Economia

Crescimento da China registra pior trimestre em três anos

Número marca o sexto período consecutivo no qual o crescimento trimestral do gigante asiático se desacelera

Pequim: o número representa uma desaceleração de cinco décimos em relação à taxa de janeiro-março, de 8,1% (Wikimedia Commons)

Pequim: o número representa uma desaceleração de cinco décimos em relação à taxa de janeiro-março, de 8,1% (Wikimedia Commons)

DR

Da Redação

Publicado em 13 de julho de 2012 às 08h51.

Pequim - Segunda maior economia do mundo, a China confirmou seu arrefecimento ao revelar nesta sexta-feira uma alta de 7,6% do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre de 2012, a taxa mais baixa em três anos, desde o auge da crise financeira mundial.

O número representa uma desaceleração de cinco décimos em relação à taxa de janeiro-março (8,1%) e marca o sexto período consecutivo no qual o crescimento trimestral do gigante asiático se desacelera, segundo os dados publicados nesta sexta-feira - diante de uma grande expectativa dos mercados - pelo Escritório Nacional de Estatísticas (NBS).

'No primeiro semestre de 2012, enfrentamos um meio ambiente econômico complicado e volátil, tanto na China como no exterior', assinalou o porta-voz do NBS, Sheng Laiyun, ao apresentar os números. Ele ressaltou que, apesar de tudo, 'a economia nacional alcançou um desenvolvimento estável e cresceu a um ritmo moderado'.

No primeiro semestre de 2012, o PIB chinês totalizou US$ 3,55 trilhões, um crescimento anualizado de 7,8%, perigosamente próximo à meta mínima que o regime comunista estabeleceu para todo este ano, de 7,5% (enquanto o limite nos anos passados era de 8%).

O porta-voz do NBS pediu, no entanto, que se leve em conta que a China se fixou o objetivo - nas palavras do primeiro-ministro, Wen Jiabao - de conseguir um crescimento 'de qualidade, não de quantidade'. Por isso, segundo ele, os números devem ter no futuro uma importância relativa, sobressaindo, por exemplo, o aumento em investimentos em pesquisa e desenvolvimento.

'Não deveríamos ficar obsessivos demais com um crescimento econômico de 8%', assinalou Sheng em entrevista coletiva.

Nesta mesma semana, o primeiro-ministro alertou que a economia chinesa deve aumentar seus esforços para conseguir um reequilíbrio, já que, em sua opinião, 'a pressão continua sendo muito grande' devido à queda das exportações do Ocidente e outros fatores.

Em 2011, a economia chinesa cresceu 9,2%, embora com altos níveis de inflação e excessivo crescimento de setores, como o imobiliário.

Os números publicados nesta sexta-feira pelo NBS indicam que a economia chinesa, apesar de seguir crescendo rápido para os padrões do Ocidente, o faz a ritmos menores que em anos anteriores.

São taxas que lembram as de 2009, quando o país enfrentava os efeitos negativos da crise financeira mundial, que no caso da China provocou sobretudo uma queda nas exportações, devido à queda de encomendas em mercados como União Europeia (UE) e Estados Unidos.

A situação se repete atualmente para o comércio exterior chinês, ante a crise da dívida na zona do euro e frente à situação do Japão, outro parceiro econômico fundamental, mas que ainda não se recuperou dos desastres naturais de 2011. Mas dessa vez Pequim busca atenuar essa baixa demanda promovendo as vendas às economias emergentes.


As alfândegas chinesas publicaram no dia 10 de julho o indicador das exportações da primeira metade do ano, que chegaram a US$ 1,84 trilhão, um 'discreto' aumento de 8% com relação ao mesmo período de 2011, abaixo de 10% que Pequim estabeleceu para 2012.

O indicador, somado à baixa inflação de junho que também se conheceu nesta semana (2,2%), parece indicar, segundo analistas, que tanto as exportações como o consumo interno, motores fundamentais da economia chinesa, se encontram em um momento de freio da demanda, o que acrescenta pressões a Pequim.

Por isso, o regime comunista mudou neste ano as medidas de contenção de 2011 (naquela época para frear a alta inflação) por políticas de estímulo: reduziu as taxas de juros em duas ocasiões, diminuindo o depósito compulsório dos bancos e injetando liquidez no mercado monetário.

'Já que a inflação se moderou, é preciso haver um relaxamento das políticas para impulsionar o crescimento doméstico e compensar a fraqueza nas exportações', destacou o economista Zhang Liqun, do Centro de Pesquisa para o Desenvolvimento do Conselho de Estado chinês.

Acompanhe tudo sobre:ÁsiaChinaCrescimento econômicoDesenvolvimento econômicoIndicadores econômicosPIB

Mais de Economia

Governo anuncia bloqueio orçamentário de R$ 6 bilhões para cumprir meta fiscal

Black Friday: é melhor comprar pessoalmente ou online?

Taxa de desemprego recua em 7 estados no terceiro trimestre, diz IBGE

China e Brasil: Destaques da cooperação econômica que transformam mercados