Economia

CNI reduz previsão para o PIB, com investimentos fracos

Previsão de crescimento foi reduzida para para 3,2 % neste ano, ante 4 % na estimativa anterior


	Consumo: previsão para o crescimento do PIB baixou diante de menores expansões no consumo das famílias, no investimento e na indústria.
 (Chris Hondros/Getty Images)

Consumo: previsão para o crescimento do PIB baixou diante de menores expansões no consumo das famílias, no investimento e na indústria. (Chris Hondros/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 3 de abril de 2013 às 19h13.

Brasília - A Confederação Nacional da Indústria (CNI) reduziu nesta quarta-feira a previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil para 3,2 % neste ano, ante 4 % na estimativa anterior, diante de menores expansões no consumo das famílias, no investimento e na indústria.

A reavaliação das expectativas ocorreu, segundo a CNI, por conta do ambiente mais desafiador do que se apresentava no fim do ano passado. A dificuldade deve-se à lentidão na implementação de medidas do governo e à recente valorização do real frente ao dólar.

Com isso, a CNI previu que o PIB industrial terá expansão de 2,6 % em 2013, ante 4,1 % previstos anteriormente. Já a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), uma medida de investimentos, deverá ter alta de 4 % neste ano, ante 7 % na estimativa feita em dezembro, enquanto que o consumo das famílias crescerá 3,5 %, contra 3,8 %.

"No fim do ano, havia um ambiente mais positivo em relação à rapidez de retomada do investimento. Mas a resposta não está tão forte, sugerindo uma recuperação mais moderada da atividade", afirmou o gerente-executivo da CNI, Flávio Castelo Branco.

A perspectiva da CNI contrasta com a expectativa do governo. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, tem dito que vê um crescimento de cerca de 8 % do investimento neste ano baseado no fato de a Formação Bruta de Capital Fixo cresceu nos últimos três meses do ano passado pela primeira vez após quatro trimestres de recuo, criando um ambiente de maior otimismo.

Mas os dados dos primeiros meses não são muito animadores para a consolidação da retomada da indústria. Em fevereiro, a produção do setor caiu 2,5 %. O desempenho de fevereiro acabou praticamente anulando a expansão de 2,6 % de janeiro, e foi o pior número mensal desde dezembro de 2008. .

Já no lado cambial, o dólar saiu de um patamar acima de 2,05 reais nas últimas semanas do ano passado, chegou a 1,94 em 8 março deste ano e está cotado nos últimos dias no patamar de 2,02 reais.

"A taxa de câmbio vinha numa direção (de maior competitividade) e acabou revertendo. Isso responde por uma menor reação do investimento", disse Castelo Branco.


Apostando na manutenção da Selic 

Apesar de reduzir bastante a estimativa do crescimento da indústria neste ano, a CNI informou em nota que considera haver "sinais de recuperação". "Os estoques estão no nível planejado pelos empresários, o que abre espaço para o aumento de produção nos próximos meses", traz o documento Informe Conjuntural.

Preocupado com o cenário econômico, o governo decidiu no último sábado estender para todo o ano o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) mais baixo para veículos, em mais uma medida para estimular a atividade econômica do país.

Pela última pesquisa Focus do Banco Central, o mercado vê a produção industrial e o PIB crescendo 3,12 e 3,01 % neste ano, respectivamente.

A CNI também elevou a previsão de inflação para 5,7 % ao ano, em linha com o número do Banco Central, e superávit primário de 1,70 % do PIB. Os números anteriores eram de 5,5 e 2,30 %, respectivamente.

Para a entidade, o dólar ficará, na média do ano, em 1,98 real, ante 2,06 real na projeção anterior.

A previsão para o saldo comercial foi diminuída para 11,3 bilhões de dólares em 2013, contra 18,1 bilhões de dólares na estimativa feita em dezembro.

Sobre a Selic, na contramão do mercado financeiro, a CNI calcula que a taxa fechará 2013 em 7,25 % ao ano, mesma projeção de antes.

O gerente-executivo da CNI disse, no entanto, que se o Banco Central decidir elevar o juros, as projeções terão de ser revistas.

"Se houver (alta da Selic), com certeza tem impacto na demanda, no investimento, no consumo das famílias, aumenta o custo fiscal do governo", disse.

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