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Como as 20 maiores economias do mundo financiam o caos climático

Países do G20 destinam quatro vezes mais recursos públicos para combustíveis poluidores do que para energias limpas, mostra relatório

Rapaz com venda no olho que diz "caos climático" em protesto contra mudanças climáticas. (Getty Images/Getty Images)

Vanessa Barbosa

Publicado em 5 de julho de 2017 às 17h24.

Última atualização em 5 de julho de 2017 às 17h36.

São Paulo - A meta ambiciosa de limitar o aquecimento do planeta a 1,5 graus Celsius (ºC), assumida na histórica reunião da Cúpula do Clima da ONU em dezembro de 2015, berço do Acordo de Paris, foi festejada em todo o mundo, principalmente pelos países pobres, os mais vulneráveis às mudanças climáticas.

Para reduzir as emissões de gases efeito estufa e manter o sistema terrestre numa rota segura, os cientistas dizem que pelo menos 85% das reservas de combustíveis fósseis devem permanecer no solo, inexploradas.

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Acontece que as emissões potenciais de carbono da exploração de todos os campos e minas de gás, carvão e petróleo em operação atualmente já é suficiente para um aumento de mais de 2ºC, até o final do século em relação à era pré-industrial.

Apesar dessa realidade absolutamente desafiadora, os mesmos governos que assinaram o Acordo de Paris, se comprometendo a lutar contra as mudanças climáticas, continuam a promover os combustíveis fósseis, direcionando em média US$ 71,8 bilhões ao ano de seus cofres públicos a projetos de energia suja que podem facilmente colocar o mundo em maus lençóis.

O alerta vem de um relatório divulgado nesta quarta-feira, segundo o qual, todos os anos, as 20 maiores economias do planeta destinam quase quatro vezes mais recursos financeiros públicos para combustíveis fósseis do que para energia limpa. Entre 2013 e 2015 (período coberto pelo estudo) foram US$ 215,3 bilhões que favoreceram petróleo, gás e carvão.

Intitulado " Conversa barata: como os governos do G20 estão financiando as catástrofes climáticas " (tradução livre), o relatório foi elaborado pela Oil Change International, Amigos da Terra dos EUA, Sierra Club e WWF European Policy Office.

Quase dois anos após a assinatura do Acordo de Paris, 50% de todo o dinheiro público do G20 destinado a investimentos em energia vai para a produção de petróleo e gás,  dificultando ainda mais a transição energética mundial tão necessária para o desenvolvimento sustentável.

O relatório detalha o apoio às fontes poluidoras por instituições financeiras públicas como agências de apoio ao desenvolvimento exterior, agências de crédito à exportação, além de bancos de desenvolvimento multilaterais.

Segundo o relatório, apenas 15% desse financiamento energético apoia projetos de energia limpa, enquanto dezenas de bilhões de dólares são canalizados todos os anos para produtores de petróleo, gás e carvão. Para piorar, cerca de US$ 13,5 bilhões são destinados à exploração de reservas ainda mais inseguras de combustíveis fósseis.

Na próxima sexta-feira e no sábado, o G20 se reunirá em Hamburgo para aquela que promete ser uma das cúpulas mais conflituosas desde 2008. O desafio climático será uma das pautas. Só falta resolver as contradições, não é  mesmo? A conferir.

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