Economia

Congelamento da Selic já não é aposta unânime

Para inibir a provável alta da inflação nos próximos meses, analistas;apontam para;a possível necessidade de;um aperto monetário;maior;que o implementado até o momento

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h59.

A manutenção da taxa básica de juros da economia não é mais vista pelo mercado como certa. Na mesa do colegiado que decide todos os meses a dose de aperto monetário, os cenários são muitos, e alguns apontam más notícias. O petróleo preocupa e pode desmontar uma premissa básica adotada pelo Banco Central (BC): nenhum aumento de gasolina acontecerá em 2005. Mais recentemente, o desempenho financeiro negativo de gigantes americanas como a General Motors e a Ford entrou na contabilidade, porque assusta investidores e aumenta a aversão ao risco. O susto compensa a relativa serenidade da ata do Fomc, o equivalente americano ao Comitê de Política Monetária (Copom) brasileiro, que parece fiel ao projeto de elevar lentamente os juros nos Estados Unidos. A teimosia da inflação corrente por aqui não era esperada e pode contaminar 2006. Mas as exportações e o saldo comercial continuam muito bem, algo completamente inesperado.

Com essas e mais uma infinidade de variáveis, até os profissionais que acompanham minuciosamente cada gesto e aceno do BC parecem atordoados. "A incerteza sobre a decisão do Copom é alta. No nosso entender, há fatores relevantes que podem justificar tanto a interrupção do ciclo de alta dos juros quanto a sua continuação em abril e nos próximos meses", diz análise do Credit Suisse First Boston (CSFB). Em um dos balanços de apostas de economistas de instituições financeiras, quase um terço dos consultados projeta alta da Selic nesta quarta-feira. Neste grupo, 30% chegam a estimar alta de 0,5 ponto percentual.

Entre os cenários negativos na mesa do Copom, talvez o mais incômodo seja a rigidez da inflação corrente. Para o CSFB, a persistência de inflação mensal acima de 0,5% nos próximos meses pode contaminar as expectativas inflacionárias (leia opinião contrária). São justamente essas perspectivas até então positivas que se consagraram como a principal justificativa para o congelamento da taxa básica de juros.

Para interromper a trajetória de alta da inflação e reduzir o risco de deterioração das expectativas para 2006, os analistas sinalizam a necessidade de um aperto monetário maior ao implementado até o momento. "Essa linha de raciocínio pode, inclusive, caminhar na direção da necessidade de apertos monetários adicionais além da reunião do Copom de abril", diz análise do CSFB. Ainda assim, o banco está entre aqueles que continuam prevendo manutenção da Selic em 19,25% ao ano, baseado, entre outros fatores, na maior acomodação da atividade econômica e no saldo comercial favorável.

Esses dois fatores, caminham paralelos à inflação corrente alta e real valorizado. São combinações que os economistas há pouco tempo não imaginavam testemunhar, e só tornam a tarefa do Copom ainda mais complicada (clique aqui para ler a íntegra do último levantamento do BC sobre expectativas do mercado, em formato .pdf).

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