Economia

Copom acena com cortes menores na Selic em 2007

Última reunião já mostrou intenção de derrubar taxa em 0,25 ponto percentual, mas dados econômicos não teriam justificado redução do ritmo de flexibilização ainda em 2006

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h06.

Depois de alertar em reuniões anteriores que seria guiado pela "parcimônia", o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central mostrou agora que deve mesmo puxar o freio na flexibilização dos juros da economia. A ata do último encontro do comitê, realizado em 28 e 29 de novembro, indica que o ritmo de queda da taxa Selic tende a ser mais contido em 2007, talvez já a partir da próxima decisão.

Na última reunião do ano do Copom, a Selic foi reduzida em 0,5 ponto percentual, para 13,25% ao ano, em uma repetição do movimento realizado pelos membros do comitê em quatro encontros anteriores. No entanto, desta vez houve dissidência no comitê: três membros votaram por um corte mais conservador, de 0,25 ponto percentual, enquanto cinco optaram pela continuidade do ritmo de flexibilização dos juros.

Segundo a ata, não se chegou a uma unanimidade na hora da votação por conta do "balanço de riscos" à economia - contudo, "a maioria dos membros do Copom ressaltou que as informações disponíveis neste momento ainda não justificariam uma mudança de ritmo, e que seria necessário aguardar a evolução do cenário macroeconômico até a próxima reunião do comitê para, então, reavaliar a conveniência de reduzir a taxa Selic em 0,25 ponto percentual".

O registro da reunião mostra que os riscos ponderados pelo comitê vêm tanto do cenário externo quanto do interno. De fora, pesa a incerteza quanto à economia dos Estados Unidos. "Persistem as dúvidas nos mercados sobre os próximos passos da política monetária norte-americana", diz a ata. "Continua ganhando importância o temor de que o aperto monetária nos EUA possa ter sido excessivo e que, portanto, a economia estado-unidense possa entrar em recessão, com potenciais implicações para a nossa economia." Outro foco de preocupação, já ressaltado nas atas anteriores, é o petróleo. O Copom afirma que há dúvidas sobre a trajetória dos preços da commodity, e grandes oscilações no patamar seriam inexoravelmente transmitidas à economia doméstica.

No cenário doméstico, a expansão da demanda, motivada pela expansão do nível de emprego e da renda, pelo crescimento do crédito, pela expansão das transferências governamentais e por impulsos fiscais, pode pressionar a inflação, na visão do Copom. Diante desse panorama, o comitê voltou a afirmar que a "preservação de importantes conquistas obtidas no combate à inflação e na manutenção do crescimento econômico" "demandará que a partir de um determinado ponto a flexibilização da política monetária passe a ser conduzida com maior parcimônia".

Para Alex Agostini, economista-chefe da Austin Rating, a ata mostra que a primeira reunião do Copom em 2007, marcada para 23 e 24 de janeiro, deve já trazer um corte de 0,25 ponto percentual na Selic. "Esta foi a 12ª redução consecutiva nos juros, a queda mais prolongada na história do Copom. Em algum momento eles vão querer reduzir e até mesmo parar o ritmo para avaliar como a economia está reagindo", diz.

O analista espera que a Selic chegue ao fim de 1007 a 12% ao ano, mesmo nível estimado pelas instituições financeiras consultadas na mais recente pesquisa semanal realizado pelo Banco Central, de 1 de dezembro. Se confirmada a expectativa, os juros acumularão uma queda de apenas 1,25 ponto percentual em 2007, contra uma redução de 4,75 pontos em 2006.

Agostini acredita que, aproximadamente no segundo semestre do próximo ano, o Copom deverá interromper o processo de flexibilização da política monetária, para que seja possível observar as reações da atividade econômica. "Eu penso que a economia ainda não conseguirá sair da letargia e que o Banco Central terá de continuar com os cortes nos juros", diz.

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