Economia

Como Obama e Romney podem mexer com a economia brasileira

Especialistas opinam sobre como as ideias dos candidatos e partidos em três questões econômicas principais poderiam influenciar o Brasil


	 

	Barack Obama x Mitt Romney: eleição nos Estados Unidos pode influenciar economia brasileira
 (AFP/Montagem de EXAME.com)

  Barack Obama x Mitt Romney: eleição nos Estados Unidos pode influenciar economia brasileira (AFP/Montagem de EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 2 de outubro de 2012 às 10h16.

São Paulo - Em meio a uma lenta recuperação da economia americana, a questão econômica se torna um dos principais temas nas eleições dos Estados Unidos. De um lado está o democrata Barack Obama, que assumiu a presidência do país em janeiro de 2009 após o estouro da crise. De outro, está Mitt Romney, do partido Republicano, o mesmo de George W. Bush, que era presidente em 2008, durante o início dos problemas econômicos.

“Na época da eleição de Bush, a atenção ainda estava dividida com questões externas, por conta da guerra no Afeganistão. Hoje, com a situação econômica, os debates são muito voltados para problemas internos”, diz Leandro Consentino, professor assistente de sociologia e política do Insper.

Mesmo o ponto central do debate sendo a economia interna dos Estados Unidos, as propostas e postura econômica de cada um dos partidos podem influenciar, ainda que indiretamente, a economia brasileira. Não é possível afirmar com certeza como Brasil será afetado no caso de reeleição de Obama ou eleição de Romney, já que as decisões econômicas dependem muito do andar da crise. É possível, porém, ter uma boa ideia do que cada um deles pode fazer e como ficamos nessa história.

Confira abaixo opiniões sobre como as ideias defendidas por cada um dos lados americanos em três assuntos cruciais pode influenciar a economia brasileira.

“Tsunami monetário”

Com ou sem Obama, medidas de estímulo à economia que causam o que a presidente Dilma Rousseff já chamou de “tsunami monetário” devem continuar. 

O Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos (que é independente do governo), lançou em meados de setembro mais uma medida de afrouxamento monetário, o QE3.


O ato rendeu criticas da campanha de Romney, que por meio de Lanhee Chen, conselheiro econômico do político, lançou uma nota dizendo que o anúncio era sinal de que a política econômica de Barack Obama não estava sendo efetiva.

Mesmo com Mitt Romney na presidência, porém, a expectativa é que medidas como essas continuem acontecendo. “Romney criticou (a ação do Fed) porque faz parte do jogo político. Mas o BC é independente e não mudaria só por conta disso”, pondera Rodrigo Zeidan, professor de economia e finanças da Fundação Dom Cabral.

Outra medida que o BC americano poderia tomar para estimular a economia num cenário como o atual é derrubar juros. Porém, nos Estados Unidos, a taxa já está muito baixa, o que diminui as armas disponíveis contra a crise.

Estímulos x gastos controlados

No mundo todo, existe um debate sobre a melhor maneira de evitar uma desaceleração ou recessão econômica. De um lado, estão os que acreditam que a melhor opção é estimular investimentos. De outro, os que preferem conter gastos e aplicar medidas de austeridade.

Nos Estados Unidos, cada um dos partidos tem uma opinião. O partido Democrata - como Barack Obama mostra em suas ações e propostas - prefere aplicar na economia com estímulos. “No curto prazo, é possível que a maior propensão a dar estímulos do Obama possa ser mais favorável para a economia mundial e para o Brasil em 2013”, diz Celso Toledo, diretor de macroeconomia da consultoria LCA.

Além disso, as medidas de incentivo podem render ações econômicas no Brasil de maneira indireta. “Tendemos a responder esse tipo de medida com protecionismo, com medidas fiscais, tributárias ou aumento de burocracia”, avalia Diogo Costa, professor de relações internacionais do Ibmec. 


Prova disso é que recentemente, o Brasil foi acusado pelos Estados Unidos de adotar medidas consideradas protecionistas. Na última segunda-feira, 1º de outubro, o Brasil colocou em vigor o aumento do Imposto de Importação para 100 produtos. As alíquotas foram ampliadas para até 25%.

Por outro lado, os Republicanos tendem a ser mais cautelosos com gastos, a não ser na área militar, como lembra Toledo, da LCA. “Há quem diga que a contenção dos investimentos deve-se à incerteza com relação à situação fiscal do país. Assim, o foco em austeridade dos Republicanos pode ser melhor para a economia no longo prazo”, diz.

Acordos comerciais

Tradicionalmente, o partido Republicano nos Estados Unidos tem uma tendência maior a buscar acordos comerciais com outros países, como lembra o professor Leandro Consentino, do Insper.

Não é possível, porém, saber se Romney seguiria essa tendência em caso de eleição, já que existe um assunto maior a ser tratado, que é o combate interno à crise.

Embora exista uma propensão ao protecionismo maior no partido Democrata, Celso Toledo, da LCA, lembra que Romney sido crítico em relação à China, o que dá sinais que o candidato também poderia ser protecionista. 

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