Com fim da década, Bill Gates defende mais impostos sobre ricos
Cofundador da Microsoft pede mais impostos sobre imóveis e lucros para que haja maior equivalência em relação ao que é descontado da renda do trabalhador
Ligia Tuon
Publicado em 5 de janeiro de 2020 às 08h00.
Última atualização em 6 de janeiro de 2020 às 11h01.
Bill Gates, cofundador da Microsoft, começou a última década com um patrimônio superior a US$ 50 bilhões e prometendo doar a fortuna para instituições de caridade.
No final da década, Gates havia doado bilhões de dólares para combater a pobreza, melhorar a assistência médica e a educação. Mas a fortuna do empresário mais do que dobrou durante o período, resultado da valorização das ações e de políticas tributárias favoráveis.
Assim, no final da década, a segunda pessoa mais rica do mundo disse que quer que seus colegas bilionários paguem impostos muito mais altos.
Congressistas dos EUA devem fechar brechas, aumentar o imposto sobre imóveis e também a taxa sobre ganhos de capital para que seja equivalente ao imposto sobre a renda do trabalho, escreveu Gates na segunda-feira em um post publicado em um blog. Ele também pediu aos estados e governos locais que tornem os impostos “mais justos” e reiterou seu apoio a um imposto de renda estadual em Washington, onde mora.
“Fui desproporcionalmente recompensado pelo trabalho que fiz - enquanto muitos outros que trabalham tão duro quanto enfrentam dificuldades para sobreviver”, escreveu. “É por isso que sou a favor de um sistema tributário no qual, se você tiver mais dinheiro, paga uma porcentagem maior de impostos. E acho que os ricos devem pagar mais do que atualmente, e isso inclui Melinda e eu.”
Gates, 64 anos, possui patrimônio líquido de US$ 113,7 bilhões, de acordo com o Índice de Bilionários Bloomberg, um ranking com as 500 pessoas mais ricas do mundo.
Em evento em novembro, Gates manifestou cautela em relação ao imposto sobre fortunas proposto pelos candidatos presidenciais Elizabeth Warren e Bernie Sanders. Em seu blog, Gates disse que não se posicionará sobre as várias propostas que estão sendo debatidas durante a campanha presidencial dos EUA.
“Mas acredito que podemos tornar nosso sistema mais justo sem sacrificar o incentivo à inovação”, disse. “Os americanos que estão no topo do 1% podem pagar muito mais antes de parar de trabalhar ou criar empregos. Na década de 1970, quando Paul Allen e eu estávamos iniciando a Microsoft, as taxas marginais eram quase o dobro do imposto atual hoje. Isso não nos desincentivou a construir uma grande empresa.”
(Com a colaboração de Sophie Alexander).