semana passada, foi assinado no Pentágono por Jobim e pelo secretário de Defesa Robert Gates. É o primeiro acordo desse tipo em mais de 30 anos entre os dois países.
"Este acordo levará a um aprofundamento da cooperação de defesa EUA-Brasil em todos os níveis", disse Gates, que nesta semana viaja à América do Sul. Segundo ele, o novo pacto oferece um "modelo transparente e positivo de envolvimento em todas as Américas".
Um acordo no ano passado com a Colômbia, ampliando a presença militar norte-americana no país, gerou preocupação na região, chegando a ser apontada pelo governo antiamericano da Venezuela como prenúncio de uma invasão por parte dos EUA.
O acordo entre Brasil e EUA não prevê a presença de soldados norte-americanos em quartéis brasileiros. O tratado promove o intercâmbio militar --visitas navais, por exemplo-- e a cooperação "na aquisição de produtos e serviços de defesa", segundo o Pentágono.
O Brasil está em vias de concluir o processo de escolha de 36 novos caças, num valor superior a 4 bilhões de dólares. O negócio pode chegar a envolver mais de cem aviões no futuro.
Autoridades dos EUA dizem que a vitória da Boeing geraria uma aproximação ainda maior entre os militares dos dois países. Mas Brasília dá sinais de que prefere o jato Rafale, da francesa Dassault, em vez do Super Hornet, da Boeing. O Gripen NG, da sueca Saab, também está na disputa.
Jobim confirmou na semana passada a preferência da Aeronáutica pelo Rafale.
Questionado sobre o tema no Pentágono, Jobim sugeriu que a decisão ainda vai levar semanas, pois ele ainda precisará submeter formalmente uma recomendação ao Planalto, que irá então consultar o Conselho Nacional de Defesa.