Consumo caiu no 1º semestre, diz pesquisa da Fecomércio-RJ
Houve queda de 2% entre os consumidores que disseram pretender adquirir algum produto durável, em comparação ao mesmo período do ano passado
Da Redação
Publicado em 23 de setembro de 2014 às 20h26.
Rio de Janeiro - Pesquisa nacional feita pela Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ), em parceria com o Instituto Ipsos, divulgada hoje (23), no Rio, mostra arrefecimento do consumo no primeiro semestre do ano.
A pesquisa entrevistou mil consumidores em 70 municípios brasileiros.
Houve queda de 2 pontos percentuais entre os consumidores que disseram pretender adquirir algum produto durável, em comparação ao mesmo período do ano passado. O percentual caiu de 16,7% para 14,7%, retornando a níveis de 2011.
A retração do consumo foi acompanhada pela redução da intenção de compra para os próximos três meses e, refletiu no comportamento da Pesquisa Mensal de Comércio do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sendo vista também no resultado do Produto Interno Bruto (PIB) trimestral, disse à Agência Brasil o economista da Fecomércio-RJ, Christian Travassos.
Segundo ele, ocorreu desaceleração da atividade econômica como um todo, e também do consumo.
Isso mostra, no seu entender, que o consumidor está atento ao cenário econômico, ao impacto da inflação e aos juros em elevação. “É um reflexo dessa conjuntura que também verificamos quando analisamos o ímpeto do consumo e a tomada de financiamentos”, avaliou.
De acordo com a pesquisa, recuou o número de brasileiros com algum parcelamento, “em função desse pé no freio”.
A parcela de consumidores que disseram ter algum tipo de parcelamento caiu 4,9 pontos percentuais, passando de 45,1%, no primeiro semestre de 2013, para 40,2% entre janeiro e junho deste ano.
Por outro lado, a sondagem revela que o crédito para pagamento de dívidas cresceu 4,2 pontos percentuais, alcançando 13,6% - maior resultado para a série semestral desde 2010.
Além da inflação mais forte, que refletiu no bolso do consumidor, e dos juros ascendentes, Travassos destacou que o brasileiro sabe que o mercado de trabalho não deverá experimentar o mesmo incremento de períodos anteriores.
“Houve, sem dúvida, uma desaceleração do mercado de trabalho, e [temos] um cenário econômico que alterna ora avanços, ora recuos. A confiança não é a mesma do cenário de 2010/2011”.
Segundo ele, a confiança hoje está mais baixa, tanto para o empresário, como para o consumidor.
Em termos de orçamento do brasileiro, a pesquisa identificou estabilidade em relação aos dados de igual período do ano passado.
Cerca de 30% dos entrevistados - quase um terço do total - sinalizaram que haveria alguma sobra do rendimento após o pagamento das despesas.
Desses, 54,4% disseram que pretendem guardar o dinheiro, revelando elevação de 4,6 pontos percentuais na intenção de poupar, pensando no futuro. Segundo a Fecomércio-RJ, é o maior índice para o indicador, também desde 2010.
“Esse indicador está diretamente relacionado à desaceleração do ímpeto de consumo, ao comportamento mais cauteloso. Quem tem sobra, em um cenário como este, acaba priorizando guardar para uma eventualidade ou para consumir mais à frente”, segundo Christian.
Para 46,9% dos entrevistados, o orçamento familiar é totalmente comprometido com o cumprimento dos compromissos, e 20,9% deles - equivalentes a 98 pesquisados -- afiançaram que falta dinheiro no final do mês. Não têm como economizar.