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Compulsório e meta de inflação tomam conta da reunião do CMN

Os analistas de mercado financeiro acreditam que a discussão sobre a necessidade de retomar o crescimento econômico no Brasil pode incluir ao menos duas medidas polêmicas na pauta de discussão da reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) que ocorre hoje: a revisão da meta de inflação para 2004 e a transferência obrigatória para o microcrédito […]

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h51.

Os analistas de mercado financeiro acreditam que a discussão sobre a necessidade de retomar o crescimento econômico no Brasil pode incluir ao menos duas medidas polêmicas na pauta de discussão da reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) que ocorre hoje: a revisão da meta de inflação para 2004 e a transferência obrigatória para o microcrédito de parte do compulsório dos depósitos à vista, hoje em 68% (de cada 100 reais depositados hoje nos bancos, 68 reais ficam retidos pela autoridade monetária e teoricamente poderiam ser direcionados para fomentar o crédito). Ambas decisões se realmente forem ratificada pelo CMN - podem ter um efeito negativo na avaliação de analistas financeiros.

A redução do compulsório já vem sendo ventilada há algumas semanas, mas o mercado teme que, na ânsia por ampliar o crédito, o governo simplesmente obrigue os bancos a transferir os recursos antes direcionados ao compulsório para as operações de crédito às micro empresas. A medida pode vir embutida em um pacote maior de incentivo ao crédito , diz um executivo do mercado. Mas crédito contingenciado via compulsório não leva ninguém a lugar nenhum: seria uma medida intervencionista, de reduzido efeito prático.

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Entre as medidas aguardadas e encaradas como benéficas está liberação da cobrança de parcelas de financiamentos através do débito em conta de salário hoje restrita. A alternativa reduziria o risco de inadimplência, uma das causas dos altos juros cobrados nas operações de crédito para pessoa física e para empresas de menor porte. Também se aguarda que o governo discuta a criação de linhas de crédito especiais, que seriam liberadas pelos bancos públicos, como Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal, com reduzido spread (diferença entre o valor que o banco paga para captar o dinheiro e cobra para emprestá-lo aos clientes). Analistas esperam também que o CMN avalie regras para a expansão do crédito para a agricultura familiar.

A discussão da meta de inflação, por sua vez, pode representar um desafio à imagem que o novo governo vem construindo. O CMN deve fixar a meta para 2005. Alguns acreditam que pode avaliar também a revisão da meta do próximo ano o que não seria bem recebido. Qualquer mudança na meta de inflação pode alterar - e muito - as expectativas em relação à política econômica do governo , diz Alessandra Ribeiro, analista da Tendências Consultoria Integrada.

A posição, quase consensual no mercado, é que o governo deveria manter a meta atual para 2004, ajustada em 5,5%, com 2,5 pontos percentuais de tolerância para mais ou para menos. Para este ano, a meta ajustada é de 8,5%. Se o governo rever a meta de 2004 para cima, vai parecer que houve um afrouxamento do combate a inflação , diz Sérgio Machado, diretor de tesouraria do Fator Dória Atherino. Se rever para baixo, vai criar para si mesmo um problema político, porque todo mundo vai pensar em arrocho e recessão.

Em boletim divulgado ao mercado, o BBV Banco procurou sintetizar o dilema do mento: O que fere menos a credibilidade do Banco Central? , questiona o texto. A escolha de metas rígidas inalcançáveis somente para reforçar o firme compromisso antiinflacionário do governo ou metas de queda da inflação um pouco mais frouxas perfeitamente alcançáveis que podem trazer dúvidas sobre a efetiva determinação da autoridade monetária no combate à inflação? O boletim do banco dá parte da resposta: Tudo o que não pode acontecer no Brasil nesta fase de criação das bases para um crescimento sustentado no longo prazo é ficar sem âncora, ou ficar com uma âncora que não vale nada, que não estabiliza, que não converge expectativas.

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