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Cofecon critica Bolsonaro por falar que economistas ferraram o Brasil

"Mais uma postura lamentável de quem já teve tantas outras", diz o texto, que também critica "equipe de ‘Chicago boys’ retrô" do presidente eleito

Afirmações de Jair Bolsonaro causaram repulsa entre economistas (Adriano Machado/Reuters)
CC

Clara Cerioni

Publicado em 21 de novembro de 2018 às 15h13.

Última atualização em 21 de novembro de 2018 às 15h37.

São Paulo - O presidente do Conselho Federal de Economia (Cofecon) repudiou as declarações de Jair Bolsonaro sobre os economistas.

O presidente eleito afirmou, na última segunda-feira (19), em entrevista no Rio de Janeiro, que “quem ferrou com o Brasil foram os economistas, está certo? Mas eu tenho bom senso e sei o que o povo quer na ponta da linha”.

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Em nota divulgada nesta terça-feira (20) no site oficial do Cofecon, o presidente da instituição, Wellington Leonardo da Silva, disse que esta foi "mais uma postura lamentável de quem já teve tantas outras."

Para Wellington, os insucessos da política econômica não devem ser creditado à falta de capacidade teórica dos profissionais brasileiros e sim às escolhas feitas por quem se julgava elite e diz que o novo governo mostra que vai seguir pela mesma linha.

“Mesmo não estranhando que o autor tenha proferido a frase, tendo em vista que ele mesmo já afirmou não ter conhecimento da Ciência Econômica, devo, por dever de ofício, informar que os insucessos das políticas econômicas que os banqueiros, rentistas e conservadores tentam implantar no País devem ser creditados ao modelo econômico equivocado, escolhido por eles em benefício próprio, e seguido pela maioria dos governantes, que em algumas ocasiões entregaram a gestão até a ex-gerentes de bancos. Aliás, tal qual o presidente eleito faz agora, com sua equipe de ‘Chicago boys’ retrô, chefiada por Paulo Guedes, cuja matriz teórica não é mais defendida nem por aqueles que foram seus mestres”, disse Silva.

A equipe econômica de Bolsonaro é formada por economistas que seguem a linha de Guedes como os futuros presidentes do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e ex-ministro da Fazenda do governo Dilma, Joaquim Levy, e do Banco Central, Roberto Campos Neto.

Veja a nota completa:

"Ao tomar conhecimento da afirmação feita à Folha de São Paulo por Jair Bolsonaro de que “Quem ferrou o Brasil foram os economistas”, venho repudiar veementemente sua assertiva.

Mesmo não estranhando que o autor tenha proferido a frase, tendo em vista que ele mesmo já afirmou não ter conhecimento da Ciência Econômica, devo, por dever de ofício, informar que os insucessos das políticas econômicas que os banqueiros, rentistas e conservadores tentam implantar no País devem ser creditados ao modelo econômico equivocado, escolhido por eles em benefício próprio, e seguido pela maioria dos governantes, que em algumas ocasiões entregaram a gestão até a ex-gerentes de bancos.

Aliás, tal qual o presidente eleito faz agora, com sua equipe de “Chicago boys” retrô, chefiada por Paulo Guedes, cuja matriz teórica não é mais defendida nem por aqueles que foram seus mestres.

A situação pela qual o Brasil passa não se deve à falta de capacidade teórica ou de sólidos conhecimentos técnicos por parte dos Economistas brasileiros, mas sim às escolhas feitas por aqueles que se julgam elite, sem merecer a denominação.

Trata-se de mais uma postura lamentável de quem já teve tantas outras.

Wellington Leonardo da Silva

Presidente do Conselho Federal de Economia

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