Cumprimento (ou não) da meta de inflação será definido nos mínimos detalhes
Faltando apenas dois meses para o fim do ano, é impossível afirmar se o BC vai conseguir atingir o objetivo traçado pelo governo
Da Redação
Publicado em 11 de novembro de 2011 às 10h53.
São Paulo – A alta de 0,43% do IPCA em outubro diminuiu as chances de cumprimento da meta de inflação neste ano, cujo teto é de 6,50%. Faltando apenas dois meses para o término do ano, qualquer imprevisto – por menor que seja – pode colocar tudo a perder.
Segundo o IBGE, a inflação oficial acumulada neste ano (de janeiro a outubro) é de 5,43%. Se as projeções da LCA Consultores estiverem corretas, o IPCA de novembro será de 0,55%, o de dezembro chegará a 0,49% e o do ano inteiro fechará em 6,51% – levemente acima da meta.
“Os alimentos costumam ficar mais caros no fim do ano e prevemos impacto na inflação do reajuste dos empregados domésticos e das passagens aéreas”, diz Fábio Romão, economista da LCA.
Do ponto de vista estatístico, 0,01 ponto a mais ou a menos é um mero detalhe, mas as manchetes geradas por um eventual descumprimento da meta terão impacto político relevante. Representará o “fracasso” do Banco Central – algo que não acontece desde 2003 ( veja tabela na próxima página ).
Para o ano que vem, o cenário para a inflação é mais positivo, embora a maioria dos analistas ainda projete IPCA acima do centro da meta (4,50%). A preocupação do governo passou a ser com a atividade econômica, que tende a perder fôlego por causa da crise internacional. Nesse contexto, o BC iniciou recentemente um ciclo de queda dos juros.
Mas, voltando à meta de 2011, há algo que o governo ainda possa fazer para ajudar? Sim, e as medidas já estão sendo tomadas – embora nem sempre as autoridades admitam que o objetivo seja esse.
O adiamento da alta do IPI sobre cigarros, por exemplo, vai nessa linha. A cobrança, que deveria começar em dezembro, teria impacto no IPCA deste ano. Ao adiar para maio, o governo evita que a alta média de 20% nos preços do produto piore o índice oficial de inflação.
No fim de outubro, o governo autorizou a Petrobras a reajustar a gasolina em 10% nas refinarias, mas, para evitar que o preço subisse nos postos, reduziu a cobrança da Cide. O impacto no IPCA passou a ser nulo.
Neste momento, é impossível afirmar se o BC vai conseguir cumprir a meta. A única certeza é que o “sucesso” ou o “fracasso” será definido nos mínimos detalhes.
Ano | Meta | Inflação Efetiva (IPCA) |
---|---|---|
1999 | 8% | 8,94% |
2000 | 6% | 5,97% |
2001 | 4% | 7,67% (estourou o teto) |
2002 | 3,5% | 12,53% (estourou o teto) |
*2003 | 8,5% | 9,30% (estourou o teto) |
*2004 | 5,5% | 7,60% |
2005 | 4,5% | 5,69% |
2006 | 4,5% | 3,14% |
2007 | 4,5% | 4,46% |
2008 | 4,5% | 5,90% |
2009 | 4,5% | 4,31% |
2010 | 4,5% | 5,91% |
2011 | 4,5% | projeção Focus: 6,50% |
2012 | 4,5% | projeção Focus: 5,57% |
* Metas ajustadas para cima
São Paulo – A alta de 0,43% do IPCA em outubro diminuiu as chances de cumprimento da meta de inflação neste ano, cujo teto é de 6,50%. Faltando apenas dois meses para o término do ano, qualquer imprevisto – por menor que seja – pode colocar tudo a perder.
Segundo o IBGE, a inflação oficial acumulada neste ano (de janeiro a outubro) é de 5,43%. Se as projeções da LCA Consultores estiverem corretas, o IPCA de novembro será de 0,55%, o de dezembro chegará a 0,49% e o do ano inteiro fechará em 6,51% – levemente acima da meta.
“Os alimentos costumam ficar mais caros no fim do ano e prevemos impacto na inflação do reajuste dos empregados domésticos e das passagens aéreas”, diz Fábio Romão, economista da LCA.
Do ponto de vista estatístico, 0,01 ponto a mais ou a menos é um mero detalhe, mas as manchetes geradas por um eventual descumprimento da meta terão impacto político relevante. Representará o “fracasso” do Banco Central – algo que não acontece desde 2003 ( veja tabela na próxima página ).
Para o ano que vem, o cenário para a inflação é mais positivo, embora a maioria dos analistas ainda projete IPCA acima do centro da meta (4,50%). A preocupação do governo passou a ser com a atividade econômica, que tende a perder fôlego por causa da crise internacional. Nesse contexto, o BC iniciou recentemente um ciclo de queda dos juros.
Mas, voltando à meta de 2011, há algo que o governo ainda possa fazer para ajudar? Sim, e as medidas já estão sendo tomadas – embora nem sempre as autoridades admitam que o objetivo seja esse.
O adiamento da alta do IPI sobre cigarros, por exemplo, vai nessa linha. A cobrança, que deveria começar em dezembro, teria impacto no IPCA deste ano. Ao adiar para maio, o governo evita que a alta média de 20% nos preços do produto piore o índice oficial de inflação.
No fim de outubro, o governo autorizou a Petrobras a reajustar a gasolina em 10% nas refinarias, mas, para evitar que o preço subisse nos postos, reduziu a cobrança da Cide. O impacto no IPCA passou a ser nulo.
Neste momento, é impossível afirmar se o BC vai conseguir cumprir a meta. A única certeza é que o “sucesso” ou o “fracasso” será definido nos mínimos detalhes.
Ano | Meta | Inflação Efetiva (IPCA) |
---|---|---|
1999 | 8% | 8,94% |
2000 | 6% | 5,97% |
2001 | 4% | 7,67% (estourou o teto) |
2002 | 3,5% | 12,53% (estourou o teto) |
*2003 | 8,5% | 9,30% (estourou o teto) |
*2004 | 5,5% | 7,60% |
2005 | 4,5% | 5,69% |
2006 | 4,5% | 3,14% |
2007 | 4,5% | 4,46% |
2008 | 4,5% | 5,90% |
2009 | 4,5% | 4,31% |
2010 | 4,5% | 5,91% |
2011 | 4,5% | projeção Focus: 6,50% |
2012 | 4,5% | projeção Focus: 5,57% |
* Metas ajustadas para cima